O GOVERNADOR E O CONDENADO: O CONVESCOTE DO ABSURDO.
O EX-PRESIDENTE Lula resolveu fazer uma peregrinação pelo Nordeste. Segundo dizem, na intenção de ser ovacionado por milhões de brasileiros. As notícias que nos chegam é que, apesar do esforço, o público dos comícios fora de época e em frontal oposição a legislação brasileira, tem sido bem aquém do esperado – ainda a militância paga não tem se mostrado tão empolgada em empunhar as bandeiras partidárias.
O ápice da caravana-comitê do ex-presidente deverá acontecer no Maranhão onde, pelo que noticia a mídia, as autoridades constituídas, deverão promover uma recepção digna de um chefe de Estado, ignorando a condição de condenado pela Justiça do homenageado.
Segundo li, o próprio governador vestirá a camiseta encardida dos tempos de militante e participará do atropelo à legislação eleitoral fazendo-se presente ao comício do ex-presidente na Praça D. Pedro II, em frente à Matriz da Sé, conforme informa os convites distribuídos pela militância.
Não satisfeito – ainda segundo informações da mídia e não desmentida –, o governador Flávio Dino receberá o ex-presidente (e sua troupe) para um jantar no Palácio dos Leões.
Não sei se me causa mais perplexidade o fato do governador render-se a uma programação política fora de época ou o fato de nenhum – dentre seus milhares de assessores –, enxergarem e o avisarem do desatino da empreitada.
Vejam: será que alguém tem dúvidas de que o senhor Lula anda na verdade antecipando o pleito eleitoral de 2018, lançando-se candidato por onde passa?
Ora, é bem provável até que não saia candidato (sob os motivos mais diversos) inclusive, por conta da sentença penal onde foi condenado a nove anos e seis meses de cadeia, caso seja confirmada em segunda instância.
Já o senhor Flávio Dino – a não ser que o imponderável ocorra –, será, sim, candidato. Ë de perguntar-se vai municiar os adversários participando de comícios eleitorais antes da hora permitida pela legislação eleitoral?
Ao que parece, não se deram conta da lei ou a questão legal pouco preocupa aos atuais inquilinos do poder no Maranhão. Entretanto, apesar disso, não devem perder de vista o fato de que não estão sozinhos no mundo. Existe um Ministério Público Eleitoral que talvez não concorde com um comício à vistas de todos em pleno berço da capital.
Mas isso, talvez nem seja o mais grave.
O que acho verdadeiramente ofensivo aos cidadãos de bem do Maranhão é o governador do estado – ainda, segundo dizem –, promover um “rega-bofe” nas dependências do Palácio a um cidadão cujo o status é: condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. E mais, que responde a outros cinco outros procedimentos criminais por maltrato ao patrimônio público, nos anos em que foi presidente e nos seguintes.
Sinceramente torço para que a mídia que divulgou isso esteja errada.
Digo isso pelo bem do próprio governador.
Não é, sob qualquer aspecto, aceitável que o governador receba e promova um banquete – ainda que na ala residencial – a um cidadão condenado pela Justiça e que com ele confraternize.
Já seria absurdo que fizesse isso numa churrascaria de beira de estrada com cada um pagando sua conta, imagine promover um convescote como este – e para quem – nas dependências do palácio do governo e custeado pelo contribuinte.
Pois é, a mídia tem dito isso e, repito, não vejo ninguém do governo do Maranhão desmentir. Será que acham razoável os cidadãos maranhenses, cuja a maioria (ou ainda que fosse a minoria ínfima) pague o banquete oferecido ao candidato/condenado?
Ainda que cada um levasse a sua “quentinha”, não vejo sentido que se use as dependências do palácio para tal atividade de cunho puramente político eleitoral.
O palácio – e toda sua estrutura – só deve usado para atender ao interesse público, reuniões e recepções de cunho institucional e não para o deleite privado, muito menos de condenados pela Justiça.
Como quem avisa amigo é, a se confirmar o tal convescote, estaremos bem próximo do que a lei tipifica como improbidade administrativa.
A ousadia, caso aconteça, talvez esteja pautada no sentimento equivocado, de longas datas, de que na província, nem mesmo a lei alcança os donatários do poder. Confiam na leniência do Ministério Público Estadual? Quem nenhum promotor terá a audácia de importuná-los pelo acinte?
O que mídia estadual vem noticiando sobre a presença do candidato/condenado Lula no Maranhão e a programação ensaiada pelas autoridades não é apenas inadequada é algo, repito, que se aproxima muito das tipificações penais e das contidas na legislação extravagante, como a lei de improbidade administrativa.
Apenas para efeitos de comparação, quando o senhor José Dirceu, ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil deste mesmo senhor Lula, aqui esteve, já condenado no escândalo do “mensalão” – a mídia noticiou e escrevi praticamente as mesmas coisas que escrevo agora –, a governadora e então princesa-herdeira da capitania do Maranhão, deu um jeito de receber o condenado noutro lugar – acho que na sua casa –, longe, portanto, da sede do governo.
Agora temos um governador, eleito sob a bandeira do combate irrefreável à corrupção, dar-se ao desfrute de receber um cidadão condenado por tal prática e outras mais, em praça pública (em comício, que fique claro) e depois, com ele adentrar pela porta da frente do palácio e ainda confraternizar nas suas dependências às custas dos contribuintes.
Volto a dizer, quero acreditar que isso não seja verdade.
Embora a imprensa tenha noticiado o uso das dependências do palácio como comitê eleitoral por certos candidatos, o convescote que agora noticiam me parece um pouco demais.
Além do mais, para nós, maranhenses, o senhor Lula tem é uma dívida impagável, inclusive de sangue. Tem suas nove digitais em todo “engendramento” que culminou com a cassação do ex-governador Jackson Lago e que depois o levou a morte. Desde que chegou ao poder em 2002 aliou-se com grupo politico do senador Sarney indiferente a todos os homens e mulheres que se “mataram" fazendo suas campanhas.
Agora, que está tudo misturado, talvez não percebam, mas o senhor Lula sempre foi grave entrave as causas dos cidadãos de bem do Maranhão, sobretudo, depois que chegou ao poder.
Só falta a militância e as lideranças que cresceram e floresceram graças ao ex-governador estarem na praça e no palácio rendendo homenagens ao seu algoz.
Até concordo que o cidadão e militante Flávio Dino discorde da sentença atribuída pela Justiça de Primeira Instância ao ex-presidente. E ele, de fato, discorda, deixando isso claro publicamente, inclusive dizendo que a mesma continha um triplex de equívocos.
Bem, isso é uma coisa. Outra coisa, bem diferente, quero acreditar, é o governador do estado participar de comício eleitoral e de louvação ao condenado e depois levá-lo para jantar, no palácio (frise-se) às custas dos contribuintes maranhenses.
Sempre achei que o governador se ressentia de solidão. Quando leio na mídia coisas como estas, tenho meu sentimento reforçado.
Não aparece entre tantos milhares de assessores, uma viva alma a dizer que o comício, o convescote, não apenas são inadequados, mas são algo que, se não o são, flerta bem de pertinho com o crime e a improbidade?
Infelizmente, parece que não. As atitudes mostram isso. Basta comparar!