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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

A VERDADE TORTURANTE. 

Passa do razoável a campanha que aliados, funcionários e a bajuladores de plantão dos atuais inquilinos do poder fazem contra os jornalistas William Bonner e Patricia Poeta por conta da entrevista que fizeram com a candidata Dilma. Tudo porque fizeram o que tinha de fazer, jornalismo.

As campanhas que se espalharam pelos veículos de comunicação alugados, podem pesquisar,  têm de tudo: Acusações de vendidos, de capachos, torturadores, etc. Tudo que se imaginar, esses senhores, que também se chamam jornalistas, escreveram e difundiram nos blogues, jornais e redes sociais, contra seus supostos colegas. 

Uma das peças difamatórias apresentava o jornalista como presidente, uma outra dizia que a presidente já enfrentara torturadores piores, um articulista dócil ao governo enxergou um ódio indiscriminado à classe política. 

Conviver com a verdade deve ser uma tortura para os que fazem da mentira um instrumento de poder. 

A entrevista da candidata, feita em seu ambiente, já criaram uma grande vantagem em relação aos seus adversários entrevistados anteriormente e até o que foi entrevistado depois. As perguntas em nenhum momento deixaram de ser de interesse público. O que tem demais se perguntar sobre corrupção a uma candidata que vendeu a idéia que iria faxinar essa praga do nosso meio, demitiu alguns ministros apontados por essa prática e nomeou outros do mesmo prontuário? O que tem demais se indagar sobre o toma lá da cá desta reta final de governo quando até presidiário indicou ministro? O que tem demais se perguntar sobre o eterno \"propinoduto\" do DENIT que torna as obras viárias do Brasil umas das mais caras e de pior qualidade do mundo? O que teria demais se indagar sobre o fato dos atuais inquilinos do poder, quando na oposição, serem os maiores críticos da  política da canalhice, dos negócios escusos, das trocas de favores e agora serem seus mais ardorosos defensores? Pois é, nem perguntaram isso, nem com essa ênfase. 

Não tinha razão, a presidente, para tergiversar sobre esse tema - a menos que não tivesse e não tenha resposta -, a corrupção, no seu governo é uma realidade que se impõe desde o primeiro momento, é denunciada quase que todos os dias, e a ação da gestora é de leniência. Todos que convivem com a política brasileira sabe as conversões que foram feitas para que se formasse o arco de alianças que apóia sua reeleição. 

Menos razão teve quando fugiu da resposta sobre o posicionamento do seu partido com relação a condenação e prisão de seus líderes após julgados pelo STF. A pergunta era bem simples, como ela se sentia diante da posição do partido em tratar como heróis aqueles cidadãos. Além de simples, uma pergunta pertinente. Temos uma presidente da República, mandatária maior da nação, candidata a reeleição por um partido que hostiliza, agride e ataca a Corte maior do país. A pergunta era essa, ninguém indagou sobre a decisão para que ela viesse dizer que, como presidente, não discute decisão de outro poder. 

Os jornalistas fizeram, com a relação aos candidatos, todos eles, foi confronta-los com seus prontos fracos. Mostrar ao povo brasileiro essas verdades que a propaganda oficial e os programas eleitorais tentam mascarar. 

O linchamento que se tenta fazer aos jornalistas vai além do fato da candidata a reeleição e seus aliados não possuírem respostas para essas questões, o que é fato. Nenhum tem nada a dizer sobre isso, por isso mesmo tentam intimidar os profissionais, seja pelo achincalhe na imprensa chapa-branca que sobrevive as custas dos recursos públicos, seja através da própria falsificação das biografias destas pessoas, como fizeram com a jornalista Miriam Leitão, de dentro do próprio Palácio do Planalto. 

Faz tempo que usam desta prática. A falta de respeito com as pessoas é algo que os acompanha desde que subiram ao poder e este as suas cabeças. Trabalham com a idéia de nunca mais deixarem o poder, fazendo o que tenham que fazer, aliando-se até com o satanás, se servir aos seus propósitos. 

Um fato a demonstrar isso, ocorreu logo no primeiro ano do governo Lula. Um grupo de deputados, com serviços prestados ao Brasil, a frente Fernando Gabeira, foram a uma audiência com o Sr. José Dirceu, então, uma espécie de primeiro-ministro do Brasil, tão vaidoso e empavonado, que mudou a legislação para ser o ministro mais importante na hierarquia. Pois bem, esse cidadão, do alto de sua arrogância deu um \"chá-de-cadeira\", tão grande que o deputado Gabeira se cansou de esperar e foi embora. Isso já servia para mostrar o que vinha. Se ele fazia isso com a pessoa que sacrificou a vida no episódio de sequestro do embaixador americano para trocar por prisioneiros, entre os quais o então ministro, o que não faria com os demais mortais. Discuti muito esse episódio com um amigo jornalista já falecido. O que fizeram agora com a Mirian Leitão, outra jornalista que experimentou os horrores da ditadura, falsificando sua biografia para desqualificá-la está em conformidade com as atitudes que tomam desde o começo. O que fazem com os jornalistas que entrevistaram a candidata Dilma em Palácio, portanto, até em situação de vantagem em relação aos demais candidatos, é parte do roteiro de lincharem moralmente todos que contestam, questionam ou que só fazem o seu papel de forma correta, se contraria seu projeto de poder. 

Decerto que se tivessem conseguido criar o tal conselho para regular a mídia, interferir nas pautas jornalísticas, esses e tantos outros que ousam questioná-los seriam proibidos de trabalhar, exercer sua profissão. A eles, como a todos os maníacos pelo poder só servem os que dizem o que eles querem ouvir, os que lhes adulam e lhes tecem loas. A verdade, é o que eles acham que sejam verdade, o resto vira “tortura\". 

O pensamento de pessoas assim, pouco difere do pensamento dos radicais islâmicos que acabam de degolar um jornalista americano. A diferença é que, por aqui, por enquanto, ainda se opera as degolas morais. 

Abdon Marinho é advogado.