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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

A HORA É DE PENSAR NO BRASIL.

ALGUÉM consegue pensar no que aguarda o Brasil e os brasileiros no seguinte ao impeachment da presidente Dilma Rousseff?

Vamos supor que o consórcio Lula/Dilma negociando o país com o que há de pior na política brasileira, nas palavras deles mesmos: fazer o "diabo" para se manterem no poder, consigam impedir que 342 deputados votem pelo impeachment da presidente. 

Beleza após uma noite de rojões e festa no palácio da Alvorada, o dia seguinte se impõe e com ele a responsabilidade de governar. É aí que reside o problema: o governo já perdeu  – ou nunca teve, neste mandato –, tal capacidade. 

A vitória do consórcio governista vai piorar – e muito – a já combalida economia do país, que hoje representa muito pouco no cenário mundial. 

A crise que enfrentamos é, sobretudo, de credibilidade. Basta dizer que quanto pior a situação do governo melhor a economia reage. Há duas semanas, em oito páginas de uma das mais conceituadas revistas do Brasil, milhares de empresas assinaram um manifesto pelo impeachment da presidente, por último a Confederação Nacional do Transporte (CNT) que reúne cerca de 200 mil empresas fez o mesmo. 

Antes dela foi a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que reúne um dos poucos setores que ainda não sentiu, na sua totalidade, os efeitos da crise a recomendar aos representantes que votassem contra a presidente. Fez isso depois de mais uma manobra desastrada do governo em permitir  que um representante da  Confederação Nacional do Trabalhadores da Agricultura (CONTAG0, ameaçasse o país com invasões das propriedades produtivas na eventualidade dos parlamentares aprovassem o impedimento. O tal representante fez a ameaça dentro do Palácio do Planalto na presença da presidente, que longe de repreendê-lo fez foi assentir com a bravata. Quase todos os dias fazem comícios no palácio onde a tônica é a agressão e destempero verbal contra todos os cidadãos, que dentro do seu direito de manifestação, pedem o impedimento da presidente. Cada um usando linguagem mais belicosa que o outro. E todos contando com aplausos da presidente. 

Ora, só o fato de usar o palácio para esse tipo de coisa e assentir com todo tipo de loucura que dizem em sua frente, como mandatária da nação, já seria motivo para impedir o exercício do cargo. 

Confesso que em toda minha minha vida nunca testemunhei um governo tão mal assessorado politicamente. Até quando tentam acertar fazem errado. Lembro que ainda era agosto do ano passado quando sugeri que nomeassem o ex-presidente Lula para o Ministério da Casa Civil para fazer a coordenação do governo e acabar com aquela história de que mandava (e manda) sem ter cargo. Naquela oportunidade já se sabia que dias piores estavam por vir. Fizeram ouvidos moucos. Só agora, estando o ex-presidente acossado pela Justiça, resolveram nomea-lo, mas para fugir do alcance da lei do que para contribuir com o governo. 

Tudo que fazem é para insuflar os brasileiros uns contra os outros, quando precisamos justamente de paz.

Será que pensam que bravatas e ameaças melhorarão sua performance?

Não é segredo: defendo o impeachment. Fomos colocados na contingência de escolher entre este governo e o país. Escolho o Brasil. 

O processo de impeachment nos regimes presidencialista é sempre traumático, basta ver o tempo que temos perdido nestas discussões. O melhor seria que a presidente, reconhecendo sua incapacidade de reunir os apoios necessários para continuar à frente dos destinos do Brasil, já tivesse renunciado ao invés de prolongar uma agonia que só prejudica a todos. 

Soube que outro dia o ex-presidente Lula teria declarado que este governo só cairia "de podre". Pois bem, este governo já apodreceu antes mesmo de ser eleito. Ganhou com através da mentira deslavada, dizendo justamente o oposto do que teria que fazer. Mais: colocando na conta dos adversários as medidas que teriam que adotar. 

As palavras do ex-presidente, o comportamento da atual mandatária, revelam uma falta de postura compatível com cargo de quem esperamos que apontem um rumo para a nação. Tudo que fazem, ainda que seja a venda da nação, tem o claro propósito de manter o poder, que tornou-se, como já disse noutra oportunidade, um fim em si, não há uma preocupação com os maiores sofredores com a crise que geraram: o povo. 

O povo brasileiro é o patrão do governo – e de todos os servidores públicos –, apesar disso não tem o respeito que se deve dispensar a qualquer um, ainda mais merecida àquele que paga a conta. 

O mais grave de tudo é que temos um governo incapaz de fazer uma autocrítica. Agem como se estivessem certo. Como fizeram certo se o país teve decréscimo de quase 10% do PIB? Se milhões de brasileiros estão no desempregados? Se mais de trezentas mil empresas foram fechadas? 

Todos os demais indicadores são negativos. Ficamos só nestes. 

Ora, se são incapazes de reconhecer que erraram – e erram – na condução do país, como irão resolver os problemas do país diante de dados tão desfavoráveis? 

Vamos adiante. Quantas não foram às vezes que o governo teve a chance e oportunidade de reconhecer seus erros e tentar um pacto nacional para solucionar os problemas do país? Inúmeras. Nunca quiseram resolver os problemas da nação, sempre preferiram o caminho do engodo, da enganação. Preferiram fazer as piores escolhas. Preferiram espoliar a nação. Preferiram negar a esperança ao povo. 

A solução constitucional que sobrou ao país é o impedimento do governo. O atual não tem condições para permanecer. Esta é a realidade. A hora é de pensar no Brasil. 

Abdon Marinho é advogado.