AbdonMarinho - SOMOS TODOS HOMO (MAS DILMA NÃO SABE).
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

SOMOS TODOS HOMO (MAS DILMA NÃO SABE).

SOMOS TODOS HOMO (MAS DILMA NÃO SABE).
É ver­dade, somos todos homo, mas antes que tirem con­clusões pre­cip­i­tadas ou inter­prete como ofensa, leia o texto. Não se deve pre­tender con­hecer o livro por sua orelha, não é?
Pois bem, como cos­tuma fazer sem­pre que abre a boca, nossa ilus­tre pres­i­dente da República, tor­tura a lín­gua pátria até não mais poder. Deve sen­tir alguma tara sádica por mal­tratar a lín­gua de Camões.
A última agressão foi sair-​se com um tal de «mul­her sapi­ens». Imag­i­nou a devo­radora de livros do Planalto: se há homo sapi­ens, deve haver a «mul­her sapi­ens», afi­nal deve imperar a tal igual­dade de gênero.
Só fal­tou acres­cen­tar ao pen­sa­mento, se não hou­ver mando uma Medida Pro­visória para o Con­gresso Nacional para que aprove isso, afi­nal, sou a pres­i­denta.
Tal assertiva faz todo sen­tido para quem fez uma uma lei obri­g­ando a flexão da palavra con­forme o gênero, impondo e exigindo que fosse tratada por pres­i­denta. Ou, a que se dirige a pat­uleia tratando-​a por todos e todas. Como se o pronome TODOS – como já expliquei em um texto e o Aurélio desde sem­pre ensi­nou –, não sig­nifi­casse: «Todas as pes­soas; toda a gente; todo o mundo; o mundo inteiro; deus e o mundo, deus e todo mundo, deus e todo o mundo: “Em Por­tu­gal todos falam de tudo” (Luís For­jaz Trigueiros, Ven­tos e Marés, p. 111)».
O mesmo ocorre com o sub­stan­tivo mas­culino HOMO, orig­inário do latim homo e usado na etnolo­gia e na pale­on­tolo­gia, sig­nif­i­cando:
1. Gênero de pri­matas simi­iformes, hom­inídeos, ao qual per­tence o homem.
2. Espé­cie desse gênero, como, p. ex., a Homo habilis, a Homo erec­tus, a Homo sapi­ens. [Os adje­tivos lati­nos habilis (hábil), erec­tus (ereto), sapi­ens (inteligente) des­ig­nam a car­ac­terís­tica que as dis­tingue, que marca o pro­gresso, no tempo, do gênero. À sube­spé­cie Homo sapi­enss­api­ens per­tence o homem atual.]
Como explic­i­tado no dicionário o homo abrange todo gênero de pri­matas simi­iforme, hom­inídeos, sendo que a nossa sube­spé­cie é a homo sapi­enss­api­ens. Pelo menos era assim até o gov­erno da com­pan­heirada e o con­tinua sê-​lo no resto do mundo.
Como não passo de nés­cio, talvez não tenha me dado conta que esteja em curso uma mudança no latim (já ouvi dizer que no Brasil nem o pas­sado é defin­i­tivo), talvez se rein­vente a etnolo­gia, pale­on­tolo­gia, quem sabe, afi­nal, nunca antes na história deste país…
Outro dia ouvi dizer que pre­ten­dem criar ou esta­b­ele­cer uma lín­gua só nossa, o brasileiro, em oposição ao por­tuguês.
Ainda não sei o que pen­sar sobre o assunto, entre­tanto no nosso país andam falando e escrevendo num dialeto tão par­tic­u­lar, que se con­sul­tado, não teria razão para me opor. Prefer­ível isso ao mal­trato diário.
Mas voltando ao último ataque à lín­gua, ainda pátria, no dis­curso em que se mis­turou man­dioca com milho, fico pen­sando se em meio a tan­tos livros que a gov­er­nanta jura ler, não sobrou um dicionário car­co­mido pelo tempo, uma brochura, que fosse, que lhe per­mi­tisse pas­sar os olhos antes de nos brindar com tan­tas tolices.
Importa inda­gar, ainda, se em meio aos mil­hares de asses­sores que o con­tribuinte paga reli­giosa­mente e por imposição, não sobrou nen­hum com cor­agem ou con­hec­i­mento para ori­en­tar sua excelên­cia antes de suas falas.
A pres­i­dente, queiramos ou não, goste­mos ou não, é o retrato da nação. Não é aceitável ou com­preen­sível que ten­hamos de pas­sar por tan­tos vex­ames no cenário inter­na­cional. Será que a ninguém socorre inter­vir no sen­tido de impedir esses con­strang­i­men­tos? Será que é o temor de perder o emprego, a boquinha, con­forme con­fir­mou a maior lid­er­ança do par­tido, o sen­hor Lula? Ou será que é ape­nas o gene da sabu­jice a aflo­rar nos con­tun­dentes aplau­sos a cada tolice?
Se no planalto a ignorân­cia serve de des­cul­pas às agressões, na planí­cie entor­tam o sig­nifi­cado das palavras por esperteza, malan­dragem.
Não faz muito, ouvi, na esteira de diver­sas prisões de mais um escân­dalo nacional, que sobrepreço, que os dicionar­is­tas dizem ser um preço acima do nor­mal, sig­nifica, a menos, para os defen­sores dos encalacra­dos, ape­nas um termo téc­nico; na mesma linha o verbo DESTRUIR tem ape­nas o sen­tido de explicar. Basta dizer que esta acepção ainda não se encon­tra pre­vista em nen­hum dos dicionários con­heci­dos.
Faz todo sen­tido ter­mos uma lín­gua só nossa. Aliás, repito, já a falamos, a escreve­mos, a inter­pre­ta­mos.
Por estas, e tan­tas out­ras, é que digo: já trataram mel­hor a última flor do Lácio, inculta e bela, nas palavras do poeta Olavo Bilac.
Abdon Mar­inho é advogado.