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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho


SUCESSÃO ESTADUAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓRCIO, QUE SERÁ LITIGIOSO. 

Por Abdon Marinho.

ATRIBUI-SE ao senador Vitorino Freire (1908-1977) a frase: “na política do Maranhão até boi avoa”. 

No primeiro texto que escrevi sobre a sucessão estadual tratei da cisão dentro da base do governador Flávio Dino em razão de ele já ter deixado clara a opção para a “sua” sucessão pelo atual vice-governador, Carlos Brandão. 

Expliquei que a reinserção do ex-presidente presidente Lula no jogo da sucessão presidencial fortaleceu o governador no cenário político local e nacional e que, para ele, diante da nova conjuntura e de suas pretensões, pareceria mais viável uma aliança com o grupo do ex-presidente Sarney.

Disse que não interessaria ao atual ocupante dos Leões fazer a chamada “transição de gerações”, pois, ainda, com um mandato de senador, com Rocha no poder, jamais seria uma liderança política como foi Vitorino Freire ou mesmo o ex-presidente José Sarney. 

Pois bem, muito embora tudo que já foi dito não esteja descartado, a “não opção” do senhor Dino pelo senador pedetista Rocha, pode ser uma questão de sobrevivência política para o primeiro, conforme veremos mais à frente. 

Como assistimos durante o correr da semana o “preterido” fez de tudo para desfazer ou mesmo mudar a decisão do governador e voltar à condição de “preferido” para a disputa. 

O “cerca Lourenço” envolveu juras de lealdade ao grupo, unidade em torno de projeto e até mesmo uma reunião com o ex-presidente Lula com direito a declarações de apoio de lideranças petistas as pretensões de Rocha, bem como, a notinhas plantadas na imprensa local e nacional de que o palanque dele teria espaço para dois candidatos à presidência da República: Lula e Ciro. 

Mais adiante os amigos verão que haverá espaço para um terceiro candidato – este oculto.

O jogo bruto para tentar se impor como candidato do grupo do governador foi tamanho que liguei para um querido amigo e perguntei: — fulano, como é mesmo aquela música de Adriana Calcanhoto que diz “... já arranhei os seus discos”?.

A música, muito boa por sinal, é “Mentiras” e começa assim: 

“Nada ficou no lugar

Eu quero quebrar essas xícaras

Eu vou enganar o diabo

Eu quero acordar sua família

Eu vou escrever no seu muro

E violentar o seu gosto

Eu quero roubar no seu jogo

Eu já arranhei os seus discos

Que é pra ver se você volta

Que é pra ver se você vem

Que é pra ver se você olha

Pra mim

…”

Se o governador não é o tolo que imagino que não seja, não deverá cair nestas juras de amor e partir, o quanto antes, para o divórcio litigioso. 

A revista Veja que se circula esta semana traz duas reportagens que têm influência política sobre o Maranhão.

A maioria das pessoas só devem ter enxergado uma: a que diz que o Maranhão está muito bem na fita de combate à pandemia, apresentando índices comparáveis à de países de primeiro mundo, citando como exemplo a Alemanha, afirmando que o número de mortes no estado por 100 mil habitantes gira na casa de 101.

Muito embora duvide de todos os números – sobre tudo –, apresentado pelo governo maranhense, não tenho elementos e provas para contestá-los. Por outro lado, isso não é o assunto para esse texto.

O que importa para o texto sobre a sucessão estadual é que os números revelados fortalece o governador comunista no cenário político brasileiro. 

Não que tenha condições de vir a ser um candidato a presidente da República, mas, certamente um nome a ser considerado para vice-presidente na chapa de Lula e sob as bênçãos do ex-presidente Sarney.

O fortalecimento do governador comunista é reforçado, inclusive, pelo próprio presidente da República, senhor Bolsonaro, que o elegeu como adversário político e alvo preferencial. 

Essa semana mesmo disse para seus que “iria varrer o comunismo do Maranhão”. 

Nunca “botei fé” em liderança política que “briga para baixo”, ou seja, presidente briga com governador; governador briga com prefeito; prefeito brigar com vereador, etc.

Toda vez que, quem está numa posição superior, briga com quem está numa posição inferior, é ela que está “descendo” para a briga, se diminuindo e fortalecendo o adversário. 

Fosse eu o presidente poderia ter a provocação que tivesse, não daria bola. 

O presidente da República faz o contrário, não só “dá bola” como “desce” para brigar. 

Voltemos ao texto.

Pois bem, como dizia, não creio que o “cerca Lourenço” ou mesmo as “juras de amor eterno” surtam os  efeitos almejados pelo senador pedetista. 

Vejamos o gesto mais significativo da semana, na minha opinião: a “reunião” com Lula. 

Quando, lá pelos anos 2.000, ocorreu uma breve aproximação do ex-governador Jackson Lago com o ex-presidente Sarney, brincalhão como só ele sabia ser, Cafeteira, saiu-se com essa: – essa aproximação não é nada sério, diria que “só” estão “ficando”.

Pois bem, essa reunião de Rocha com Lula, as declarações de petistas em favor do pedetista, são  a mesma coisa, diria que foi apenas uma “ficada”.

A relação séria mesmo é a de Lula com Sarney. Há vinte anos, acho que desde 2001, após o “caso Lunus”, que estão juntos – já poderiam até pedir pensão mutuamente –, com o partido do ex-presidente Lula apoiando sem pestanejar os candidatos do Sarney no Maranhão, não refugaram nem mesmo para o notório Edinho, que antes levava um numeral após o nome – pelo contrário, foram com júbilo. 

Isso para dizer que Lula candidato a presidente da República estará vinculado ao projeto político de Sarney e se este estiver com o Dino, será o melhor dos mundos para ele. Ou seja, não há chances do Lula subir no palanque do pedetista, a não ser que estejam todos juntos e misturados. 

Como isso dificilmente acontecerá, o senador pedetista “queimou o filme à toa” com o pré-candidato do seu partido Ciro Gomes – que já disse cobras e lagartos e que não esquecerá a desfeita.

Uma ilustração: enquanto Rocha divulgou as fotografias de sua “ficada” com o Lula, esse, no dia seguinte, fez questão de “posar” e publicar a foto com Sarney, a relação séria. 

A segunda reportagem de Veja com reflexos e influência para a sucessão maranhense é que fala de uma “República de Planaltina”, uma propriedade de um advogado brasiliense, onde as grandes decisões do governo Bolsonaro são tomadas. 

Esse advogado, apesar de jovem tem grandes influência junto aos Bolsonaro e a reportagem até traz uma foto do senador Flávio Bolsonaro na propriedade, que pelas fotos é muito bonita.

A essa altura um amigo meu diria: — Abdon, eu “buguei”. O que a tal “República de Planaltina”, família Bolsonaro, têm a ver com a eleição do Maranhão?

Poxa, lamento, mas vou já demitir algum assessor do governador que não mostrou a reportagem a ele e/ou não fez a leitura política. 

É o seguinte, meus amigos, o advogado referido na reportagem de Veja como estando “mandando e desmandando no governo Bolsonaro” e fazendo todos os tipos de negócios a partir da tal “República de Planaltina” é tido como “unha e carne”, com o senador maranhense. 

Lembram que na época em que o advogado  foi preso – fato que se deu capital maranhense –, noticiou-se que ele estava aqui para assumir o comando da Televisão Difusora, supostamente arrendada pelo senador pedetista? 

A amizade entre ambos é tamanha – e o senador provou isso –, que foi visitá-lo na cadeia. E fez isso publicamente. 

Além da amizade, dizem que há muitos negócios envolvidos nas altas rodas da República. 

Se o governador, que já vinha com “um pé atrás”, com receio de perder o protagonismo na política do Maranhão com a eleição do senador, caso tenha lido a reportagem deve ter “puxado o freio de mão” e dado um “cavalo de pau”. 

Diante do que está posto, da teia de interesses envolvendo a tal “República de Planaltina”, os Bolsonaro, etc., a “cabeça do governador numa bandeja de prata” talvez seja o prato principal oferecido aos poderosos da República. 

Vou dizer novamente a minha opinião – que ressalto, como dito no texto anterior –, apenas uma opinião que pode ser equivocada. 

Quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, embora conhecido como falastrão, vai a público dizer que “vai varrer o ‘comunismo’ do Maranhão”, é bem provável – e faço essa conjectura a partir da reportagem de Veja –, que não esteja “fazendo suas contas” com a vitória de um “aliado de primeira hora” do seu projeto político –  que, conforme trataremos nos textos adiantes, são candidaturas incipientes, se comparadas às que já estão postas –, mas, sim, com a vitória de um “aliado incidental”, no caso o senador pedetista, a partir das conexões oriundas da “república de Planaltina”. 

Seriam ele e a tal república os responsáveis por “varrer o comunismo do Maranhão”, como “decretou” o presidente Bolsonaro. 

Assim, Bolsonaro seria o terceiro presidenciável no palanque pedetista. 

Em tal conjuntura, não é descartado que todas as forças políticas do estado vinculadas ao governo federal e ao projeto bolsonarista se agreguem na candidatura do senador pedetista.

Ao governador restará partir para o divórcio litigioso com o senador e agrupar suas forças com os partidos que lhe são aliados diretamente, com as forças políticas ligadas ao grupo do presidente Sarney e tendo o ex-presidente Lula como grande fiador. 

É, meus amigos, como dizia Vitorino, “na política do Maranhão até boi avoa”. 

 

Abdon Marinho é advogado. 

 

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