O CRIME DE MORO.
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- Criado: Sábado, 25 Abril 2020 02:07
- Escrito por Abdon Marinho
O CRIME DE MORO.
Por Abdon Marinho.
Escreverei um textão analisando a saída do agora ex-ministro Sérgio Moro do governo e as suas consequências para politica nacional. Agora, porém, vou me referir apenas ao suposto “crime” cometido por ele na visão do governador Flávio Dino (PCdoB).
Diz sua excelência “Moro, infelizmente, confessa mais uma ilegalidade; pediu pensão ou algo similar pra aceitar um cargo em comissão. Algo nunca antes visto na historia. E tal condição foi aceita? Não posso deixar de registrar o espanto”.
Se ainda fosse de me espantar com as enormidades ditas pelo governador do Maranhão, esta seria uma delas.
No pronunciamento de exoneração do ex-ministro ele diz o seguinte: “Pedi apenas que, já que nós íamos ser firmes contra a criminalidade, especialmente a criminalidade organizada, que é muito poderosa, que se algo me acontecesse, pedi que a minha família não ficasse desamparada sem uma pensão”.
Nas palavras do ministro ao assumir com o presidente da República o compromisso de enfrentar o crime organizado e as diversas organizações criminosas, não importava ele que tivesse de sacrificar a própria e, por conta disso, na contingência de faltar para sua família que o pais, que o governo não a deixasse desamparada.
Qual o pai de família não agiria assim?
Quando os soldados e outros servidores foram tentar debelar o vazamento nuclear na usina de Chernobyl, ainda na antiga União Soviética, em 1986, uma das promessas feitas aquelas pessoas que sacrificavam a própria vida pela humanidade e pela pátria foi que não deixariam as suas famílias no desamparo.
Em diversos outros momentos da história isso aconteceu.
Quando um soldado é chamado para guerra uma promessa dos governos, quaisquer governos, e que o Estado se responsabilizará por sua família na eventualidade dele vir a tombar em combate. É assim desde os primórdios da história.
O pedido do ministro, que o mau-caratismo aponta como crime, longe de sê-lo, é uma virtude. O cidadão abre mão dA sua vida, sua estabilidade funcional e se coloca à disposição da pátria para travar uma guerra e diz que não importa o sacrifício da própria vida desde que o Estado não deixe ao desamparo sua família.
É esse o crime que o governador do Maranhão enxerga e infla seus aduladores a espalhar fakes news nas redes sociais?
Cada vez mais me convenço do acerto das palavras do general Augusto Heleno sobre o governador do Maranhão: “sempre acreditei, pelo passado histórico, que comunistas são seres alienados, sonsos, insensíveis e insensatos. Atitudes como essa confirmam esse perfil”.
Acredito que essa postura só tem como motivação duas coisas: o ciúme e o medo.
Ah, talvez nunca tenha passado por sua cabeça o que seja patriotismo, a ponto de alguém se dispor a colocar a própria vida em sacrifício da pátria.
Até parece que o professor aprendeu direito dentro da caixa.
Abdon Marinho é advogado.