O TRIUNVIRATO ATRÁS DAS GRADES.
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- Criado: Quinta, 31 Maio 2018 22:42
- Escrito por Abdon Marinho
O TRIUNVIRATO ATRÁS DAS GRADES.
Por Abdon Marinho.
A FOTOGRAFIA que acompanha esse texto foi editada, entretanto representa bem melhor o momento atual que a original, pois mostra, 15 anos depois, o que se deu com o triunvirato petista: os três homens mais fortes do Brasil, em 2003, estão, hoje, atrás das grades.
Os três condenados por crimes diversos e respondendo por outros tantos delitos contra o país.
Naquele 2003, época da foto original, não tinha para ninguém: José Dirceu, o capitão do time, conduzia a política do governo recém-instalado, era um espécie de primeiro-ministro informal, comandando os arranjos políticos, a distribuição de cargos entre os aliados, fazendo funcionar a política de alianças que garantiu a eleição e garantiria a “governabilidade”, para isso, pouco interessava com quem faria os acordos e o que daria em troca; na economia o todo-poderoso czar Antonio Palocci, homem de confiança do partido, com a missão de fazer interlocução com a “banca” financeira e “azeitar» a engrenagem que faria fluir os recursos para um projeto politico de hegemonia; pairando sobre eles, o presidente Lula, o comandante-em-chefe do projeto de poder em nome do qual não existiria limites entre o certo e o errado. O poder era um fim em si a ser atingido e mantido, por dez, vinte, trinta ou cinquenta anos, talvez cem.
O resultado é o que estamos assistindo: o ex-presidente, há quase dois meses iniciou o cumprimento da pena de 12 anos e um mês, no primeiro processo a que foi condenado; Dirceu, há poucos dias iniciou o cumprimento da pena de mais de trinta anos; e Palocci, preso e já condenado em primeira instância a mais de doze anos de prisão, negocia acordos colaboração com a justiça visando a redução desta e das demais penas que advirão.
A situação dos três homens mais poderosos do país naquele, já longínquo 2003, no momento é a mesma: os três estão atrás das grades. O que já é algo horrível e inimaginável para qualquer um ser humano e mais ainda ainda para quem se imaginou e tinham a chance de um futuro dourado pela frente.
O destino pode ser diferente para um e pior para os outros dois – e muito mais gente –, na eventualidade, quase certa, da ou das delações de Antonio Palocci virem a ser homologadas. Como homem forte da economia e do partido tem informações e elementos que pode afundar, se é que isso é possível a situação dos outros membros do triunvirato petista.
Nos bastidores da política já dão como certo que a homologação do acordo de colaboração de Palocci aumentará, em muito, o calvário do Partido dos Trabalhadores, que já tem a cúpula das últimas décadas já presa ou implicada nos mais diversos esquemas, da ex-presidente Dilma Rousseff e de muitas cabeças da banca econômica nacional.
Não é sem tristeza que assisto a esse ocaso. O triunvirato que assumiu o comando do pais em 2003 tinha tudo para ter o mais luminoso futuro e colocar o Brasil no caminho da prosperidade.
A eleição do senhor Lula foi inquestionável, ninguém discutia sua legitimidade para comandar o país; a larga maioria da população o apoiava; o congresso, formado quase sempre por pessoas sem credibilidade, não tinha como enfrentar o governo que “surfava” nos mais elevados índices de popularidade; podiam fazer aprovar todas as medidas que quisessem sem maiores embargos.
Ainda hoje me pergunto o porquê de terem optado pelo caminho do fisiologismo; dos acordos espúrios; do “toma lá dá cá”, ao invés de construirem uma base de sustentação política com as melhores pessoas do Congresso Nacional.
Ora, mesmo o PSDB que perdera a eleição e entregava o governo, não tenho dúvidas, apoiaria um governo de união nacional. Vimos isso na transição. O governo de Fernando Henrique Cardoso facilitou e apoiou em tudo que lhe foi solicitado na troca de governo. Mesmo a cessão de nomes para integrar o governo e evitar maiores sobressaltos foi ofertada a nova equipe, que contou, no primeiro momento, com este suporte.
Apesar de tudo isso preferiram apostar na política de «terra arrasada” satanizando o governo anterior e se apresentando como “fundadores» da República, quem não lembra do bordão “nunca antes na história deste país”?
O resultado para o país das opções erradas que tomaram naquele momento são estas que estamos vivendo.
Foi o triunvirato, que aparece na fotografia que ilustra esse texto, o responsável por quase tudo que o Brasil vem passando, por vaidade, arrogância e cinismo, os seus defensores não reconhecem isso.
Entretanto, não há como fugir da realidade de que foram eles – o triunvirato –, e outros integrantes de ponta do chamado “núcleo duro» que fizeram a opção de lotear os governos de Lula/Dilma entre o que se tinha de pior da política brasileira.
Foram eles que montaram, coordenaram, tinham conhecimento, participaram ou silenciaram enquanto as burras da viúva eram aliviadas.
Na sanha alucinada do «poder pelo poder”, não mediram as consequências que os seus atos trariam para o país. Mantiveram e ampliaram todos os esquemas de corrupção em todas as áreas do governo, investindo pesado no desmonte da Petrobras, onde todos os recursos, inclusive os dos roubos, eram e são superlativos.
Agora mesmo, quando os vejo satanizar o governo Temer, fico com a impressão que estão desconectados da história. Agem como se esquecessem que o Temer – e todos os que o cercam – não tivesse sido escolhido por eles para vice-presidente na chapa de Dilma e apresentado como uma espécie de gênio da politica, o mais capacitado, que poderia ocupar tal cargo na sua ausência. Nos enganaram nisso também? Parece que sim.
O triunvirato petista, atrás das grades, purga parte dos seus pecados. Infelizmente são tantos, que a sociedade brasileira também é convidada a pagar a conta dos seus “malfeitos”.
Abdon Marinho é advogado.