CONDENADOS À DESESPERANÇA.
ATÉ MESMO os aliados mais fiéis do atual prefeito, ainda que não verbalizem publicamente e, que, nem às paredes confessem, reconhecem, intimamente, que a atual gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT) ficou muito aquém do se esperava. Não estamos dizendo que lhe faltou vontade. Não, de forma alguma.
Quem é o gestor que não sonha fazer uma administração que o imortalize perante a história? Talvez os néscios ou corruptos de toda sorte.
Não é o caso do prefeito. Quem o conhece diz que é uma pessoa inteligente, por outro lado nunca se lançou qualquer duvida sobre a sua honestidade pessoal. Ainda as (poucas) denúncias contra um ou outro auxiliar, jamais chegaram a alcançá-lo.
Apesar disso a administração de sua excelência deixa (muito) a desejar.
Dizia outro dia a um amigo que uma das vantagens de tê-lo como candidato era ecológica. Perguntado o porquê, disse-lhe: não precisará matar uma única árvore para o programa de governo, usará o de 2012.
São Luís, a capital de todos os maranhenses, enfrenta os mesmíssimos problemas conhecidos por todos há mais de trinta anos. É o transporte coletivo que parou no tempo – andamos pelas principais avenidas da cidade e ainda nos deparamos com os cidadãos fazendo fila atrás de postes para escapar dos raios solares; a saúde que humilha quem dela precisa; a educação que ainda hoje é socorrida por incontáveis escolinhas comunitárias; a falta de saneamento básico; o crescimento desordenado, e por aí vai.
O prefeito da capital embora contando com uma salutar parceria com o governo do estado, não tem conseguido promover o salto de qualidade que tínhamos em mente.
Os problemas já existente há trinta anos quando Gardênia Castelo foi eleita a prefeita, em 1986, com o passar dos anos, foram sendo ampliados, sem que o poder publico conseguisse responder à altura.
Os desafios de hoje, serão maiores amanhã, essa é ordem natural das coisas, sobretudo quando o poder público não se mostra capaz de enfrentá-los.
Se perguntarmos como esperamos que a capital esteja daqui a cinco ou dez anos, certamente, todos dirão que bem pior que está no momento.
A desesperança é uma característica comum. E ela tem uma razão de ser.
Como vamos esperar dias melhores se coisas mínimas não foram resolvidas nestes anos todos?
Apenas para ficar nos exemplos mais presentes na vida do cidadão: 1. São Luís até hoje não conseguiu assumir a gestão plena conforme determinado pela Portaria 2476/GM, de 17 de novembro de 2004, ou seja, tem doze anos que a cidade é gestora plena do sistema e nunca exerceu seu papel; 2. Mais uma vez os professores da rede municipal estão em greve, pode apostar que a pauta de reivindicação é mesma de sempre, falta de condições das escolas, material e tantas outras mazelas, sem contar o ainda elevado número de crianças que são atendidas em escolas comunitárias, um vexames que já deveríamos ter superado; 3. Apenas agora, no último ano de mandato, o prefeito anuncia uma licitação para o transporte coletivo.
São problemas cruciais que não têm sido enfrentados como deveriam.
É inaceitável que o município não possua condições de gerir o sistema de saúde; não é admissível que em plena capital do estado, as escolas estejam caindo aos pedaços e que ainda hoje tenhamos crianças estudando em escolas comunitárias.
Como desgraça pouca é bobagem – me perdoem os que pensam diferente –, não consigo enxergar, nos nomes que aparecem como pretensos candidatos a suceder o atual gestor, ninguém com capacidade de fazer algo muito melhor.
Já conhecemos – e não sentimos saudades –, a gestão do antecessor, que tanto não fez que conseguiu perder a eleição no cargo. Estamos acompanhando, com pesar, a administração que vem sendo feita pelo atual.
Os demais, assim como o atual prefeito, não conheço nada que os desabone, mas, infelizmente, são pessoas, que não vejo com perfil para enfrentar os imensos desafios de gerir uma cidade com tantos problemas.
Serão uma experiência, como foi com o atual. Podemos e temos o direito de fazer experiências com uma coisa tão séria?
Infelizmente, pelo menos até aqui, os partidos não colocam opções de nomes, pessoas com perfil técnico e/ou capacidade comprovada de gestão para conduzir a capital pelos próximos anos.
Os próprios partidos políticos, talvez mais preocupados com seu próprio proselitismo, seus próprios interesses, também não têm discutido com a sociedade os projetos que teriam para a capital. Nos programas partidários, sobretudos as inserções, o que vejo é o descarado uso do espaço para promover este ou aquele pretenso candidato.
Em resumo: há uma briga de poder pelo poder. Ninguém discute ou apresenta propostas claras e como iriam fazer para colocá-las em prática.
Digo isso com pesar. A capital do estado mereceria melhores opções, se é que existe, diante de um quadro político/partidário tão deteriorado.
Como disse, não é que os nomes propostos sejam ruins, pelo contrario, quase todos parecem pessoas boas – aliás, quando me perguntam sobre os nomes dispostos, digo que são todos bons… para genro ou nora, a exceção de um ou outro –, o problema é que não enxergamos, em nenhum deles o perfil ideal para dirigir uma cidade, com tantos problemas em tempos de dificuldades tão agudas. Não acredito – se isso fosse possível –, que desmanchando todos, desse para fazer um bom prefeito.
São Luís, já "quatrocentona", mereceria, muito mais. Quem sofre é o povo, condenado à desesperança.
Abdon Marinho é advogado.