DISCURSO E PRÁTICA.
UM DEBATE tolo assalta os meios de comunicação e mídias sociais: reclamam ferozmente pelo fato do presidente em exercício não ter nomeado nenhuma mulher para o cargo de ministro de Estado.
Segundo os críticos um desrespeito, um absurdo, que o governo anterior era diferente.
Pois é, o governo petista, o partido, seus aliados e aduladores sempre se jactaram da defesa das minorias, mulheres, negros, trabalhadores, respeito às liberdades. Já escrevi algumas vezes provando que tudo isso é balela.
No último dia 12/05, alguns jornalistas que TRABALHAVAM cobrindo a saída da presidente afastada Dilma Rousseff do Palácio do Planalto foram agredidos. Que belo exemplo de respeito aos trabalhadores.
Entre os profissionais agredidos, uma das jornalistas mais sérias deste país: ZILEIDE SILVA, da rede globo.
A jornalista que se fez como profissional por sua competência, foi agredida enquanto TRABALHAVA. Ela, como sabemos é MULHER, é NEGRA, é TRABALHADORA e, se faço as contas direito, ela já está quase na melhor idade. Nada disso lhe valeu diante dos conscientes defensores da democracia que a agrediram. A única coisa que viam era o fato de ser jornalista da rede globo.
Até agora não vi uma nota de protesto dos valentes defensores que reclamam não ter mulheres no ministério do novo governo, uma linha dos valentes defensores dos negros que se esgoelam pelo fato de não ter negros no novo governo, um protesto das centrais sindicais que já protestam contra o novo governo. Um miado dos que dizem ardorosos defensores da liberdade de imprensa e informação se ouviu.
As entidades de jornalistas limitaram-se aos protestos protocolares.
Pois é, tudo discurso. Na prática, na hora de agredirem uma mulher, negra, trabalhadora, o gênero, a cor da pele, o fato de ser trabalhadora pouco importa.
Nem falemos aqui nas famosas mulheres do "grelo duro" ou do polo exportador de veados.