DILMA NA VERSÃO 1.71.
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- Criado: Quinta, 29 Janeiro 2015 14:40
Convencionou-se chamar de versão 2.0 o segundo mandato de um governante. Assim, durante a campanha e logo após as eleições o que mais se dizia era que o governo 2.0 de Dilma seria erro, seria aquilo e todas as demais baboseiras que povoa o universo dos aduladores.
Longe de ser a versão cantada, acho que essa mais parece uma versão 1.71 ou 171, no que se apresenta de semelhante à tipificação contida no Código Penal pátrio.
Ë flagrante até para o mais fiel dos seguidores que a atual mandatária começa o seu segundo governo implantando medidas diametralmente opostas àquelas prometidas durante a campanha. Vou além, colocando em prática as medidas que disse, reiteradas vezes, que jamais iria implantar e, que, pelo contrário, eram as medidas do seu adversário.
Quem não lembra as infindáveis vezes em que disse que o adversário iria acabar com os direitos trabalhistas? Que iria reduzir os investimentos na educação? Que iria privatizar a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e até a Petrobras? Que iria promover o arrocho econômico? Que os direitos trabalhistas eram intocáveis? E que com ela seria diferente? Chegou inclusive a cunhar um bordão, não iria fazer nada disso, arrematou: “nem que a vaca tussa”.
Li que uma ex-ministra do seu governo, diante da verdade cristalina que se desenha, a senadora Marta Suplicy, disse que a vaca a que se referiu a presidente, até ontem sua chefe, já deve ter engasgado de tanto tossir.
Vejam: não é um adversário que constata a gravidade do que vem acontecendo no atual governo, é uma senadora do partido e que até ontem era ministra subordinada a atual presidente.
Não é porque a ex-ministra expressa uma opinião que ela tem mais validade, é que se trata de um reconhecimento de alguém de dentro do partido reconhecendo que o discurso da eleição está no inverso da prática administrativa. Dentre tantos abusos, será que oficializaram o ‘vale tudo’ eleitoral? inclusive mentir?
Nas redes sociais a contradição explicita já até virou objeto de piadas.
Aqui não discuto o acerto ou erro das medidas adotadas, talvez sem elas as consequências sejam até piores para economia no médio e longo prazo. O que questiono é a desfaçatez, o cinismo dos representantes do governo, do partido e da própria presidente em implantar o que jurou não fazer e que essa agente, a qual chamou de medidas atrasadas, neoliberais e contrárias aos interesses do povo.
O que assistimos já primeiro mês do chamado governo 2.0, o que vimos foram cortes nos recursos da educação em mais de 8 bilhões de reais; a abertura do capital da CEF que, na prática, representa a privatização; os juros nas alturas (o cheque especial passou dos 200%, a maior taxa em 15 anos); a inflação sem dá trégua, o que é constatado por qualquer dona de casa que vá ao supermercado; O que dizer da mudança de regras trabalhistas de acesso ao seguro-desemprego? O que dizer das mudanças para que o trabalhador tenha acesso a aposentadoria e seus dependentes à pensão?
O caso da Petrobras merece uma consideração a parte. A presidente começou a se beneficiar do engodo na empresa desde os tempos em que ocupou o cargo de ministra de Minas e Energia e Casa Civil, acumulando o cargo de presidente do Conselho de Administração. Nos últimos doze anos – a verdade agora surgida descortina isso – usaram a empresa para enriquecimento pessoal de políticos, empresários, servidores da empresa e corruptos de todos os naipes. Tanto fizeram que transformaram em pó as suas ações, em único dia caíram mais de 10% (dez por cento), a valor de mercado está próximo de trinta por cento do valia antes. Situação que ficará bem pior quando as ações judiciais, que começam a pipocar ao redor do mundo, forem julgadas obrigando a empresa a ressarcirem os investidores que confirmaram no governo brasileiro e jogaram em economias, inclusive parcela do FGTS em seus títulos que chegaram a valer mais de R$ 50,00 (cinquenta reais) e que hoje não chegam a R$ 10,00 (dez reais).
Todo esse caos gerado pela corrupção generalizada às vistas e com a cumplicidade dos governistas e seus aliados. Desvios que corroa o estelionato praticado contra os eleitores brasileiro e que não vem de hoje. Antes das eleições de 2010 o governo do Sr. Lula cantou em prosa e verso que o Brasil seria, em pouco tempo, auto-suficiente em petróleo. Hoje, a realidade que se afigura é, no mímico curiosa, enquanto em todo o mundo o preço da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha abaixam, aproveitando a queda no valor do barril, no Brasil o valor só aumenta, não interessando se valor do barril, que passou dos US$ 100 (cem dólares), hoje não chegue a US$ 40 (quarenta dólares).
Já na eleição de 2010 a atual mandatária fez uso do estelionato, como nós maranhense sabemos muito bem, ela e seu padrinho político, o Sr. Lula, vieram por aqui anunciar uma tal de refinaria premium, uma aqui e outra no Ceará. Agora, como todos já sabiam, informam que não teremos mais as refinarias. A brincadeira custou aos cofres da empresa quase R$ 3 bilhões (três bilhões de reais), só no Maranhão foram mais de dois bilhões de reais, o desmatamento e limpeza de área mais cara da história do mundo. Sangria de cofres públicos, estelionato eleitoral.
Quem não lembra de D. Dilma, D. Roseana, com o Sr. Lula e os senadores Sarney e Lobão inaugurando a pedra fundamental, que hoje sabemos, a mais cara da história desde que começaram a escrevê-la? É isso mesmo: sobrou para o Maranhão, além do crime ambiental, o sacrifício de sítios arqueológicos, comunidades quilombolas, perda de flora e fauna a pedra fundamental. Isso sem contar, claro, com dezenas, talvez centenas de pequenos empresários, que teimaram em acreditar no governo, que quebraram ao colocar suas economias em empreendimentos no entorno da refinaria que tinha como único propósito beneficiar os larápios de sempre.
Que definição temos para o que aconteceu e vem acontecendo no Brasil que a definição do CPB em seu artigo 171?
Só para refrescar a definição do tipo penal é: \«Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: …”, difere muito do que fizeram nos últimos pleitos?
Vivêssemos em uma democracia efetiva, a presidente seria compelida a devolver o mandato conquistado às custas do engodo, da mentira e do embuste.
Abdon Marinho é advogado.