AbdonMarinho - Breve raio x do fracasso.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Breve raio x do fracasso.


BREVE RAIO X DO FRACASSO.

Por Abdon Marinho.

Em algum texto já devo ter con­tado o curioso episó­dio que teste­munhei há, aprox­i­mada­mente, uma década, ocor­rido em um dos municí­pios que prestava asses­so­ria. Repe­tirei por ter tudo a ver com o que sucede no pre­sente, no nosso estado.

Certa vez fui con­vi­dado a par­tic­i­par de uma reunião de iní­cio de exer­cí­cio naquele municí­pio que tanto gostei de tra­bal­har, sobre­tudo, pelas amizades que fiz.

A reunião ocor­ria em um salão paro­quial ou clube e já se encon­trava total­mente tomado quando cheguei.

O prefeito que pre­sidia a reunião chamou-​me para tomar assento ao seu lado na mesa e começamos por ouvir os relatórios das real­iza­ções de cada sec­re­taria no ano que pas­sara.

Os secretários iam rela­tando os seus feitos e recebendo os aplau­sos da assistên­cia.

Até que chegou a vez da secretária de assistên­cia social – e esse o relato que até hoje me chama a atenção –, que comu­ni­cou o grande feito de uma gestão no ano ante­rior: graças ao esforço dela e da sua equipe, haviam mais que dobrado, prati­ca­mente, trip­li­cado, o número de ben­efi­ciários do pro­grama “Bolsa-​Família”, no municí­pio.

Quando ter­mi­nou a explanação, de longe, foi a mais aplau­dida, quase um min­uto de aplau­sos vibrantes.

Com meus botões, refle­tia: estariam aplaudindo o fato de tanta gente pre­cisar de um auxílio social para sobre­viver? Não mere­ce­riam mais aplau­sos se tivesse desen­volvido pro­gra­mas de ger­ação de renda que reti­rassem as pes­soas da humil­hante fila da mis­éria?

Pas­sa­dos tan­tos anos, prin­ci­pal­mente agora, aquele momento, com toda sua vivaci­dade, ainda per­manece vivo na minha memória.

Não tem como não faz­er­mos uma cruel analo­gia com a catarse daquele momento com o que assis­ti­mos diari­a­mente, achamos nor­mal e até aplaudi­mos.

As emis­so­ras de rádio e tele­visão, redes soci­ais e a mídia em geral, sobre­tudo nos horários nobres, divul­gam, como pro­pa­ganda ofi­cial, que o gov­erno estad­ual deter­mi­nou que nos restau­rantes pop­u­lares o prato da refeição seja ven­dido a um real; divul­gam, tam­bém, a dis­tribuição de mil­hares de ces­tas bási­cas às famílias em situ­ação de mis­éria e vul­ner­a­bil­i­dade.

Quando vejo a pujante pro­pa­ganda ofi­cial falando no número de ces­tas bási­cas dis­tribuí­das ou o prato de comida a um real, a primeira coisa que me ocorre é a lem­brança da secretária que dobrou o número de pes­soas inscritas no “Bolsa-​Família”.

Fra­cas­sado no propósito de reti­rar as famílias da mis­éria – que aumen­tou em relação aos gov­er­nos ante­ri­ores –, gov­erno gasta uma for­tuna em pro­pa­ganda da mis­éria, exal­tando o prato de comida a um real e a dis­tribuição de mil­hares de ces­tas bási­cas.

E não pensem que eu me oponho a esse tipo de ação gov­er­na­men­tal de baratear o preço da comida no restau­rante pop­u­lar e muito menos a dis­tribuição de mil­hares de ces­tas bási­cas, ape­nas con­stato, com pesar, com muito pesar, que o gov­erno estad­ual fra­cas­sou em diminuir a desigual­dade ou a pobreza no estado – ao invés disso a aumen­tou.

Segundo o IBGE mais de 74% (setenta e qua­tro por cento) da pop­u­lação maran­hense sobre­vive com menos de um salário mín­imo nacional. Pelos dados do mesmo insti­tuto esta­mos falando de um número supe­rior a 5 mil­hões de cidadãos vivendo nesta situ­ação de indigên­cia. Se já é difí­cil viver gan­hando mais de um salário mín­imo cujo poder de com­pra é insu­fi­ciente para com­prar duas ces­tas bási­cas, imag­inem a vida de setenta e qua­tro por cento da pop­u­lação vivendo com menos de um salário mín­imo por mês.

Um agra­vante é que os dados ter­ríveis sobre o Maran­hão são ante­ri­ores à pan­demia. Ainda saindo da situ­ação pandêmica, é visível que a pobreza no país e, prin­ci­pal­mente, no estado aumen­tou mais ainda.

A mis­éria é tamanha que até o grupo Sar­ney, que domi­nou o estado por quase meio século, e são “doutores” no assunto se dizem inco­moda­dos com os números do atual gov­erno e o fustiga por isso.

Assim, parece fazer sen­tido – ao menos para eles –, que tal qual a secretária de assistên­cia social de quem falei no iní­cio, fes­te­jem a dis­tribuição de ces­tas ou baratea­mento do prato feito no restau­rante pop­u­lar.

Muito emb­ora sejam os números da mis­éria o mais nefasto legado do atual gov­erno, temos diver­sos out­ros motivos para ates­tar a sua inapetên­cia na gestão pública.

Vejamos as obras – ou a ausên­cia delas.

Temos difi­cul­dades em encon­trar obras de vul­tos do atual gov­erno. Não temos notí­cia de nen­huma obra estru­tu­rante para o desen­volvi­mento do estado.

Com muito boa von­tade – muito boa von­tade, mesmo –, poderíamos citar a ponte sobre o Rio Per­icumã, lig­ando os municí­pios de Bequimão e Cen­tral do Maran­hão, que vai diminuir a dis­tân­cia em quase cem quilômet­ros para diver­sos municí­pios da Baixada.

Essa obra, entre­tanto, se arrasta desde 2015, é até capaz do atual gov­er­nador não inaugurá-​la, e é mar­cada por polêmi­cas, a prin­ci­pal delas, o fato do con­sór­cio em con­luio com o gov­erno, tentarem por todas as for­mas esqui­var de pagar os trib­u­tos aos dois municí­pios ou tentarem mas­carar tais paga­men­tos, moti­vando inúmeras ações de exe­cuções fis­cais.

Não duvido se, ao tér­mino da obra, deixarem os municí­pios sem os paga­men­tos dev­i­dos. Tudo isso por culpa do gov­erno, que desafiando a leg­is­lação, não fez os descon­tos dos trib­u­tos dire­ta­mente na fonte.

Lem­bro que quando can­didato o atual gov­er­nador prom­e­teu fazer da MA 006, a rodovia de inte­gração do Maran­hão. Essa estrada tem mais de 2 mil quilômet­ros, vai de Apicum-​Açu, no extremo norte a Alto Par­naíba, no extremo sul do estado.

Uma promessa vã. Já fin­d­ando o sétimo ano de gov­erno, não temos notí­cia de um quilômetro feito visando dotar a tal MA dos req­ui­si­tos para inte­grar o estado. Parece-​me que a única coisa útil que fiz­eram foi per­mi­tir a fed­er­al­iza­ção de uma parte da pista na região sul.

Outra obra de vulto, por assim dizer, mas desta vez na saúde é o urgente e necessário Hos­pi­tal da Ilha. Da obra, finan­ciada com recur­sos dos ban­cos de fomento, as noti­cias que chegam – e que pre­cisam ser checadas pelas autori­dades de con­t­role –, é que o físico não “casa” com o finan­ceiro nem a pau, noutras palavras o que já enter­raram na obra é muito supe­rior ao que foi feito até aqui.

Dizem que enquanto ensa­iam inau­gu­rar pelo menos um pedac­inho do hos­pi­tal para o atual gov­er­nador não ficar tão mal na fita, vão cau­sando pre­juí­zos a diver­sos pequenos empresários que locaram equipa­men­tos ou prestaram serviços na obra. Ameaçando “que­brar” os coita­dos.

Infe­liz­mente, o Maran­hão se ressente de uma oposição atu­ante que pro­cure inves­ti­gar e apu­rar os des­ti­nos dos recur­sos da obra, que, pelos boatos, não resistem a 15 min­u­tos de inves­ti­gação séria.

À mín­gua de obras próprias, vemos o gov­erno estad­ual, tam­bém em rica pro­pa­ganda apre­sen­tar – ou dar a enten­der –, como suas, ou inteira­mente suas, obras como a urban­iza­ção da ponta do São Fran­cisco, o pro­longa­mento da Litorânea ou a reforma e ampli­ação da MA 203, a Estrada da Raposa, entre out­ras.

Obras ban­cadas com recur­sos da União, úteis e impor­tantes, mas muito mal exe­cu­tadas pelo gov­erno estad­ual.

Não sat­is­feito ape­nas em ocul­tar ou mas­carar a real­i­dade, muitas das vezes partem para a men­tira ou para a real­i­dade para­lela.

Outro dia, numa rede social do gov­er­nador, o próprio escreveu uma not­inha espan­tosa ou de quem descon­hece o sen­tido das palavras.

Sobre a rodovia lig­ando o Povoado Triân­gulo, em D. Pedro ao Povoado Dezes­sete, em Codó, sua excelên­cia assen­tou tratar-​se de uma rodovia “nova” que iriam “inau­gu­rar”, no mesmo post ainda disse que as rodovias que “faze­mos” inte­grariam diver­sas regiões, etc.

Ora, a MA 026, já exis­tia desde muito tempo, em 1994 foi implan­tada como MA, total­mente con­struída, com pontes, bueiros, tendo sido inte­gral­mente asfal­tada. Não se trata, abso­lu­ta­mente, como divul­gou a autori­dade, de uma rodovia “nova” ou mesmo a ser inau­gu­rada, tam­pouco é cabível dizer que fez, a menos que não con­heça o sen­tido das palavras.

Esse, ami­gos, é ape­nas um breve raio x do fra­casso que tem sido o atual gov­erno.

Abdon Mar­inho é advogado.

Comen­tários

0 #1 Danilo 21-​11-​2021 15:54
Um gov­erno q tem secretários de obra e saúde advo­ga­dos (não desmere­cendo os profis­sion­ais advo­ga­dos) e uma secretária de plane­ja­mento que não sabe nem se expres­sar muito menos plane­jar, tinha que dar nisso.
O mais grave são as esco­las dig­nas no meio do nada, em ter­ras par­tic­u­lares e sem nen­hum aluno estu­dando e muito jumento e porco sendo cri­ado den­tro do espaço que cus­tou mais de um mil­hão à pop­u­lação.
ISTO É UMA VERGONHA!
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