AbdonMarinho - OSTENTAÇÃO E PODER.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

OSTEN­TAÇÃO E PODER.

OSTENTAÇÃO E PODER.

Suponho que desde 46 A. C., quando, a con­vite de César, Cleopa­tra esteve com sua corte na cidade, e que foi mag­nifi­ca­mente rep­re­sen­tado na película de Joseph L. Mankiewicz, com Eliz­a­beth Tay­lor, no papel título, Roma não assis­tia tanta ostentação de um gov­er­nante quanto assis­tiu com a comi­tiva da pres­i­dente do Brasil em sua última estada naquela cidade. Dizem que eram dezenas de asses­sores, min­istros de estado, trinta suites em um dos mais caros hotéis da cidade, ao custo unitário de U$ 7.000/dia, segundo li foi isso mesmo (sete mil dólares a diária) foram disponi­bi­liza­dos, car­ros ofi­ci­ais, bate­dores e tudo mais se fiz­eram pre­sente, o custo da farra, segundo esti­ma­ti­vas, quase um milhão de reais. Acho que a última rainha de dinas­tia dos Ptolomeus não gas­tou tanto.

Qual era mesmo a razão de tudo isso? Assi­s­tir uma missa. Tudo bem que era a missa inau­gural do novo papa, líder da Igreja Católica, mas vamos com­bi­nar: foi um excesso abu­sivo com o din­heiro do con­tribuinte, esse las­cado que passa, cinco meses por ano para sus­ten­tar o per­dulário estado brasileiro. Ora, se são tão católicos não pode­riam rezar um terço em casa, em cima do milho para ver se con­seguem pur­gar ao menos parte dos seus peca­dos? Pre­cisavam ir a uma missa a esse custo? E com o nosso dinheiro?

Não tem sido difer­ente, nos últi­mos anos. Quanto o Brasil na gasta com essas dezenas de via­gens feitas pelos gov­er­nantes e que nada trás de pos­i­tivo ou de lucra­tivo para o país. Do gov­erno do ante­ces­sor, sabe-​se agora, até a \«amiga íntima\», via­java por nossa conta. E como viajou.

Para os padrões brasileiros os exces­sos da última década só pode se com­parar àquela famosa viagem de Sar­ney a Paris, acho que em 1986, na qual segundo dizem, até os copeiros dos palácios foram, quase trezen­tas pes­soas segundo se divul­gou na época.

Faço essas con­sid­erações, ape­nas para con­statar aquilo que já esta­mos cansa­dos de saber, que os poderosos do Brasil não tem a menor noção de respeito para o seu povo. Outro dia um gov­er­nador fez uma viagem ofi­cial levando a sogra e uns apanigua­dos para fazer tur­ismo às cus­tas da sociedade, outro dia se con­tra­tou uma artista famosa com um cachê nas alturas para a inau­guração de um hos­pi­tal e por aí vai. Os exem­p­los de abuso de poder e de ostentação iguala o país de norte a sul de leste a oeste. As autori­dades, do mais baixo escalão ao mais ele­va­dos tem a predileção para queimar o din­heiro do con­tribuinte. Em todos os poderes as benesses com os recur­sos públi­cos campeiam, são car­ros, com­bustível, servi­dores em excesso e toda sorte de favor com o chapéu alheio.

Mais um exem­plo. Agora mesmo a pres­i­dente criou um min­istério só para aco­modar um par­tido ali­ado, só para isso, nada mais. Ninguém responde por nada, vai ficando tudo por isso mesmo e todo mundo segue achando normal.

Enquanto o país vai afun­dando na orgia per­dulária a educação vai se tor­nando uma das piores do mundo, com doutores saindo da fac­ul­dade, escrevendo você com C cedil­hado, sem saber de cor as qua­tro operações básicas; a saúde tem se tor­nado o inferno nar­rado por Dante, pacientes pas­sando dias e dias, as vezes meses a espera de uma mísera con­sulta, quando o atendi­mento chega, mal dá para sal­var a vida do paciente, isso sem con­tar os que estão nos corre­dores dos hos­pi­tais, gri­tando e chorando de dor. Ontem ouvi na rádio um sen­hor, um cidadão de 76 anos chorando e implo­rando uma cirur­gia para sua sen­hora de 70 anos inter­nada num hos­pi­tal a mais de um mês. Já vi ban­dalha, muitas, mas chorei ao ouvi aquele sen­hor que tanto já pade­ceu, chorando ao vivo por uma coisa tão ele­men­tar e que é seu dire­ito. As obras públi­cas brasileiras, dos esta­dos e dos municípios são as mais caras do mundo. Uma reforma, como aquela do Mara­canã já está con­sumindo 1,300 bi (um bilhão e trezen­tos milhões de reais), essa reforma, pois aquele estádio foi refor­mado a menos de cinco anos para outra com­petição esportiva, por quase 600 milhões; a arena de Brasília está con­sumindo também mais de um bilhão e por aí vão os exem­p­los de des­perdício com o nosso dinheiro.

Gas­tos num evento em que o Brasil terá o papel de Buf­fet, que faz a festa para os out­ros e sem rece­ber nada em troca.

O país gasta fábulas com recur­sos para apare­cer, enquanto o povo não tem o essen­cial e pior que isso está se acos­tu­mando a rece­ber a bolsa-​esmola e não quer mais saber de trabalhar.

Os exem­p­los de des­perdícios vão se acu­mu­lando, por todo o país são obras mau feitas, não entregues, esquele­tos que con­somem milhões e milhões de reais ao longo de anos e não servem de nada para a pop­ulação. Quem lem­bra do pólo de con­fecção de Rosário? Está lá o esqueleto assom­brando quem passa; as rodovias fan­tas­mas, o pro­jeto salangô, etc. O que dizer dos pro­je­tos das refi­nar­ias da Petrobrás, em que só a do Maranhão já con­sumiu 1,5 bi (um bilhão e quin­hen­tos milhões) e está abandonada?

São coisas que não valem sequer a pena lembrar.

O Brasil con­tinua dando mostra de pro­funda ima­turi­dade na forma que ostenta e na forma como joga fora o din­heiro que suamos todos os dias para gan­har. Talvez nos tem­pos anti­gos, nos tem­pos dos poderes abso­lu­tos fosse assim no resto do mundo. Aqui con­tinua como se tempo e os cos­tumes não tivessem mudado, pas­sam os gov­er­nantes e maus cos­tumes con­tin­uam. Não passa. Parece que esta­mos con­de­na­dos por alguma maldição.