A HORA DE ESCOLHER ENTRE DILMA E O BRASIL.
A INCURÁVEL inabilidade da senhora Dilma Rousseff, dos seus aliados e aduladores, talvez seja a maior causadora do desastre que é o seu governo e que faz sangrar a nação brasileira. Ficamos com a impressão que querem apagar incêndio com gasolina.
Vejamos só o ocorrido no espaço de uma semana. Numa entrevista a presidente disse que, caso superasse o pedido de impeachment, iria buscar todas as forças políticas para um “pacto nacional”, caso isso não ocorresse, segundo suas próprias palavras, seria “carta fora do baralho”.
A ideia do pacto nacional é uma tese que sempre advoguei. Acho-o necessário para que o país comece a encontrar seu rumo.
Pois bem, acho que não se passaram dois dias até a presidente, que acabara de se declarar disposta ao dialogo, gravasse um programa – que sairia em rede nacional de rádio e televisão, mas que acabou sendo divulgado apenas na internet –, partindo com tudo e "soltando os cachorros” para cima daqueles nos quais enxerga seus inimigos. Mais. Tal qual fizeram na eleição, usou de informações sabidamente inverídicas contra todos eles. Disse que são “golpistas”, que querem acabar com os programas sociais e tantas outras que só apenas não tolas, pela gravidade que se reveste.
São palavras da presidente: “Peço a todos os brasileiros que não se deixem enganar. Vejam quem está liderando esse processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpistas ja disseram que, se conseguirem usurpar o poder, será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade? Querem revogar direitos e cortar programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam até a educação pública. Querem abrir mão da soberania nacional, mudar o regime de partilha e entregar os recursos do pré-sal às multinacionais estrangeiras. Antes de tudo, o que move os golpistas são os nossos acertos.”
E foi em frente: “Para alcançar seus objetivos, estão dispostos a violentar a democracia e a rasgar a Constituições, espalhando a intolerância, o ódio e a violência entre nós”.
Num momento de singular gravidade como este, não deveria a presidente da República, invés de buscar a paz, lançar mais lenha à fogueira.
Entendem por que não acredito que haja uma solução para o país com a senhora Dilma Rousseff a frente do governo? Ela não sabe o que fala. Como é possível, num dia, dizer que buscará um pacto nacional e no outro sair-se com este tipo de palavrório?
Afinal, ela quer dialogo com quem? Com estes a quem acusa de golpistas? Com usurpadores do poder? Os que querem revogar os direitos da população e cortar os programas sociais? Com os invejosos que não suportam o “sucesso” do seu governo?
A coleção de sandice chega ao ponto de chamar os defensores do processo constitucional, de sediciosos, “entreguistas” do patrimônio nacional; inimigos da pátria. São acusações gravíssimas contra pessoas tão eleitas quanto ela, tão representantes do povo quanto ela.
A própria presidente da República e seus mais próximos aliados, dizem que os defensores do impeachment espalham o ódio, a violência, a intolerância – como visto acima em seu pronunciamento –, entretanto, o que temos visto, são eles fazendo isso.
Em pleno Palácio do Planalto, na presença da presidente, um líder da Contag fez a convocação para invasão de terras e propriedades privadas. Na sexta-feira, dia do inicio da discussão do processo, os "braços" do Partido dos Trabalhadores – PT, partido da presidente, infernizaram a vida dos cidadãos de bem fechando ruas, estradas e ameaçando que dias piores virão caso o resultado do julgamento não seja o que desejam.
Noutra frente, temos o ex-presidente Lula – segundo dizem – negociando, no sentido amplo da palavra, com todo e qualquer parlamentar que aceite trocar sua consciência por “mimos” e por outros argumentos mais reais.
Assim como fizeram na campanha, a presidente e os seus, não querem dialogar com ninguém. O que querem é que a população brasileira, majoritariamente contrária à continuidade do seu governo, capitule, aceite passivamente os desmandos que vêm praticando.
Digo isso baseado nas palavras da presidente e ex-presidente.
O senhor Lula disse – está publicado – em todos os meios de comunicação – que não sairá das ruas caso a presidente seja destituída do cargo; que fará oposição do primeiro ao último dia.
Como vemos, os interesses pessoais dos que estão no poder, vêm antes que os interesses do próprio país. Deixam isso claro quando dizem que irão para oposição raivosa – como, aliás sempre fizeram.
Outro dia, um governador aliado da presidente, chamou os defensores do impeachment de golpistas e irresponsáveis, e que o país não aguentaria mais 180 dias de protestos, caos, ações judiciais, etc.
Mais uma vez a ideia de que só há solução com o atual grupo no poder. Que só se dispõem a dialogar pelo bem do país se for em torno deles.
Entendo no sentido oposto. Já disse isso diversas outras vezes. A rejeição do impeachment só trará mais instabilidade ao país. A presidente não reúne quaisquer das condições necessárias ao exercício da governança e o Brasil não aguentará por mais dois anos e meio um governo que só aponte para o caos, sobretudo depois dos acordos que dizem estarem fazendo para se manterem no poder.
As contas são fáceis de serem feitas.
O governo hoje não reúne apoio de nem um terço do congresso nacional – tanto que nem lutam para conseguirem 170 parlamentares para votar com o governo, mas sim trabalham para conseguirem que faltem a sessão, adoeçam, morram no dia da votação –, todo o setor produtivo do país, industria, comércio, agricultura e serviços e mais de setenta por cento da população contra o governo.
Será que imaginam que uma eventual reprovação do impeachment, ainda mais conseguida nestes moldes, dará ao governo a capacidade – que nunca possuíram – de governar o país? Que os milhões de desempregados, num passe de mágica, voltarão a ter emprego?
Outro dia fiquei abalado com o depoimento de um empresário que reflete bem – e tristemente – o momento atual. Ele dizia que teve que demitir inúmeros servidores da sua empresa por conta crise. E, indo ao supermercado, encontrou um dos ex-empregados pedindo esmolas na porta.
Esta é a situação do Brasil real. Não faz muito, um amigo me informou que teria que demitir mais de vinte empregados de sua pequena empresa e que só não fizera isso ainda por não ter condições de pagar as indenizações.
Como disse, a presidente e os seus, são pessoas que não sabem o que dizem. Não se dão conta do caos que geraram e continuam querendo o poder pelo poder, ainda que seja sacrificando ainda mais o país. Com má-fé continuam tentando desinformar e a enganar a população, principalmente, as pessoas menos esclarecidas.
O Brasil, repito, não tem como aguentar mais dois anos e meio deste governo. Podemos aguentar até seis meses de processo de impeachment com a perspectivas que saiam.
O Câmara dos Deputados e depois o Senado da República têm a responsabilidade de escolherem entre a presidente que aí está e o Brasil.
Abdon Marinho é advogado.