AbdonMarinho - A bancada do vírus ou os ratos chegaram ao poder.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A ban­cada do vírus ou os ratos chegaram ao poder.

A BAN­CADA DO VÍRUS OU OS RATOS CHEGARAM AO PODER.

Por Abdon Mar­inho.

OUTRO DIA um amigo, pro­fundo con­hece­dor da história, indagou-​me sobre a seguinte con­statação: — Abdon, já percebestes o deserto de estadis­tas na política mundial?

Depois, com mais vagar pus-​me a pen­sar nas palavras deste amigo, rec­headas de razão. Você olha a França e percebe que o sen­hor Macron não chega aos pés de um de Gaulle ou Mit­ter­rand; olha para o Reino Unido e vemos que o sen­hor Jonhson mais se assemelha uma figura de humor do que a um estadista como o foi Sir Churchill ou mesmo Miss Thatcher; os Esta­dos Unidos, mesmo recon­hecendo o sucesso da política econômica de Trump, ele nunca deixará de ser uma figura fol­clórica, de pas­sado duvi­doso e mais pre­ocu­pado com seus inter­esses inter­nos do que com a humanidade, fica há anos-​luz de um Roo­sevelt ou Eisen­hower, ou mesmo Rea­gan.

Aqui não falo dos líderes de regimes total­itários ou autocráti­cos, mas daque­les estadis­tas que cul­ti­varam e deram sua con­tribuição aos val­ores oci­den­tais – que muitos acham deca­dentes.

Esse deserto de estadis­tas fez com que, não faz muito tempo, algu­mas revis­tas recon­hecessem em Ângela Merkel, primeira-​ministra alemã, como a única líder do mundo livre ocidental.

Só isso, rep­re­senta bem o quanto esta­mos des­fal­ca­dos de líderes globais.

Se remem­o­rásse­mos aquela antiga ale­go­ria – retratada, inclu­sive, no cin­ema –, em que o Plan­eta Terra era inva­dido por aliení­ge­nas e estes pedis­sem: — nos leve ao seu líder! Cer­ta­mente, não teríamos a quem levar.

Não existe um con­senso mín­imo de lid­er­ança no mundo. Não existe um estadista, na atu­al­i­dade, que mereça ser chamado assim.

Levaríamos os aliení­ge­nas ao Trump? Ao pro­jeto de dita­dor Putin, que acaba de aprovar medi­das que per­mi­tirão ficar no poder até 2036, ou mais? Ao chinês Jìn­píng, que de tão democ­rata man­dou cen­surar até uma figura de desenho ani­mado, o ursinho Puff? Ao líder inglês, John­son, que mais parece o per­son­agem Loide, da comé­dia Débi&Loide?

O surg­i­mento deste novo coro­n­avírus tornou muito mais cristalina a falta de lid­er­anças políti­cas globais. Essa falta de estadis­tas.

Trata-​se de uma causa que inter­essa a todos.

Um inimigo comum, invisível e dev­as­ta­dor.

Seria um motivo, caso tivésse­mos líderes que mere­cessem ser chama­dos assim, para que se reunis­sem e encon­trassem uma solução ou estraté­gia comum – ouvido os mel­hores espe­cial­is­tas de todos os países –, para mel­hor enfrentar o prob­lema – envol­vendo os menores riscos para a humanidade.

Em oper­ações de guerra – e esta­mos diante de uma –, é inevitável as per­das humanas. Por isso cabe aos líderes adotarem as mel­hores estraté­gias para minimizá-​las.

Ape­nas para citar um exem­plo, quando os líderes ali­a­dos decidi­ram, na Segunda Guerra Mundial, pela invasão da Nor­man­dia, no chamado “Dia D”, sabiam que muitos daque­les jovens sol­da­dos, no começo da vida, não voltariam.

Foram 5.400 mor­tos naquele 6 de junho de 1944, um único dia, não foram mortes vãs, mas em nome de uma causa maior.

O con­ceito é básico: não existe vitória sem a cobrança de sac­ri­fí­cios.

A terra está em risco de perder mil­hares de vidas no momento, pela molés­tia ou pelas con­se­quên­cias pos­te­ri­ores, com o empo­brec­i­mento das nações o aumento da vio­lên­cia, etc.

Arrisco dizer – isso da per­cepção de um diál­ogo com outro amigo –, que o próprio con­ceito de humanidade encontra-​se numa encruzil­hada – depois do que esta­mos pas­sando é difí­cil que permaneça.

E, ape­sar disso, não há qual­quer ação con­junta dos “líderes” mundi­ais – emb­ora ten­ham tomado con­hec­i­mento do prob­lema desde setem­bro ou out­ubro de 2019.

Basta dizer que a primeira providên­cia a ser ado­tada pelas nações, antes mesmo de bus­carem qual­quer diál­ogo sobre como tratar desta emergên­cia global, foi fechar as fron­teiras, proibir o deslo­ca­mento de pes­soas – inclu­sive o regresso de muitos cidadãos a seus países de origem –, sem qual­quer sis­tem­ati­za­ção, cada um fazendo no seu tempo e con­forme sua conveniência.

Ora, se sabiam com ante­cedên­cia que o vírus chegaria a seus países, por que nada fiz­eram em um esforço con­junto para encon­trar a solução.

Ao invés disso, preferi­ram se fechar. Como ratos, cada um foi cuidar da sua “toca”. E, nas suas tocas, as famílias tran­cadas em suas casas.

Em pleno século XXI, temos que lidar com o con­ceito de “nação-​toca”, onde cada país escolhe a mel­hor forma de se lidar com uma emergên­cia global que afeta a toda a humanidade.

A falta que fazem estadis­tas de estir­pes, que se pre­ocu­pem com os prob­le­mas da humanidade e não ape­nas com o seu quintal.

Quando trans­porta­mos tal situ­ação para o Brasil (a ausên­cia de estadis­tas no comando), a situ­ação fica mais dramática.

Até porque, acred­ito, o último estadista que tive­mos no comando da nação foi D. Pedro II, desde então, com uma outra exceção, uma chusma que não dis­tinguem con­ceitos básicos.

Se pegar­mos só do fim do régime mil­i­tar para cá, quem poderíamos chamar de estadista?

O Sar­ney que tendo man­dado num estado da fed­er­ação por quase 50 anos jus­ti­fica seus indi­cadores africanos com o fato do estado não pos­suir ter­ras férteis ou minérios de alto valor econômico?

O Col­lor, que foi apeado do poder por cor­rupção e desde então não aparece um escân­dalo de roubal­heira do din­heiro público em que não esteja envolvido?

O Fer­nando Hen­rique Car­doso, que mesmo no poder, ninguém nunca deu importân­cia as suas ideias?

O Lula da Silva, que mon­tou uma quadrilha para assaltar os cofres públi­cos quando esteve no poder e foi con­de­nado por cor­rupção e lavagem de din­heiro?

A Dilma Rouss­eff, que de tanto falar tolices virou uma espé­cie de piada nacional, um “meme” ambulante?

O último desta lista infame é o atual pres­i­dente, o sen­hor Bol­sonaro.

Desde sem­pre se soube que o preparo dele para o cargo de pres­i­dente era nulo.

Sua vitória, em grande parte, é dev­ida ao sen­ti­mento de vin­gança pela des­graça que Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT e seus ali­a­dos fiz­eram com o país – acres­cen­tando os dois anos de Temer –, 16 anos de roubal­heira e “apar­el­hamento” do Estado.

O mérito dele – inegável –, foi con­seguir encar­nar, como nen­hum outro, o antipetismo.

No gov­erno, mais atra­palha do que ajuda. Mesmo quando tem razão não con­segue pas­sar con­fi­ança a equipe e aos governados.

Se fosse imag­i­nar o pres­i­dente como uma ale­go­ria da minha infân­cia, seria como aquele menino lá do povoado que o pai não man­dava ir à venda, a dois quilômet­ros de dis­tân­cia da casa, porque tinha receio dele não saber com­prar dois qui­los de açú­car, um fardo de far­inha e uma quarta de café.

O Bol­sonaro é isso: alguém que se atra­palha lendo um bil­hete. Alguém que é con­tes­tado vio­len­ta­mente até quando tem razão.

Não duvido que seja hon­esto; não duvido que tenha boas intenções, mas, ver­dadeira­mente, é alguém muito frágil para a enormi­dade do desafio de gov­ernar o país – ape­sar de legí­timo e eleito pela von­tade sober­ana do povo.

Essa frag­ili­dade fez com que o Con­gresso Nacional, o Supremo, usurpassem o poder e pas­sas­sem a “man­dar” no gov­erno mais que o Poder Exec­u­tivo.

Na atual crise – por conta da pan­demia –, apare­ceu mais um grupo para “man­dar” no gov­erno: o grupo dos governadores.

Não duvido que os gov­er­nadores ten­ham pre­ocu­pações com a saúde da pop­u­lação.

Acon­tece que eles, assim como a maio­ria esma­gadora da polit­ica nacional, fazem parte dessa chusma de políti­cos menores que estão longe de serem – ou mesmo de saberem –, o sig­nifi­cado da palavra estadista.

O que mais tenho assis­tido são gov­er­nadores querendo tirar van­ta­gens da pan­demia.

Cri­aram uma ver­dadeira “ban­cada do vírus”, cada um mais afoito que o outro querendo col­her div­i­den­dos eleitorais futuros.

Já disse – volto a repe­tir –, é escan­daloso que políti­cos se uti­lizem de uma pan­demia, uma tragé­dia, que está ceifando mil­hares de vidas ao redor do mundo para se pro­moverem politi­ca­mente.

Infe­liz­mente é que mais temos visto! São gov­er­nadores, são senadores, são dep­uta­dos fed­erais e estad­u­ais, prefeitos e até vereadores, todos querendo tirar uma “casquinha” do vírus.

Não têm pudor ou qual­quer con­strang­i­mento em explo­rarem uma tragé­dia como essa.

A pan­demia tornou-​se uma espé­cie de vale-​tudo dos desavergonhados.

Outro dia vi uma autori­dade crit­i­cando o pres­i­dente da República por que aquele com­pare­cera na porta do palá­cio para cumpri­men­tar uns man­i­fes­tantes.

O acu­sou de está espal­hando o vírus.

Pois é, essa mesma autori­dade, dias depois, quando a pan­demia já se tornara mais acen­tu­ada, pro­moveu uma farta dis­tribuição de ces­tas bási­cas a pes­soas car­entes (ato necessário), sem qual­quer pre­ocu­pação com a aglom­er­ação e con­tá­gio pelo coro­n­avírus (covid-​19) ou pelo vírus H1N1.

Nesta, e em diver­sas out­ras situ­ações, até mesmo con­tra­ditórias, vê-​se, clara­mente, o obje­tivo mera­mente eleitor­eiro por trás da “boa intenção”.

O mesmo acon­tece com dep­uta­dos, e até vereadores, que ficam pro­pondo medi­das, como isenções, adi­a­mento de con­tas, impos­tos, etc., aos gov­er­nos estad­u­ais e munic­i­pais.

Fazem uma indi­cação – às vezes nem pro­to­cola –, e cor­rem para os meios de comu­ni­cação para “vender” o feito. Exis­tem até “brigas” e acusações de plá­gio em deter­mi­na­dos casos.

Pode­ria, mas não cito os nomes para não “dar ibope” a quem age com tanta tor­peza.

Aqui nem falo daque­les que, com o surg­i­mento do novo coro­n­avírus – e apo­s­tando no alas­tra­mento da des­graça –, já cor­reram para pro­por as pror­ro­gações de seus próprios mandatos ou de seus ali­a­dos.

Ainda que isso se faça necessário – se, infe­liz­mente, a tragé­dia aumen­tar –, a pro­posta, no momento, é de um opor­tunismo ímpar.

A existên­cia de uma “ban­cada do vírus” é a com­pro­vação defin­i­tiva de que os ratos chegaram ao poder – e não é de hoje.

Abdon Mar­inho é advogado.

Comen­tários

0 #2 Leon­ice 27-​03-​2020 12:30
Como gosto de ouvir suas posta­gens!
Vejo como sábias palavras e muito reflex­i­vas para a nossa vida. O que me leva apen­sar tam­bém que o Sr. , escritor, advo­gado, tem con­hec­i­mento de mundo, da real situ­ação e não tem medo de falar a ver­dade e muito menos sub­or­di­nado a se calar, a tirar proveito de qual­quer situ­ação, prin­ci­pal­mente dessa grande sujeira ref­er­ente a política ou mel­hor polit­icagem, onde os mais vul­neráveis estão sofrendo, lamen­tavel­mente esta­mos sujeitos a pagar­mos um preço muito alto pelo veneno da cor­rupção ger­ada pela glob­al­iza­ção do grande aos pequenos e dos pequenos aos grandes.
Obri­gada, Dr. Abdon!
Gostaria muito que o meu municí­pio, o meu estado e o meu país fosse gov­er­nado por pes­soas assim como o senhor.
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0 #1 abde­laziz san­tos 26-​03-​2020 20:37
É sem­pre uma palavra ao mesmo tempo pru­dente e forte. Sábia, também.
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