AbdonMarinho - APESAR DE ... O MARANHÃO NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

APE­SAR DE … O MARAN­HÃO NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO.

APESAR DE … O MARAN­HÃO NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO.

Por Abdon Marinho.

EMB­ORA com menos destaque do que o esper­ado, a noti­cia mais impor­tante para o Maran­hão nos últi­mos tem­pos foi a assi­natura da con­cessão de mais um tre­cho da Fer­rovia Norte-​Sul.

A despeito da inér­cia das autori­dades locais – e por vezes até a tor­cida con­trária –, que pouco ou nada fazem, o Maran­hão, parece-​me, “con­de­nado” ao desen­volvi­mento e São Luís, sua cap­i­tal, mais ainda.

A Fer­rovia Norte-​Sul foi pro­je­tada para ser a espinha dor­sal do sis­tema fer­roviário nacional, interli­gando as prin­ci­pais mal­has fer­roviárias das cinco regiões do Brasil.

Essa é uma infor­mação você encon­tra em qual­quer livro de geografia básica.

O tre­cho agora con­ce­dido, quando con­cluído, será sufi­ciente para interli­gar os por­tos de San­tos ao de São Luís (Itaqui) e abrir o Maran­hão para o mundo – e um mundo de pos­si­bil­i­dades.

Quando toda a fer­rovia estiver pronta, com seus mais de 4 mil quilômet­ros o país inteiro, como coste­las, poderá se interli­gar a essa imensa espinha dor­sal trans­portando riquezas pelos por­tos do Norte, Nordeste, Sud­este e Sul do Brasil.

Em artigo pub­li­cado recen­te­mente inti­t­u­lado “A Ilha Cobiçada”, o juiz fed­eral Roberto Veloso, além de traçar uma linha histórica da ilha, desde a fun­dação da França Equinocial por sua priv­i­le­giada prox­im­i­dade a linha do equador, traz-​nos dados inter­es­santes sobre as poten­cial­i­dades da Ilha e do estado que “casam” per­feita­mente com o que esta­mos dizendo aqui.

A prin­ci­pal delas é a neces­si­dade de ampli­ação do Porto do Itaqui que, segundo o arti­c­ulista, pos­sui, ape­nas, cerca de dez por cento da capaci­dade do Porto de San­tos, daí o “con­ges­tion­a­mento” de navios para atracar que assis­ti­mos diariamente.

Ora, só a pro­dução de grãos deste ano alcançou o recorde de mais 240 bil­hões de toneladas em 15 cul­turas difer­entes. Essa pro­dução é trans­portada a altos cus­tos e com per­das sig­ni­fica­ti­vas por rodovias longe de ideais. Esse trans­porte a par­tir da interli­gação das mal­has fer­roviárias poderá, futu­ra­mente, ser feito com menos per­das e barate­ando o custo em relação ao mer­cado inter­na­cional, trazendo mais div­i­den­dos ao país.

Outra coisa que Veloso chama atenção no texto são os bene­fí­cios econômi­cos advin­dos da explo­ração com­er­cial do Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara para toda a região no entorno da ilha – e ouso acres­cen­tar, para todo o estado.

O desen­volvi­mento econômico é bené­fico para todos. E uma coisa já passa da hora de apren­der­mos: não existe desen­volvi­mento social sem que haja desen­volvi­mento econômico.

A ideia de que a humanidade pode alcançar a feli­ci­dade par­til­hando mis­éria já provou infini­tas vezes que não funciona.

Essa com­preen­são foi tor­nada pública por um dos líderes do comu­nismo chinês, Deng Xiaop­ing, há mais de quarenta anos, quando implan­tou as refor­mas econômi­cas na China.

Outro que tam­bém abor­dou a questão das poten­cial­i­dades do Maran­hão – e com inco­mum con­hec­i­mento de causa –, foi o ex-​governador e ex-​ministro José Reinaldo Tavares, em artigo pub­li­cado no Jor­nal Pequeno, edição de 9 de julho de 2019, inti­t­u­lado “A Vale e o Maran­hão”.

No artigo, Tavares aborda, desde os estu­dos que fiz­eram com que a Vale do Rio Doce optasse por fazer o trans­porte do minério de ferro das Ser­ras dos Cara­jás pela Baía de São Mar­cos, o que pos­si­bil­i­tou a empresa se tornar o que é hoje à neces­si­dade de con­tra­partidas ao Maran­hão por parte da empresa, agora, por ocasião da ren­o­vação das con­cessões.

O ex-​governador chama a atenção para o fato da Vale querer ante­ci­par a ren­o­vação de suas con­cessões de suas fer­rovias porque se vencer o prazo terá que par­tic­i­par de novos leilões onde tudo pode acon­te­cer, até perder as con­cessões.

Por força deste inter­esse a empresa tem feito acor­dos com os esta­dos onde atua. Com o Pará, den­tre out­ras coisas, se com­pro­m­e­teu a fazer uma siderur­gia; com Minas Gerais a con­tin­uar investindo forte­mente no estado; com o Espírito Santo, a con­struir uma fer­rovia ao custo de mais de um bil­hão de reais lig­ando o estado ao Rio de Janeiro; e com o gov­erno fed­eral a con­strução da Fer­rovia de Inte­gração do Cen­tro Oeste — FICO, interligando-​a à Fer­rovia Norte-​Sul para o trans­porte da pro­dução daque­les esta­dos. O custo da fer­rovia de 380 km é de 2,4 bil­hões de reais.

O ex-​governador alerta para o muito que a Vale “deve” ao Maran­hão e para a neces­si­dade das autori­dades locais, das forças políti­cas, cobrarem da empresa trata­mento semel­hante ao que vem dando aos demais esta­dos, con­forme abor­dado ante­ri­or­mente.

Vai além, diz que duas coisas, ini­cial­mente, se impõem: 1) que a Vale man­tenha o porto de minério a ser expor­tado na Baía de São Mar­cos, con­forme foi deci­dido, tec­ni­ca­mente, quando da implan­tação do Pro­jeto Cara­jás; 2) a con­strução de uma fer­rovia lig­ando Bal­sas – e a região con­hecida por Matopiba –, a Estre­ito, interli­gando à Fer­rovia Norte-​Sul, obra fun­da­men­tal para o escoa­mento da pro­dução daquela região.

Estou certo que o desen­volvi­mento para o Maran­hão virá. O quanto de desen­volvi­mento e o tempo depen­derá da capaci­dade de artic­u­lação e dis­cern­i­mento das autori­dades.

Falta ao gov­erno do estado um corpo téc­nico com­posto por pes­soas com o nível de con­hec­i­mento e visão de futuro do ex-​governador José Reinaldo Tavares, com autori­dade e con­hec­i­mento para “peitar” autori­dades e empre­sas nego­ciando as mel­hores condições para o estado do Maran­hão.

Essa visão que o fez pro­je­tar e ini­ciar um ambi­cioso pro­jeto de malha viária para o estado que os gov­er­nos pos­te­ri­ores – inclu­sive o atual – não tiveram a capaci­dade de dar con­tinuidade.

Até aqui, com toda esta dis­cussão gan­hando corpo, não temos visto o empenho (ou a com­preen­são) das autori­dades para o que está em jogo: o futuro de pro­gresso e mil­hares de empre­gos já na implan­tação dos pro­je­tos.

Parece-​me que tanto as autori­dades estad­u­ais, quanto as munic­i­pais, não se deram conta da grandiosi­dade dos pro­je­tos que estão em curso.

Não vemos na Assem­bleia Leg­isla­tiva ou Câmara Munic­i­pal – e mesmo no gov­erno ou prefeitura da cap­i­tal –, ninguém dis­cutindo tais assun­tos. É como se não soubessem o que se passa.

Não temos notí­cias, por exem­plo, se a reforma do Plano Dire­tor de São Luís e dos demais municí­pios da ilha con­tem­plam essas pos­si­bil­i­dades futuras.

O próprio gov­er­nador, que dev­e­ria ser o primeiro a olhar os inter­esses do estado, parece não con­seguir enx­er­gar além dos próprios son­hos de “virar” pres­i­dente da República nas próx­i­mas eleições, tendo ante­ci­pado a cam­panha eleitoral em qua­tro anos, pas­sando a maior parte do tempo ocupando-​se do seu “pro­jeto” em detri­mento dos pro­je­tos para o Maran­hão, em um momento ímpar de oportunidades.

Isso quando não ocupa as redes soci­ais e out­ras mídias, dia sim e no outro tam­bém, para fusti­gar o gov­erno fed­eral e o pres­i­dente da República. Parece birra de menino mimado.

Ora, se você é gov­er­nador de um estado, pre­cisa, antes das paixões e pro­je­tos pes­soais, focar nos inter­esses do povo que admin­is­tra e que depende de suas ini­cia­ti­vas.

Agora mesmo, o gov­er­nador de São Paulo esteve na China de lá trazendo inves­ti­men­tos para o seu estado, inclu­sive uma fábrica da gigante de tec­nolo­gia Huawei, já tendo feito diver­sos out­ros acor­dos com out­ros países e/​ou empre­sas.

O mesmo acon­te­cendo com os demais esta­dos com os gov­er­nadores bus­cando inves­ti­men­tos e/​ou recur­sos junto a out­ros países ou junto ao gov­erno fed­eral ou ainda ten­tando influ­en­ciar nas dis­cussões do Con­gresso Nacional na solução dos graves prob­le­mas finan­ceiros que atrav­es­sam seus esta­dos.

O Maran­hão parece ser o único que não pre­cisa de nada disso, razão pela qual o gov­er­nador ache razoável ante­ci­par a cam­panha pres­i­den­cial em qua­tro anos e sair “Brasil afora” em cam­panha e fazendo pros­elit­ismos con­tra o gov­erno fed­eral, arran­jando quizila por tudo que se diga.

Aliás, surpreendeu-​me outro dia, quando li que sua excelên­cia declarara que “até agora” o gov­erno fed­eral não ado­tara nen­huma retal­i­ação ao Maran­hão. Já é uma boa notí­cia, mais uma des­on­esti­dade.

Fosse uma colo­cação hon­esta, o gov­er­nador teria admi­tido que o atual gov­erno já tomou, em sete meses de mandato, mais medi­das favoráveis ao Estado do Maran­hão que os gov­er­nos dos seus ali­a­dos em 13 anos de poder. Os exem­p­los são os referi­dos acima dos quais se desta­cam a fer­rovia e a explo­ração com­er­cial do Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara.

Como dito ante­ri­or­mente, o Maran­hão está na rota do desen­volvi­mento, ape­sar do desin­ter­esse ou falta de con­hec­i­mento das autori­dades locais.

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Abdon Mar­inho é advo­gado.