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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

CARTAS E CARTEIROS.

AS COISAS acontecem com tamanha velocidade ultimamente que é provável que este texto não tenha qualquer sentido na hora que for publicado.

Vejamos os últimos episódios da política nacional: pela manhã se festejava uma possível posse do ex-presidente Lula no ministério da presidente Dilma Rousseff, a noite o palácio estava sitiado com milhares de pessoas protestando, em Brasília e em diversas cidades do país. 

O governo perdeu o "time" para qualquer atitude. A nomeação, agora de Lula, ao invés de ser uma chance de retomada, tornou-se mais uma frente de problemas. Há um ano atrás quando sugeri isso – a última vez que escrevi sobre o tema foi em agosto de 2015 –, talvez tivesse o efeito de bálsamo saneador, agora a situação é totalmente distinta.

Ora, se lá atrás, os investigadores, integrantes do ministério público e do judiciário era uníssonos em dizer que nada havia contra o ex-presidente, que o mesmo não era objeto de investigação – embora qualquer um soubesse que não tinha como as investigações não chegar a ele –, no momento, quando já denunciado e oficialmente investigado, o alojamento no cargo de ministro, deixou claro que buscou guarita no cargo; que está escondido no ministério e que espera contar com as normais demora do trâmite processual na Suprema Corte para escapar da cadeia; fazer prescrever algumas penas (já que beira os setenta anos) ou mesmo, como revelou as interceptações telefônicas, usar o peso do cargo para obstruir o trabalho da Justiça. 

Aí, chegamos a outro ponto crucial: a divulgação do conteúdo das interceptações telefônicas do ministro/investigado. De antemão, entendo que os procedimentos não estão isentos de serem questionados – embora, a princípio, tenha me parecido razoável a argumentação do juiz Moro. 

Entretanto, embora os "peões", como o ex-presidente se referiu a seus defensores, se agarrem a argumentação de ilegalidade, este não é o fato grave (ou mais grave, com queiram). O fato de gravidade ímpar é o conteúdo das gravações mostrando as ingerências indevidas – e até ilegais –, do ex-presidente em procedimentos investigatórios e judiciais em clara posição de obstrução à Justiça. 

O conteúdo das gravações tornadas públicas – não se trata aqui de um "vazamento ", como sempre alegam – somado ao que já disse o senador Delcídio do Amaral, repises-se, ex-líder do PT e do governo; o conteúdo de diversas outras delações premiadas, desnudam, de forma inequívoca, ações de uma quadrilha que tomaram de assalto o poder. 

O mais grave: tendo o ex-presidente como chefe das atividades criminosas e a atual presidente na posição (até aqui) de conivente, partícipe, a ponto de se prestar ao papel em que figura nas gravações. 

Claro que se deve discutir se houve ou não ilegalidade no que a polícia e justiça fizeram; se houve excessos e, caso positivo, responsabilizar, se for o caso. Entretanto isso não desmerece os fatos apurados, que apontam o ex-presidente na topo da cadeia de comando.

A atitude de algumas pessoas diante de tamanha gravidade se assemelha a daqueles que matavam os carteiros quando não gostavam das notícias constante das cartas. Os fatos são de gravidade ímpar. Esta é a realidade que não pode ser ocultada ou ignorada pouco importando como nos foi revelada. 

E, por falar em cartas e carteiros, serve como registro histórico que tudo começou lá atrás, com aquele servidor dos correios recebendo aquela "peteca" de três mil reais, se não me falha a memória. 

O dia promete, logo mais teremos novidades.

Bom dia a todos. 

Abdon Marinho é advogado. 

(Texto sem correção)