Acessos para o desenvolvimento.
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- Criado: Domingo, 14 Julho 2024 13:58
- Escrito por Abdon Marinho
ACESSOS PARA O DESENVOLVIMENTO.
Por Abdon C. Marinho.
ANUNCIADA por um dos líderes do governo estadual – e acredito que saia –, a recuperação e asfaltamento da estrada de acesso ao Porto de Gabarras, no Município de Anajatuba. A estrada surge como prenúncio de uma possível ponte sobre o Rio Mearim para o Município de São João Batista, na Baixada.
Dizia a matéria que seria um dos passos iniciais para diminuir a dependência do “baixadeiro” do serviço de ferry-boat.
Não tenho dúvida nenhuma que quando implementadas, tanto a estrada quanto a ponte interligando os dois municípios terão grande importância e trarão desenvolvimento principalmente para os dois municípios, que em maior ou menor grau, vivem isolados – hoje só os filhos e as pessoas que têm negócios visitam Anajatuba –, e diminuirá a dependência do “baixadeiro” do serviço de transporte aquaviário.
Mas, ainda assim, o “baixadeiro” que deseja vir para a capital terá que “dá uma volta” indo até Anajatuba e tendo que voltar mais 140 km para chegar ao destino. Ele quer é colocar os “pés” na ilha o quanto antes.
Em todo caso, rogo aDeus que ambos os projetos saiam do papel.
Por outro, conforme já externei aqui, neste site há cinco anos, a obra vital e fundamental para o desenvolvimento de toda a Baixada Maranhense “seria” a interligação entre a Ilha do Maranhão (São Luis) através de pontes ligando a região da Estiva para a Ilha de Tauá-Mirim e, de lá para Ilha dos Caranguejos, pertencente a Cajapió e, de lá, mais uma ponte para a poção continental do estado no mesmo município.
Trata-se de um importante projeto visando interligar as capitais do Maranhão e do Pará por via terrestre levando desenvolvimento e riquezas para toda a região da baixada e litoral ocidental dos dois estados de uma capital a outra.
Foi o então senador Roberto Rocha que me apresentou o projeto da rodovia – na verdade a BR 308 –, cujo traçado ilustra esse texto, ainda em junho de 2019, e que liga, praticamente, todos os municípios da região permitindo o acesso de milhares ou milhões de pessoas às riquezas naturais dos dois estados trazendo desenvolvimento econômico para todos.
Além de trazer rapidez e mobilidade para os deslocamentos entre as duas capitais e permitir o acesso aos municípios litorâneos e da Baixada, quase todos riquíssimos em recursos naturais, essas obras possuem uma vantagem competitiva adicional: deixar livre todo o Golfão Maranhense, do lado da Baía de São Marcos, para os empreendimentos portuários.
Os custos de pontes e/ou pontilhões sobre o Mearim e, também, para alcançar Tauá-Mirim nem se comparam aos custos de construção de uma ponte sobre a Baía de São Marcos, e sem os inconvenientes que essa traria e dos anos que levaria para ficar pronta.
A distância entre Belém e São Luís – e de todos os municípios impactados pela rodovia –, diminuiria sensivelmente.
Até poderíamos imaginar esse acesso para a Baixada se interligando ao Anel Metropolitano, projetado lá atrás e que o governo estadual diz que agora sairá do papel.
Quando o então senador Roberto Rocha me apresentou o “mapa”, salvo melhor juízo, me disse que os projetos estavam sendo feitos ou já estavam prontos, argumentando que não adiantaria se tentar buscar tais recursos sem que os mesmos (projetos) estivessem encaminhados.
Seria o caso das autoridades competentes buscarem o diálogo com o ex-senador para saber dos mesmos.
Já naquela ocasião, há cinco anos, dizia da importância da classe política do estado, senadores, deputados federais e estaduais, além do executivo estadual, se unirem em torno de tal projeto para que os benefícios sejam sentidos já para os próximos anos.
Hoje, até acrescento mais coisas, acho que além da união política do estado em torno dessa importantíssima obra, deveríamos buscar “interlocução” com as bancadas e com o governo paraense para uma ação conjunta dos dois estados.
Esse é um momento importante para esses estados. Ambos possuem importantes interlocutores estratégicos juntos ao governo federal e no Congresso Nacional. Só ministros de estado são quatro: Cidades, Turismo, Esportes e Comunicação. Sem falar na ministra dos povos originários que é maranhense.
Já no próximo ano o Pará vai sediar a COP30, Conferência da ONU para o Clima. Em 2026 será a vez do Brasil sediar a Copa do Mundo da FIFA de Futebol Feminino. Este ano, no Rio de Janeiro, estaremos sediando o encontro do G20.
Todos esses eventos têm potencial para atraírem os olhares do mundo para as potencialidades turísticas do Brasil. O norte e o nordeste não podem ficar apartado desse desenvolvimento.
Urge que iniciemos projetos de infraestrutura para atrairmos os benefícios para os nossos municípios e estados.
Muito embora o Maranhão e o Pará já tenham integrado a mesma Capitania, sinto, hoje, que sabemos muito pouco do estado vizinho e eles menos ainda sobre nós.
Somos irmãos e precisamos trabalhar projetos comuns de desenvolvimento. Vejo a interligação rodoviária entre as duas capitais, via litoral, permitindo um maior fluxo de pessoas e riquezas entre os municípios dos dois estados uma oportunidade única que não podemos desperdiçar, além, claro, de integrar povos que são irmãos.
Até imagino o quanto será positivo para os dois estados e para os municípios do litoral a construção da ponte entre Carutapera e Viseu sobre o Rio Gurupi.
Acontece que obras assim, com tamanha envergadura, ligando municípios e estados do norte do país não são algo que estejam no “radar” do governo federal. São algo que os políticos locais, dos dois estados, precisam se empenhar para conseguirem, deixar o “bairrismo” de lado e de olharem para o próprio umbigo e correrem para conseguirem.
Os deputados estaduais e federais, senadores e demais políticos de ambos os estados precisam “enxergarem” a necessidade de obras públicas dessa magnitude.
Acho de fundamental importância que as assembleias dos dois estados marquem reuniões ou sessões conjuntas para discutirem pautas comuns em diversas áreas, principalmente, essa da interligação dos dois estados e seus municípios, mas, também, as pautas de segurança, turismo, cooperação, educação, etc.
Quando vejo o vazio da discussão política no nosso estado, com as sessões dando lugar as mais diversas manifestações que nada têm a ver com o que, de fato, deveria ser a preocupação dos representantes do povo, me sobra um sentimento de angústia.
Já vi falar em sessão só de “machos” para celebrar o Dia da Família; sessões solenes para homenagear quem nunca nem “pisou” no estado e, até mesmo, para as excelências marcarem lutas livres entre elas, enquanto passa “em branco” temas tão relevantes para o desenvolvimento do estado e de interesse dos pagadores de impostos – como esse abordado no presente texto.
E temos diversos outros, como planos de desenvolvimento para as diversas regiões; planos para o desenvolvimento industrial de médias cidades; planos para alcançar níveis melhores na educação, na saúde, no turismo e tantos outros.
Para tudo isso é necessário que os representantes do povo, os designados pelos cidadãos, utilizem os talentos que certamente possuem, pois como dizia meu velho e saudoso pai com sua sabedoria de analfabeto por parte de pai, mãe e parteira: “ — cabeça vazia é oficina do diabo”.
Abdon C. Marinho é advogado.