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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

ÁGUAS DA VERGONHA. 
A foto que emoldura esse texto foi retirada do blogue do jornalista Gilberto Léda. A matéria diz que um deputado estadual, César Pires e um cidadão chamado Francisco Nagib, que fazem estão de informar entre vírgula inglesa, tratar-se de um pré-candidato a prefeito de Codó, estavam distribuindo água à população do povoado do Km 17, naquele município. 
Em se tratando de Maranhão, poucas coisas me surpreendem, essa notícia foi uma delas. Não que eu ignore que coisas assim aconteçam no estado inteiro, com pré-candidatos querendo se viabilizar eleitoralmente dando algo em troca de possíveis votos. Notícias disso temos todos os dias, as casas dos pretendentes a um mandato a população já busca o socorro para as suas dificuldades e seus vícios. O que me surpreende é que tenham coragem de explorar, inclusive fazendo divulgação, uma necessidade tão primária do nosso povo. Fico angustiado quando vejo um deputado estadual, que até então, tinha em elevada conta, concorde em participar de tamanha sordidez. Uma mal disfarçada compra antecipada de votos, tendo por moeda de troca uma caminhão-tanque de água. Vejam, estavam fazendo festa para um caminhão com água, não se tratou, sequer, de um sistema permanente, mas apenas um caminhão, como a lembrar aos incautos: fiquem do nosso lado que ele volta. 
Vivêssemos em país, um estado sério, o suposto pré-candidato jamais poderia participar das próximas eleições e o deputado seria levado a responder perante a comissão de ética do parlamento e perderia o mandato. Aqui ficará o dito pelo não dito. Tudo esquecido pelas autoridades que deveriam coibir esse e outros tipos de abusos. Mas não esquecido pelos desvalidos que precisam de tudo, até de água para beber. E festejam a dádiva como um favor e não um direito. 
Não era para ser assim. 
Ao deputado, figura de destaque dos governos anteriores jamais ocorreu exigir do governo ou fazer uma proposição solicitando que se levasse água ao povoado, um dos mais antigos do Maranhão. 
O mesmo se diga do empresário, que deve ter ligação com a empresa proprietária do caminhão. Por que nunca pensaram (ele e a empresa) em levar, como contrapartida social, água a comunidade? Por que só agora, quando fazem questão de informar a condição do benemérito? 
Involuntariamente, ambos escreveram mais uma página na nossa coleção de vergonhas. Uma das mais nojentas.

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