MAIS ACESSOS PARA A BAIXADA.
Por Abdon C. Marinho.
NO SÁBADO, 21 de setembro, o dever chamou-me a Bequimão. Não gosto de sair aos sábados e domingos, prefiro dedicar-me à leitura, escrita ou ao ócio. Mas, dever é dever e contra os deveres da amizade não qualquer argumento válido.
Quando faço “minhas” próprias viagens sou prevenido e já compro as passagens com antecedência. A demanda que iria atender, de pessoas que estão indo e voltando quase todos os dias da baixada também obedece à lógica de se adquirir passagens para a travessia com muita antecedência para conseguir atravessar.
Foi o que se deu. Na noite anterior fui avisado: — conseguimos “encaixar” teu carro numa passagem que já havíamos adquirido lá atrás, mas tens que ir cedo, chegar bem antes das seis, pois a travessia está complicada com diversos ferry com problemas.
Resultado, tive que dormir cedo e acordar antes das quatro da madrugada. Chegando fui para a fila dos “com passagens” para embarcar no ferry que sairia às 8 horas. Quando cheguei, antes das seis, conforme o combinado, as sete baias dos “sem passagens” e mais a de prioridades estavam lotadas.
A volta foi o mesmo perrengue, só fui conseguir sair, no ferry das 12:30 horas, às 15:30 horas, e assim mesmo dando vivas de alegria, pois a fila de espera no Cujupe, chegava na curva da igreja.
Cada vez mais as pessoas estão viajando pela baixada, seja a negócios, trabalho, lazer, etc. E, cada vez mais constatamos que esse “único” modal de transporte não é suficiente para atender a demanda. Precisamos de novas embarcações, novos píer de atracação.
Aliados a isso, visando o desenvolvimento do turismo na cidade de Alcântara, precisamos também melhorar a travessia, tornando-a mais confortável e segura.
Tanto lá quanto em São Luís, precisamos facilitar o acesso dos turistas, principalmente estrangeiros, aos sítios e prédios históricos. Precisamos instituir então um sistema de pequenas charretes elétricas para levarem esses turistas pelos centros das duas cidades históricas, principalmente aqueles já sejam idosos e/ou com dificuldades de locomoção.
O turismo em Alcântara e em São Luís precisa de intervenções que permitam transformá-lo em uma fonte de receita para esses municípios. A solução é melhorar e tornar mais seguro e confortável o transporte entre as duas cidades. Os turistas que conhecem São Luís já reservam um ou dois dias para conhecerem Alcântara.
Acho que os dois prefeitos precisam se unirem e levarem tal reivindicação para o governo estadual. Ao meu sentir não muito sentido que cidades tão próximas não consigam aproveitar de forma conjunta os potenciais turísticos que possuem.
É certo que muitos turistas que vem a São Luís não desfrutam dos dois centros históricos pelas dificuldades de acesso. Outros, aliás, já descem no aeroporto e de lá mesmo já se deslocam para os municípios de Barreirinhas e Santo Amaro.
Um projeto que favoreça o turismo em todo o estado precisa contemplar a me;horta de acesso aos demais destinos turísticos.
Colocamos Alcântara como exemplo porque é um destino turístico que avistamos da ilha de São Luís mas que as dificuldades de acesso não permitem uma melhor experiência. O transporte direto é deficiente, a chegada lá não é das melhores, desestimulando, a visitação.
O acesso por ferry enfrenta os problemas que são conhecidos de todos, sem conta que depois de se chegar ao Cujupe ainda se tem que rodar cerca de setenta quilômetros até o centro de Alcântara.
O certo é que a baixada não pode contar unicamente com os “modais” de transporte que possui hoje. Esses precisam ser melhorados – e muito –, e outros precisam ser desenvolvidos.
Não faz muito tempo tratei aqui do projeto da translitorâea (rodovia federal ligando a capital do Maranhão a Belém, capital do Pará).
Acho que se trata de um projeto urgente e necessário. Infelizmente, não vejo os políticos dos dois estados sequer falarem do assunto.
À míngua desse desinteresse, o governador Carlos Brandão poderia, definitivamente, escrever seu nome na história, ao encabeçar esse movimento, começando por construir as pontes ligando São Luís a Cajapió, no continente.
Ah, o estado não possui recursos, dirão os pessimistas.
Ora, caso a dificuldade seja essa, faz-se uma parceria público privada, entregando a construção da via a iniciativa privada mediante concessão pelo tempo que julgar viável.
Aqueles que julgarem mais viável fazer a travessia via sistema de ferryboat, farão, os que preferirem ou que seja mais viável fazer o transporte por via rodoviária não se furtarão a pagar o pedágio.
O que entendo ser mais complicado é as pessoas ficarem na dependência por horas e horas do único modal existente.
Conforme já expliquei em textos anteriores, essa rodovia trará desenvolvimento para todos os municípios da faixa do litoral do Maranhão e do Pará, tornando-se um grande corredor de riquezas entre os dois estados.
Acredito que a iniciativa do Estado do Maranhão de viabilizar esse acesso terrestre entre São Luís e a baixada, via Ilha dos Caranguejos, Cajapió, será a mola propulsora para a rodovia sair do papel.
Acredito, ainda, que uma obra de tamanha magnitude terá o condão de impactar e impulsionar diversas cadeias econômicas do estado, principalmente na baixada e litoral.
Claro que uma obra assim precisa ser feita em conformidade com o respeito à natureza garantindo ou minorando os impactos advindos da mesma.
Nesse texto, como nos anteriores, fica a ideia de que é possível um projeto de desenvolvimento sustentável para o Maranhão.
O desafio é a comunhão de ideias para que saiam do papel.
Abdon C. Marinho é advogado.