AbdonMarinho - Educar é despertar sonhos.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quarta-​feira, 22 de Janeiro de 2025



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Edu­car é des­per­tar sonhos.


Educar é des­per­tar sonhos.

Por Abdon C. Marinho.

DURANTE minha última incursão pela Baix­ada com Max Harley, José André e Ali­son Fer­nando – quando fomos até Caru­ta­pera –, enquanto fazíamos o longo per­curso apre­ciando uma inusi­tada pais­agem de cam­pos desér­ti­cos em pleno dezem­bro, comen­tava sobre uma das ima­gens mais inspi­rado­ras que tomei con­hec­i­mento nos últi­mos tempos.

Falava do trans­porte de uma car­caça de avião que saindo da cap­i­tal do estado iria se trans­for­mar em uma bib­lioteca no inte­rior do estado, mais pre­cisa­mente no Municí­pio de Vargem Grande.

Max que presta serviço de con­tabil­i­dade naquele municí­pio me atal­hou: — ah, doutor, faz muito tempo que seu Car­lin­hos Bar­ros fala sobre isso, que iria trans­for­mar a edu­cação de Vargem Grande e que iria fazer “pousar” um avião por lá.

Tanto eu quanto ele tra­bal­hamos na eleição quando Car­lin­hos Bar­ros elegeu-​se pela primeira vez e, acho que, tam­bém, na segunda, mas ape­nas na parte eleitoral, Max que tra­bal­hou na cam­panha seguiu na gestão ajudando-​os com seus serviços e vas­tos con­hec­i­men­tos. Na última eleição (2024) mais uma vez tra­bal­hamos jun­tos no eleitoral.

Refleti sobre a questão do avião-​biblioteca. Achei extrema­mente curioso tal sen­si­bil­i­dade tenha par­tido não de um edu­cador, mas de um empresário que se encon­tra gestor de municí­pio.

Acom­pan­hando a “odis­seia” do avião rumo ao seu des­tino vi o brilho e olhar de curiosi­dade de cri­anças e até mesmo de adul­tos com tal engenho. Isso que é esplên­dido em se tratando de edu­cação.

O brilho no olhar de uma cri­ança é o ver­dadeiro des­per­tar de son­hos. Esse é o papel do edu­cador: fazer com que as cri­anças e jovens pos­sam des­per­tar os son­hos que cada um traz con­sigo e que muitas das vezes, pelas difi­cul­dades que car­regam por toda vida, sequer são des­per­ta­dos. Mor­rem com elas sem jamais virarem realidades.

O Municí­pio de Vargem Grande, nos últi­mos anos, operou uma ver­dadeira rev­olução na edu­cação com indi­cadores jamais vis­tos ante­ri­or­mente se tor­nando uma refer­ên­cia nessa área.

Mas, a despeito disso – que deve­mos con­sid­erar muito –, out­ros gestores, tam­bém, mel­ho­raram seus indi­cadores, talvez, não tanto quanto Vargem Grande, mas, mel­ho­raram.

A ideia do avião-​biblioteca vai além disso, vai além do indi­cadores porque sig­nifica des­per­tar son­hos e isso não pode ser quan­tifi­cado em números.

E, por isso mesmo, é curioso que tal com­preen­são e sen­si­bil­i­dade tenha par­tido de um empresário que até então não tinha con­hec­i­mento desse seu “olhar” pela edu­cação.

Digo isso com con­hec­i­mento de causa.

Há alguns anos tenho ten­tado con­cil­iar minha ativi­dade jurídica com a de empresário do setor edu­ca­cional tendo, inclu­sive, uma par­tic­i­pação em empresa que desen­volve pro­je­tos educa­tivos.

Essa empresa, a AME Mais Edu­cação é uma EDUTEC que tem por meta alfa­bet­i­za­ção das cri­anças do Brasil até o oitavo ano de vida em pelo menos duas lín­guas: por­tuguês e inglês através do pro­jeto Cidade Bilíngue.

A empresa pos­sui out­ros pro­je­tos na área de lín­guas para o ensino médio, público geral, cur­sos dire­ciona­dos ao segui­mento turís­tico, jurídico, médico, etc.

A minha origem cam­ponesa e pobre sem­pre me des­per­tou o inter­esse pela a edu­cação como uma forma efi­caz de desen­volver as poten­cial­i­dades de cri­anças e ado­les­centes e com isso fazer o país crescer. Esse foi um dos motivos que me fez apos­tar em uma empresa que tem esse propósito.

Esse adendo é feito ape­nas para pon­tuar que a edu­cação brasileira ainda é muito desigual, ape­nas para citar um exem­plo den­tro assunto ante­rior, enquanto as cri­anças da rede pri­vada começam a estu­dar lín­gua inglesa no ensino infan­til, na rede pública esse ensino só é obri­gatório a par­tir do sexto ano, são, pelo menos oito anos “rou­ba­dos” dessas cri­anças, que quando são “obri­ga­dos” a estu­darem uma segunda lín­gua encon­tram um mate­r­ial incom­patível com a sua real­i­dade e acabam desistindo, não se inter­es­sando, ou apren­dendo ape­nas o sufi­ciente para “pas­sar” de ano.

Para o estu­dioso do assunto, ex-​ministro, ex-​governador, ex-​senador, Cristo­vam Buar­que, trata-​se de um equívoco, vez que dev­eríamos já alfa­bet­i­zar as cri­anças em dois idiomas – pelo menos.

Pois bem, nessa mis­são que me impus de levar uma edu­cação de qual­i­dade e igual­itária para todas as cri­anças, desde os qua­tro anos ao ensino médio, profis­sional e até para os idosos, tenho me deparado com inúmeras situ­ações curiosas.

Muitos “edu­cadores” ainda se encon­tram pre­sos aos con­ceitos que chamo de edu­cação de “casa grande e sen­zala”.

Quem con­hece um pouquinho de história sabe do que falo. Enquanto os ricos, bem nasci­dos, os sen­horz­in­hos e sin­haz­in­has estu­dam nas mel­hores esco­las as cri­anças pobres recebem uma edu­cação de pés­sima qual­i­dade ou não recebem edu­cação nen­huma.

Isso resta claro nas vezes em que ouvi de secretários de edu­cação ou mesmo de alguns coor­de­nadores pedagógi­cos as seguintes frases: – doutor, como essas cri­anças vão apren­der inglês se não sabem por­tuguês? Ou, esse mate­r­ial é uma “Fer­rari” não vai servir para nos­sas estradas. Ou, os nos­sos pro­fes­sores não vão aceitar mais esse encargo.

Esses são ape­nas alguns exem­p­los dos diver­sos tipos que já encon­trei. As vezes os gestores se inter­es­sam em mel­ho­rar a edu­cação do municí­pio e encon­tram resistên­cias daque­les que por serem “edu­cadores” não dev­e­riam resi­s­tir, ao con­trário dev­e­riam ser os primeiros a cobrarem mel­ho­rias para a edu­cação.

Em muitas situ­ações, infe­liz­mente, aque­les que dev­e­riam explo­rar as poten­cial­i­dades das cri­anças e jovens são os primeiros a “duvi­darem” de suas poten­cial­i­dades.

Muitos fazem isso, pas­mem, por igno­rarem que qual­quer cri­ança, ado­les­cente, jovem ou pes­soa de qual­quer idade é capaz de apren­der.

Muitos fazem isso por como­di­dade: “estou recebendo o ‘meu’ todo mês por que vou querer mais tra­balho?”.

Cos­tumo dizer que com­por­ta­men­tos refratários a ofer­tar o maior número de fer­ra­men­tas pos­síveis de apren­diza­gem as cri­anças e ado­les­centes são “rou­bos” as suas opor­tu­nidades.

Ao negarem que cri­anças, ado­les­centes e jovens ten­ham uma edu­cação de qual­i­dade estão lhes roubando o futuro.

Vejam como é irônico: quem custeia a edu­cação do país são as cri­anças, ado­les­centes, adul­tos e idosos matric­u­la­dos na rede, quando os gestores de tais recur­sos neg­li­gen­ciam suas neces­si­dades estão lhes “roubando”. E, o pior, roubando-​lhes o que se tem mais impor­tante: o futuro.

Quanto vi a história do “avião do CB” (CB de Car­lin­hos Bar­ros) fiquei pen­sando: pô, cara, esse cidadão que é empresário a vida toda, a ponto de nem saber­mos sua profis­são de for­mação é capaz de com­preen­der a neces­si­dade de des­per­tar o sonho de mil­hares de cri­anças, de devolver-​lhes o brilho do olhar, que coisa mar­avil­hosa.

Que lição ele min­is­tra a tan­tos “edu­cadores” incré­du­los.

Isso mostra que nem tudo está per­dido.

Na estrada comen­tava com Max: — isso merece um tex­tão.

Viva a educação!

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.