AbdonMarinho - O Brasil acima de todos.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O Brasil acima de todos.

O BRASIL ACIMA DE TODOS.

Por Abdon Marinho.

TRATARE­MOS hoje do assunto mais impor­tante da sem­ana que findou.

Não falo do fato de, mais uma vez, um min­istro da Suprema Corte do Brasil nos brindar com um entendi­mento já rechaçado não uma, não duas, não três, mas mais oito vezes pelo cole­giado que compõe.

Não falo do voto bril­hante – porém sofis­mático de um outro min­istro da mesma Suprema Corte –, para acabar de vez com oper­ação Lava Jato, e devolver ao país o sen­ti­mento de que o roubar muito com­pensa.

Estes assun­tos serão trata­dos e esmi­uça­dos a pos­te­ri­ori, no tempo que sua relevân­cia clamar.

O assunto mais impor­tante desta sem­ana – e não abro parên­te­ses para dizer que é “na minha opinião” ou ao “meu sen­tir” –, é que o Brasil con­fir­mou o bor­dão do seu atual man­datário: Brasil acima de todos.

Foi nesta sem­ana que findou que o país ultra­pas­sou os Esta­dos Unidos em número de morte diárias pela pan­demia e o superou, tam­bém, na média móvel de casos e de mortes.

E, para o deses­pero das pes­soas que sabem fazer con­tas, vamos ultra­pas­sar os amer­i­canos em número abso­luto de mor­tos daqui a pouco tempo, pois, enquanto eles começam a reduzir os seus casos graças ao dis­tan­ci­a­mento social e vaci­nação em massa – mais cem mil­hões desde que começaram a vaci­nar e têm em estoque 600 mil­hões de doses –, por aqui as autori­dades ainda não se enten­deram sobre o que fazer e a vacina ainda é um sonho de con­sumo, objeto de denún­cias de “fura fila”, con­tra­bando e tudo mais que atesta o nosso vex­ame global.

A tragé­dia que acomete o Brasil, não peço des­cul­pas aos que pen­sam difer­ente, é a nossa prin­ci­pal pauta e dev­e­riam ser a pre­ocu­pação de todas as autoridades.

Dis­cussões sobre se o atual pres­i­dente ren­ova o mandato, se o ex-​presidente e ex-​condenado tem chances de vencer, se os políti­cos do denom­i­nado cen­tro poderão crescer, não pas­sam de um acinte ao sofri­mento de mil­hares de brasileiros que perderam e estão per­dendo seus entes queri­dos, uma grande parte deles por culpa das autori­dades fed­erais, estad­u­ais e até munic­i­pais.

Já estão mor­rendo de COVID no país mais do que os min­u­tos que têm os dias – aliás, quase o dobro, enquanto o dia tem 1440 min­u­tos, mais de duas mil vidas são per­di­das diari­a­mente –, em um ritmo cada vez mais crescente.

A situ­ação é de tal forma pre­ocu­pante que até a Venezuela (ora, vejam!), teve que nos socor­rer, outro dia, com fornec­i­mento de oxigênio para diminuir a tragé­dia human­itária que ocor­ria em Man­aus, Ama­zonas.

Tragé­dias de igual quilate e até mais ampla já prin­cip­iam em diver­sos can­tos do país.

As pes­soas já começaram a mor­rer por falta de UTI’s; a rede médica de todo o país corre o risco de entrar em colapso – alguns profis­sion­ais de saúde, estes mil­hares de heróis que estão há mais de um ano na linha de frente, dizem que a rede colap­sou.

Em algum momento da nossa história ter­e­mos que ajus­tar as con­tas com os gov­er­nantes.

Não que sejam cul­pa­dos pelo surg­i­mento do vírus, mas porque colo­caram os seus inter­esses pes­soais e políti­cos à frente da vida dos cidadãos admin­istra­dos.

Não exis­tem inocentes nessa história. Do pres­i­dente ao prefeito, do senador ao vereador, todos terão con­tas a ajus­tar com a sociedade. Os que não cumpri­ram com o seu dever, os que desviaram o din­heiro da saúde, os que se omi­ti­ram.

Como cheg­amos a esse ponto? Como viramos um pária diante dos países do mundo? Como nos tor­namos uma ameaça global?

Podemos dizer que começou quando colo­caram o vírus na condição da cabo eleitoral dos políti­cos brasileiros.

Todos eles, querendo tirar uma “casquinha” do vírus para os seus pro­je­tos políti­cos pes­soais.

A situ­ação se agravou quando fiz­eram pouco caso da pandemia.

Chegou ao ápice, quando, por conta das duas primeiras, não fiz­eram “o dever de casa”, não dec­re­taram o iso­la­mento social, não fiz­eram o lock­down, não foram atrás de desen­volver ou de com­prar vaci­nas e/​ou insumos.

Fiz­eram tudo ao con­trário do que era recomen­dado e, pior, brig­ando pub­li­ca­mente sobre tudo, não no inter­esse da pop­u­lação, mas dos seus próprios inter­esses.

Outro dia falava com um amigo e citá­va­mos o exem­plo de den­tro de casa.

Todos sabe­mos a con­se­quên­cia danosa para os fil­hos quando os pais não se enten­dem sobre a sua edu­cação ou a admin­is­tração do lar; quando um diz para fazer uma coisa e outro diz para fazer o oposto.

Assim como os fil­hos, a pop­u­lação, por não saber que ori­en­tação seguir, acabará por fazer aquilo que lhe é mais con­fortável, ainda que depois sofram as con­se­quên­cias disso.

Em março do ano pas­sado, no iní­cio da pan­demia, aler­tava jus­ta­mente sobre isso. Sobre a neces­si­dade de ter­mos ori­en­tações claras e uni­formes sobre os pas­sos a serem dados para o enfrenta­mento da pan­demia.

E não era muito difí­cil, emb­ora tudo fosse novo, noutros países a pan­demia chegou antes. E, errando ou acer­tando, aque­les países estavam fazendo o enfrenta­mento primeiro.

Para os que estavam, por assim dizer, “assistindo”, ao menos em tese, era mais fácil.

Aqui as autori­dades acharam que éramos um “mundo parte” e cada um foi fazer aquilo que achava que era o certo, no seu inter­esse, e sab­o­tar o que vinha fazendo os demais.

Exis­tem dois exem­p­los que sem­pre cito: o exem­plo da Nova Zelân­dia e a com­para­ção entre Sué­cia, Noruega e Fin­lân­dia.

Em um ano de pan­demia mor­reram na Nova Zelân­dia por conta da COVID, 23 pes­soas. Vão dizer: mas lá é iso­lado, é o fim do mundo, tem ape­nas 5 mil­hões de habi­tantes.

Tudo isso é ver­dade, mas 23 pes­soas é menos do estão mor­rendo no Brasil a cada quarto de hora. Ou seja, a cada 15 min­u­tos mor­rem no Brasil, por conta da pan­demia, mais do que a aquele país da Ocea­nia perdeu ao longo de um ano inteiro pela mesma tragé­dia.

Na Nova Zelân­dia o gov­erno assumiu a respon­s­abil­i­dade pela con­dução da crise, disse como fariam e pelo tempo que fariam, o resulto é o exposto acima.

No caso dos três países escan­di­navos, for­ma­dos pelo mesmo povo, com o mesmo clima, mes­mas condições econômi­cas, deu-​se o seguinte: enquanto a Sué­cia, no primeiro momento, optou por deixar o vírus espalhar-​se para alcançar a imu­nidade de rebanho, os seus viz­in­hos, um de um lado e outro, ado­taram medi­das de dis­tan­ci­a­mento, lock­down, etc.

O resul­tado alcançado pelos três países diz muito: enquanto a Sué­cia reg­is­tra mais de 13 mil mor­tos, a Noruega não chegou a 700 mor­tos e a Fin­lân­dia menos de 800 mor­tos.

Ainda que digam que a Sué­cia pos­sui, em ter­mos pop­u­la­cionais, a soma de habi­tantes dos dois países, os números de vidas sal­vas falam por si.

No Brasil, para o enfrenta­mento da pan­demia, não tive­mos gov­erno. Na ver­dade, tive­mos um des­gov­erno, onde à presidên­cia da República ou mesmo o Min­istério da Saúde, nunca assumi­ram o con­t­role ou a respon­s­abil­i­dade da situ­ação.

Necessário reg­is­trar que não assumi­ram porque não tin­ham um plano de enfrenta­mento da pan­demia.

O que o pres­i­dente da República que­ria era ado­tar o mod­elo sueco, ou seja, vida nor­mal com iso­la­mento ver­ti­cal.

Foi con­tra esse mod­elo de enfrenta­mento que par­tidos foram ao STF e lá decidiu-​se que esta­dos e municí­pios pode­riam atual de forma con­cor­rente a União, adotando suas medi­das de isolamento.

É essa decisão – que nunca eximiu a respon­s­abil­i­dade do gov­erno cen­tral –, que os gov­ernistas e seus ali­a­dos uti­lizam para diz­erem que o gov­erno fed­eral foi “impe­dido” de com­bater a pan­demia e jogar a respon­s­abil­i­dade para os out­ros – argu­mento des­men­tido diver­sas vezes.

O certo é que com políti­cas de iso­la­mento “de faz de conta”, com o próprio pres­i­dente – ainda hoje –, fazendo cam­panha “con­tra”, cheg­amos a tragé­dia da atu­al­i­dade.

Fico imag­i­nando quan­tas vidas mais não teriam sido per­di­das se nem isso tivesse sido feito ou se tivésse­mos “apos­tado” na imu­niza­ção de rebanho e no iso­la­mento ver­ti­cal pro­posto.

Talvez o exem­plo sueco, em com­para­ção aos seus viz­in­hos, seja um parâmetro.

Uma outra prova de “des­gov­erno” é a falta de vaci­nas para com­bater o vírus.

O gov­erno fed­eral, com o pres­i­dente à frente, sem­pre satani­zou a vaci­nação, tanto que só fez con­trato prévio com uma fornece­dora, e aderiu com cota mín­ima ao con­sór­cio global, enquanto poli­ti­zava a vacina do con­sór­cio Butantan/​Sinovac. Até ordens expres­sas para não com­prar a vacina chi­nesa foram dadas ao min­istro, espe­cial­ista em logís­tica que disse: — é assim: um manda e outro obe­dece.

Os áudios, vídeos e tex­tos, estão aí para com­pro­var tudo que se disse con­tra a vacina “chi­nesa” e a própria China.

Agora, que se deram conta que sem vaci­nação não ire­mos sair da tragé­dia, se humil­ham e implo­ram por vaci­nas e insumos à China e a out­ros países.

A “sorte” do Brasil é que os países que agi­ram presteza efi­ciên­cia no com­bate à pan­demia, não tar­darão a con­cluir a vaci­nação de seus cidadãos.

O que aumen­tará a oferta de vaci­nas no mer­cado.

Outra “sorte” é que, ape­sar de tudo, nos­sos lab­o­ratórios não tar­darão a pro­duzir as vaci­nas necessárias a imu­niza­ção da pop­u­lação.

O que vive­mos agora é uma cor­rida con­tra o tempo.

Enquanto os Esta­dos Unidos infor­mam que até maio a pop­u­lação adulta já estará vaci­nada, por aqui, segundo próprio pres­i­dente, a expec­ta­tiva é que isso ocorra no final do ano.

A per­gunta que se faz é: o que fare­mos até lá? Ou, quan­tas vidas serão per­di­das pela ineficá­cia do governo?

O que nos resta fazer é erguer-​nos em pre­ces, pois Deus está acima de tudo.

Abdon Mar­inho é advo­gado.