AbdonMarinho - CERTEZAS, DÚVIDAS, DESGRAÇAS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

CERTEZAS, DÚVI­DAS, DESGRAÇAS.

CERTEZAS, DÚVI­DAS, DESGRAÇAS.

QUANDO MENINO, bem menino, cos­tu­mava dizer – sem nen­huma orig­i­nal­i­dade –, que na vida, só tín­hamos certeza da morte. Com o pas­sar do tempo e já com a respon­s­abil­i­dade dos adul­tos, pas­sei a dizer – tam­bém sem qual­quer orig­i­nal­i­dade –, que tín­hamos certeza de duas coisas: que um dia mor­reríamos, mas que antes disso, pagaríamos muitos, muitos, impostos.

A política brasileira, ao menos momen­tanea­mente e sem des­cu­rar da esper­ança que um dia, talvez não tão dis­tante, alcançare­mos dias mel­hores, me trouxe mais uma certeza: cer­ta­mente mor­rere­mos, com mais certeza ainda pagare­mos impos­tos e, que a classe política brasileira piora a cada eleição que passa, con­sti­tuindo para as finanças públi­cas, a mesma coisa que rep­re­senta para a plan­tação, o que os cat­a­clis­mos para as infraestru­turas das nações, as tragé­dias nucleares para a humanidade.

Tal certeza decorre de uma sim­ples análise das matérias que diari­a­mente inun­dam os noti­ciosos. A última – pelo menos até aqui, cer­ta­mente ter­e­mos out­ras antes mesmo de pub­licar este texto –, rev­ela que o Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, além de todo o mar de lama já exposto, mais uma ocu­pação: roubar moedas, um roubo silen­cioso dos gabi­netes, mas no varejo, um setenta cen­tavos, setenta cen­tavos ali, out­ros acolá, até atin­gir a estratos­férica quan­tia de 100 mil­hões, ou mais. Não bas­tasse a ati­tude de roubar já ser reprovável, há, ainda, um ingre­di­ente a torná-​la mais medonha: roubavam moedas dos tra­bal­hadores. Daque­les desvali­dos e/​ou frag­iliza­dos que pre­cisavam tomar emprés­ti­mos consigna­dos. Dia após dia, estavam lá tirando uma moed­inha dos tra­bal­hadores a quem juraram defender e pro­te­ger da explo­ração capitalista.

Sabe­mos, e as notí­cias e provas estão aí a ates­tar, que coisas bem piores fiz­eram, rou­bos bem maiores praticaram, mas, não deixa de ser emblemático que tam­bém roubassem no varejo, moed­in­has. E, logo eles que alcançaram o poder com a promessa de mod­i­ficar os cos­tumes e faz­erem tudo difer­ente do que vin­ham fazendo os par­tidos que ocu­param o poder antes deles.

Não deixa de ser irônico, mas sig­amos em frente.

Lem­bro, desde que me entendo por gente, de os mais vel­hos diz­erem: – nunca vi uma rep­re­sen­tação política tão ruim.

E, cada nova eleição tal frase se repetindo. Certa vez, ao ouvir tal colo­cação de um amigo, respondi-​lhe: – espera mais qua­tro anos que cer­ta­mente verá.

O Brasil, e isso não é de hoje, tem assis­tido o min­guar de homens públi­cos decentes. Cada vez, se cristal­iza a certeza que a ativi­dade política, a rep­re­sen­tação ou a direção dos negó­cios do Estado, não se des­ti­nam às pes­soas de bem (as exceções exis­tem ape­nas para jus­ti­ficar a regra), antes à malta de inca­pazes que uma vez no poder se mostram capazes de tudo.

A ativi­dade política virou uma espé­cie de «porto seguro» para aque­les que não servem para nada e que ingres­sam na política não para servir ao Estado e sim para servir-​se dele.

Neste cenário, o Maran­hão é um (grave) caso à parte. Por onde pas­samos temos a notí­cia ou a com­pro­vação de municí­pios destruí­dos pela ação dos agio­tas que, em face da omis­são dos cidadãos, se assen­ho­ram do poder e pas­sam a exercer, de fato, o poder político.

Estes agio­tas tornaram-​se os ver­dadeiros «faze­dores» de prefeitos, reti­rando, após as eleições, os val­ores investi­dos nos pleitos mul­ti­pli­ca­dos por uma infinidade de vezes. Isso, quando não colo­cam famil­iares ou pre­pos­tos para, através dos quais, coman­dar estes municípios.

Os exem­p­los da prática nefasta estão aí, espalham-​se pelo estado inteiro, com o risco de nes­tas eleições, sem uma ação efe­tiva dos pro­mo­tores e juízes eleitorais, e tam­bém da polí­cia, tomarem «de assalto» inúmeros out­ros municípios.

A prática da agio­tagem dis­sem­i­nada pelo estado, não está restrita ape­nas aos rincões mais atrasa­dos, há notí­cias da ação crim­i­nosa em municí­pios médios e até mesmo na cap­i­tal. São notí­cias graves, como uma dando conta de solic­i­tação de din­heiro a estes finan­ciadores infor­mais por jor­nal­is­tas para «tra­bal­harem» a cam­panha de algum ou alguns postulantes.

As polí­cias, estad­ual e fed­eral, pre­cisam apu­rar se tais notí­cias pos­suem fundo de ver­dade até para deses­tim­u­lar ideias deste tipo.

Noutra quadra, caso se con­firme isso, será mais uma des­graça a se somar a falta de per­spec­tiva dos eleitores da capital.

Não é de hoje que São Luís padece de um marasmo e os eleitores são com­peli­dos a votar mais por exclusão que por convicção.

A eleição deste ano será mais uma assim. Os eleitores não têm em quem votar e, por isso mesmo, se obrigam ape­nas a escol­her o menos ruim ou moti­var o voto no inter­esse pes­soal e momen­tâ­neo a ser obtido.

Diante do quadro posto, não tenho razão para recrimina-​los. Não é que os can­didatos pos­tos sejam ruins do ponto de vista pes­soal, até, com pil­héria chego a dizer que são todos can­didatos bons, e com­pleto, «para casar».

Sejamos fran­cos, os can­didatos colo­ca­dos à dis­posição dos eleitores da cap­i­tal, em que pese pos­suírem qual­i­dades pes­soais, que não dis­cuto, não estão à altura do desafio de admin­is­trar os imen­sos prob­le­mas que a cidade enfrenta e que pre­cisa superar. Me per­doem por tal fran­queza, temos diante de nós, e já vem de longe, exem­p­los claros de inapetên­cia geren­cial. Não são estes quadros que irão resolver os prob­le­mas de São Luís, nen­hum deles, e torço para está errado, me parece capaz de fazer de São Luís a cap­i­tal que todos os maran­henses almejam.

Lamento que os nomes colo­ca­dos à dis­posição do eleitorado «pareçam» tão inca­pazes, só espero que não sejam capazes de tudo.

Seria a des­graça total.

Abdon Mar­inho é advogado.