AbdonMarinho - A REFORMA POLÍTICA, PARTE UM.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 21 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A REFORMA POLÍTICA, PARTE UM.

A REFORMA POLÍTICA, PARTE UM.

Segundo informa a mídia o Con­gresso Nacional começará a debater a reforma política nos próximos dias, na terça e quarta, que é o dia em que os par­la­mentares apare­cem por Brasília. Infe­liz­mente essa não é a reforma política que Brasil pre­cisa e anseia, parece-​me tão somente a reforma que os políticos dese­jam. Pelo que tenho lido a tal da reforma deverá limitar-​se–á ao finan­cia­mento público de cam­pan­has, a um tipo de votação em lis­tas e uma janela que per­mi­tirá os políticos mudarem de partido.

Pior que a dis­cussão dessa reforma pífia é ver enti­dades que já prestaram rel­e­vantes serviços ao país virem a público defender esse tipo de ver­gonha, esse engodo que visa uni­ca­mente sola­par o que resta da democ­ra­cia brasileira.

Li que o pres­i­dente da UNE teria declar­ado numa man­i­festação sobre essa ver­gonha: A UNE defende o finan­cia­mento público de cam­panha, pois os estu­dantes enten­dem que só assim com­bat­er­e­mos a cor­rupção. Só com o finan­cia­mento público e democrático das cam­pan­has, cor­ri­gire­mos as dis­torções no atual sis­tema de doações eleitorais, que priv­i­le­giam somente o poder econômico, per­mitem vícios e inter­esses escu­sos, afir­mou o pres­i­dente da UNE. Trata-​se de uma declaração ingênua, um eufemismo para o que dev­e­ria chamar de estúpida. Quer dizer que a UNE acha que dando o nosso din­heiro aos políticos para que façam suas cam­pan­has eles deixarão de ser cor­rup­tos? É isso? Porque ao invés de pro­por dar o nosso o din­heiro não saem às ruas exigindo que cada par­tido só gaste deter­mi­nado valor com suas cam­pan­has, sendo esse valor ape­nas o sufi­ciente para cobrir os gas­tos espar­tanos de uma cam­panha? Porque não lim­i­tar a arrecadação a pes­soa física estip­u­lando um valor nom­i­nal por eleitor e não um per­centual da renda? O que garante aos ilu­mi­na­dos da UNE que os políticos irão rece­ber o nosso din­heiro suado para fazer os cam­pan­has e não irão ao mesmo tempo fazer seus caixas para­le­los, enes caixas? Não soa ingênuo?

Não acred­ito mais ingenuidade, a defesa que fazem em \«nome dos estu­dante\» esconde o inter­esse nefasto de muitos esper­talhões da política brasileira, muitos que acred­i­tam numa política que ali­jam a par­tic­ipação pop­u­lar, que mantém o povo eter­na­mente escrav­izado. Mel­hor seria se gas­tassem suas ener­gia defend­endo uma educação de qual­i­dade que efe­ti­va­mente edu­casse povo. Mas isso não inter­essa, ninguém quer mesmo estudar.

Não seria total­mente con­tra esse mod­elo de finan­cia­mento público de cam­panha se isso fosse uma garan­tia de eleições limpas, o que não é, o que sou mais con­tra é a des­culpa esfar­ra­pada de que com isso não haverá cor­rupção na política. O que nos garante isso? Nada. Desde sem­pre é proibido a com­pra de voto e desde sem­pre se com­pra voto. Até o can­didato a vereador mais miserável, tira uma gal­inha do quin­tal e que dev­e­ria ali­men­tar sua família a troca pelo voto do viz­inho. Logo o argu­mento é furado.

O outro ponto da reforma que ten­tarão no empurrar é a votação em lis­tas. Os par­tidos colo­cam seus can­didatos e nós ser­e­mos chama­dos para votar naque­las lis­tas pré–orde­nadas. Dizem que serão lis­tas flexíveis onde poder­e­mos fazer subir algum can­didato que esteja lá embaixo na lista, depois, claro, de garan­tir­mos a eleição dos favoritos acima.

Vejam como são bonz­in­hos: primeiro querem que pague­mos para votar depois escol­herão por nós. Fico emo­cionado com isso.

Acho que todos nós, até os mais estúpidos sabem o que são os par­tidos brasileiros. Que a sua organi­ci­dade se resume a von­tade dos chefetes políticos, basi­ca­mente exis­tem den­tro de pas­tas. Com a votação em lis­tas o que ter­e­mos é políticos com­prando suas vagas nos topos das lis­tas. O que ter­e­mos são lis­tas com­postas pela par­entela dos donos do par­tido, isso em todas as instâncias par­tidárias, de vereadores, a dep­uta­dos fed­erais e senadores. Se hoje já impera o \«fil­ho­tismo\» político onde são agra­ci­a­dos fil­hos, gen­ros, esposas, amantes e tudo mais dos políticos esperem para ver como ficará com as tais lis­tas defen­di­das por tan­tos que se dizem pes­soas de bem. Esperem para ver.

O ter­ceiro item da suposta reforma serve para des­mas­carar os ante­ces­sores, trata-​se de uma janela que per­mi­tirá os políticos que se elegeram por deter­mi­nado par­tido mudar para outro sem perder o mandato. Tratar-​se da legit­imação da ban­dalha. O jogo das con­veniências que sem­pre fiz­eram. Trata-​se de uma reforma política que, mais uma vez, só atende aos inter­esses dos políticos e dos seus asse­clas de sem­pre, aque­les que gravi­tam em torno do poder recebendo um cargo aqui outro ali, que acham mod­erno fazer militância política remu­ner­ada.

No próximo post falarei da reforma política que defendo desde o ano de 1996. Ver­e­mos se é mere­ce­dora de con­sid­eração depois de tanto tempo.