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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho


O HORROR NO LESTE DA EUROPA É CONTRA A HUMANIDADE.

Por Abdon Marinho.

QUALQUER pessoa com dois ou mais neurônios em funcionamento e com um mínimo de bom senso sabe que a GUERRA provocada pela Rússia contra a Ucrânia é injusta, descabida, cruel, covarde, injustificada e desprovida de qualquer motivo. 

Trata-se de uma guerra, uma invasão que depois se converterá em ocupação ou, na melhor das hipóteses, na instalação de um governo fantoche que aceite se submeter a Moscou.

A guerra de Putin contra o povo ucraniano é uma covardia, uma vez que o poderio militar dos russos é infinitamente superior ao daquela nação. 

Tão superior que as autoridades da Rússia estranham que haja tanta resistência o que coloca em risco a estratégia da ocupação permanente ou a imposição de um governo fantoche. 

A guerra de Putin contra Ucrânia é cruel. Em meio a uma pandemia, em pleno inverno, famílias são separadas, mulheres, idosos, enfermos, deficientes para fugir das tropas russas são obrigadas a andarem quilômetros em busca de refúgio em algum país vizinho. 

A guerra de Putin é descabida porque a Ucrânia não fez nada para ser atacada - e não teria como fazê-lo –, apenas, como nação independente, reconhecida no mundo inteiro, buscou exercer a sua soberania dentro do seu território, fazendo suas alianças com quem acha que deve. 

A guerra da Putin contra contra a Ucrânia, contra os ucranianos é uma guerra contra a humanidade pois parte do pressuposto que uma nação pode promover a invasão e ocupação do território de outrem sem qualquer consequência. 

Os cidadãos do mundo inteiro, inclusive russos – por isso que digo que esta é uma guerra de Putin –, entendem e repudiam o comportamento do líder russo e até cobram dos seus governos medidas mais duras contra ele e contra a Rússia. 

E cobram com razão. Em pleno século XXI, em plena Europa não é admissível que se promova uma guerra de expansão como faziam em outros tempos. 

A resposta tímida dos líderes europeus e americanos á escalada bélica de Putin contra a Ucrânia em muito se assemelhou ao comportamento dos seus antecessores quando Hitler iniciou o seu projeto expansionista pela Europa nos anos trinta. Em nome da paz fizeram concessões que não deviam e acabaram tendo a guerra que temiam do mesmo jeito. 

Foi sentindo essa “covardia” que no mesmo dia em começou a invadir a Ucrânia uma porta-voz do governo russo já lançou ameaças de guerra ou ocupação militar contra a Finlândia e a Suécia. Pois é, até contra a Suécia que todos os anos distribui prêmios aos que se destacam nos vários campos do conhecimento e também aos que destacam na luta pela paz. 

Quem serão os próximos a serem ameaçados? A Polônia (novamente), a Hungria, a Romênia …

Claro que se compreende que se deve sempre buscar todas as alternativas antes de se partir para uma guerra sem vencedores, mas precisa-se entender que a linha que não pode ser cruzada  é a linha de fronteira. 

Uma nação não pode invadir outra, muito menos sem qualquer motivo. 

Foi o que a Rússia fez. 

Os cidadãos do mundo inteiro, nas condições estabelecidas no primeiro parágrafo deste texto entenderam isso. Os protestos mundiais contra a guerra e contra Putin são a prova disso. 

Os cidadãos entendemos que não é possível nos ocultarmos por atrás de uma desculpa qualquer para justificar o injustificável. 

Quase todos os governantes do mundo – apesar dos seus interesses comerciais ou geopolíticos –, apressaram-se em condenar a invasão e guerra intentada pela Rússia contra a Ucrânia. 

As exceções foram o governante da China, que tem interesse em ela própria invadir e ocupar Taiwan e ocupa desde sempre o Tibete; da Bielorrússia, de Cuba e da Venezuela. 

O Brasil, contrariando sua longa tradição diplomática “patina” nesta questão. 

Apesar do embaixador brasileiro ter assinado uma moção de repúdio à invasão da Ucrânia pela Rússia, até hoje o presidente brasileiro não fez o mesmo, limitando-se a dizer que a posição do país é aquela expressada nos organismos internacionais. 

Muito embora veja diversos esbirros defendendo esse posicionamento muitos até justificando o que fez o Putin, trata-se de um dos maiores absurdos diplomáticos em tempos recentes. 

Os interesses do Brasil no cenário global vão muito além de garantir o fertilizante russo para a nossa agricultura, como vi um âncora de um telejornal defender. 

Interesses econômicos não podem e não devem se sobreporem ao imperativo ético-moral de se condenar uma injustificada invasão de uma nação por outra. 

O senhor Bolsonaro não apenas insistiu em visitar a Rússia – e não digo que não o fizesse desde que tivesse o cuidado de aproveitar para visitar a Ucrânia também –, como fez questão dizer que estava solidário aquele país. Tudo isso quando estava claro que a invasão era eminente. Fez mais: vendeu a fake news que impedira “terceira guerra mundial”, confirmada a invasão e a guerra, ganhou o “meme” que impediu a terceira guerra mundial mais esqueceu de “combinar com os russos”. Parafraseando a famosa piada nacional. 

Além de não ter tido o cuidado de visitar e também prestar “solidariedade” a Ucrânia até o momento não condenou a invasão russa. 

O comportamento dúbio do governo brasileiro suscitou um pedido de reunião dos embaixadores de diversos países e até uma ligação do Secretário de Estado Americano ao chanceler brasileiro cobrando posicionamento claro. 

Somente depois disso veio a manifestação no Conselho de Segurança da ONU. 

A mim resta claro que o presidente brasileiro, a despeito de toda a “macheza” que dia sim e no outro também diz possuir, não consegue resistir a um “macho alfa”, antes era adorador de Trump, agora de Putin, a quem chama de amigo. 

Só isso para justificar que contrarie toda tradição diplomática brasileira e até os nossos interesses nacionais e não se manifeste como deveria contra Putin e a invasão russa a Ucrânia. 

Ora, se o governo brasileiro acha “normal” a ponto de não condenar a invasão de uma nação por outra, o que, em tese, impediria que outras nações de arvorasse do direito de invadir o Brasil e tomar a Amazônia? Poderiam alegar, por exemplo, o interesse coletivo mundial a um ambiente saudável e que o Brasil não estaria protegendo a floresta, “um patrimônio de todos”; poderiam alegar, também, a falta de proteção aos povos indígenas e o costumeiro conflito de garimpeiros contra essas populações. 

Não foi com desculpa semelhante que Putin iniciou a invasão da Ucrânia? 

Registre-se que o presidente Bolsonaro não está sozinho na omissão de condenar Putin e Rússia pela injustificada invasão à Ucrânia, o seu principal adversário na disputa deste ano, o ex-presidente Lula, também é outro que covardemente se omite de uma condenação vigorosa a esta guerra sem sentido em pleno século XXI. 

O seu partido, PT, o máximo que fez foi emitir uma nota “chocha” cheia de vaselina que não diz nada com nada do que interessa, sem contar  que a bancada do Senado emitiu nota de apoio a invasão, justificando-a e condenando os Estados Unidos. 

Em meio tragédia humana que atravessamos não deixa de ser engraçado assistir Lula, Bolsonaro e Maduro “pagando pau” para Putin. 

Em meio a tantos absurdos que assisto neste episódio triste, já vi professor de história dizer que a invasão da Rússia “é para proteger os irmãos ucranianos”; vi jornalista dizer que o Brasil não deve dizer nada para “não aumentar o preço do nosso arroz com feijão”, vi até uma deputada que também se diz professora de direito tentar justificar o comportamento dúbio do presidente da República em não condenar a invasão. 

Fiquei com a impressão de que a “constitucionalista” nunca chegou a estudar ou mesmo passar a vista no artigo 4º da nossa Constituição. 

No Brasil também tem disso: constitucionalista que não conhece a Constituição. 

Lá, na Constituição está claro, basta saber ler, verbis: 

“Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político”.

As autoridades do país, principalmente o presidente, que fala em nome do país, só precisaria se manifestar na estrita determinação do artigo acima. Nada além disso. 

Já sabemos o resultado da guerra: o Ucrânia por mais guerreira que seja não terá forças suficientes para resistir ao poderio russo, enfrentado sozinha uma guerra desigual, por isso mesmo os cidadãos de todo mundo deve fazer tudo que puder para repudiar e condenar tal agressão. 

O invasor russo pode ate vencer o conflito pela força das armas, mas nós, cidadãos e cidadãs de todo o mundo podemos derrotá-lo com a força das ideias. 

Abdon Marinho é advogado.