AbdonMarinho - OS INIMIGOS DA NAÇÃO NÃO DESCANSAM.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

OS INIMI­GOS DA NAÇÃO NÃO DESCANSAM.

OS INIMI­GOS DA NAÇÃO NÃO DESCANSAM.

Por Abdon Marinho.

ATRIBUI-​SE a Car­los Lac­erda, um dos mais impor­tante politico brasileiro, a expressão: “O preço da liber­dade é a eterna vig­ilân­cia”.

Há quase um mês que se criou no país um fre­n­esi em torno do “hack­ea­mento” crim­i­noso de supostas con­ver­sas exis­tentes entre os inte­grantes da força-​tarefa do Min­istério Público Fed­eral respon­sáveis pela “Oper­ação Lava Jato” e destes, sobre­tudo, do chefe da oper­ação, Deltan Del­lagnol, com o ex-​juiz Sér­gio Moro, prin­ci­pal respon­sável pelo êxito do com­bate à cor­rupção no nosso país.

Emb­ora por duas vezes neste período tenha escrito sobre o assunto (Crimes, Vaza­men­tos e Política e Moro: Entre a Vin­gança e o Medo), tenho relu­tado em sair na defesa das viti­mas do ato crim­i­noso – o ex-​juiz e procu­radores –, na expec­ta­tiva que dos vaza­men­tos suja algo que me faça “queimar a lín­gua”, como dizia-​se lá no meu interior.

Mas, até por dever de ofí­cio, tenho con­ver­sado com alguns cole­gas advo­ga­dos, com juízes, desem­bar­gadores e quase todos (a exceção de um ou outro com afinidades ide­ológ­i­cas com par­tidos “apaixon­a­dos” pelo ex-​presidente Lula) externaram que, até aquele momento em que está­va­mos con­ver­sando, não tin­ham “visto” nada que fugisse da “nor­mal­i­dade” dos diál­o­gos cotid­i­anos entre juizes, pro­mo­tores e advo­ga­dos.

Ao ir con­ver­sar com os mag­istra­dos o fiz para pedir por meus clientes. Fui pedir que exam­i­nassem tais cir­cun­stân­cias, levar memo­ri­ais, dis­cu­tir min­has teses de defe­sas.

Bem rece­bido por todos – com as escusas dev­ida aos meus cabe­los bran­cos –, e aprovei­tando o “gan­cho” do falso escân­dalo, já aden­trava aos gabi­netes de suas excelên­cias gal­ho­fando: – doutor, vim ter uma con­versa “imprópria” com o sen­hor. Quero que o sen­hor veja isso, vote assim nesta tese, absolva meu cliente por isso e por aquilo.

Tão nor­mal que ninguém me deu ordem de prisão.

Depois de con­ver­sar com mais de dez mag­istra­dos, con­forme nar­rado, saiu uma nota ofi­cial da Asso­ci­ação dos Juízes Fed­erais — AJUFE, sub­scrita por quase trezen­tos juízes, cor­rob­o­rando com a tese de que tais diál­o­gos, ainda que ver­dadeiros – uma vez que já ficou demon­strado ser pos­sível a manip­u­lação dos mes­mos –, não con­tém nada que con­sti­tua ilíc­ito e que os mes­mos não fogem da rotina de diál­o­gos entre mag­istra­dos e partes (Min­istério Público e defesa).

Pois bem, há quase um mês que ameaçam o país – e as insti­tu­ições –, com supostas rev­e­lações “bom­bás­ti­cas” sem que as mes­mas ocor­ram.

Além do site The Inter­cept, vieram, primeiro, a Folha de São Paulo cele­brou parce­ria com o site na intenção, suposta­mente, de apre­sen­tar provas con­tun­dentes de ilíc­i­tos – não o fez.

Por der­radeiro, a revista Veja, que tam­bém cele­brou idên­tica parce­ria, disse ter anal­isado “palavra por palavra” 649 mil diál­o­gos forneci­dos pelo site The Inter­cept —, que obteve em “primeira mão” o mate­r­ial ori­undo do crime –, e não apre­sen­tou, pelo menos, ao meu sen­tir, algo de sub­stan­cioso, pelo con­trário, aquilo que disse ser a prova cabal do con­luio, como por exem­plo, o fato do juiz ter cobrado a man­i­fes­tação do MPF em pedido da defesa sobre soltura de deter­mi­nado preso, con­stava dos autos e ben­e­fi­ci­ava o preso e não a acusação. Prova disso é que o juiz deferiu a prisão domi­cil­iar do mesmo con­trar­iando a opinião do órgão de acusação.

Outro “tiro no pé” da matéria de Veja foi a instrução de deter­mi­nada prova.

Segundo os autos con­sta que a prova não serviu de nada e que os réus foram absolvi­dos de tal acusação.

Assim como a Revista Veja, a Folha de São Paulo fez insin­u­ações e ilações que foram des­men­ti­das pelo sen­hor Léo Pin­heiro, que se encon­tra há mais de três anos preso, que disse serem legit­i­mas as afir­mações que fez sobre os paga­men­tos de propinas ao ex-​presidente Lula, em carta, de próprio punho, encam­in­hada ao jornal.

Vive­mos dias difí­ceis, sob ataques diver­sos, daí, acred­ito ser necessário que exam­inemos as coisas dis­tante dos ape­los ide­ológi­cos ou das paixões polit­i­cas.

A primeira ver­dade que se tem é que o mate­r­ial foi obtido de forma crim­i­nosa. A segunda, que é pací­fico – pois já provado –, que o mate­r­ial, pro­duto do crime, pode ser adul­ter­ado. Sem­ana pas­sada o site The Inter­cept fez isso ao mudar por duas ou três vezes os autores de deter­mi­na­dos diál­o­gos.

Assim, deve­mos anal­isar, seja pela pro­cedên­cia crim­i­nosa, seja pela pos­si­bil­i­dade de adul­ter­ação, com o máx­imo de ressal­vas, pois o que inter­essa ao país – e aos homens de bem –, é a ver­dade.

E, até prova em con­trário, parece-​me assi­s­tir razão ao ex-​juiz Sér­gio Moro, quando diz não ter se desvi­ado de sua mis­são.

Digo isso porque, ape­sar de vitima de um crime, propôs na sessão da Comis­são de Con­sti­tu­ição e Justiça do Senado, que todo mate­r­ial crim­i­nosa­mente obtido – sem pre­juízo de sua divul­gação –, fosse encam­in­hado ao Supremo Tri­bunal Fed­eral para, sob o escrutínio das autori­dades com­pe­tentes, se ver­i­fi­casse sua aut­en­ti­ci­dade e con­teúdo.

Quem se dis­põe a fazer o mesmo?

Até agora não vi nen­hum dos supos­tos defen­sores da democ­ra­cia, dos pre­ocu­pa­dos com o estado de dire­ito defend­erem algo pare­cido.

Pref­erem ficar fazendo “Car­naval” nas redes soci­ais e out­ros meios de comu­ni­cação a cada noti­cia de novo vaza­mento, dando a sua inter­pre­tação ou abraçando a inter­pre­tação do jor­nal­ista.

Isso não me parece cor­reto.

Inda­gado sobre o mate­r­ial o rep­re­sen­tante (ou dono) do site The Inter­cept disse que iria divul­gar os fatos à medida que o mesmo fosse edi­tado “jor­nal­is­ti­ca­mente” e con­ve­niente fazê-​lo – algo neste sen­tido. Disse isso numa Comis­são da Câmara dos Dep­uta­dos e ninguém o admoestou ou ficou atento para isso. Qual o sig­nifi­cado destas palavras? Alterar, edi­tar, fazer “truncagem” do que foi dito, divul­gar só o que inter­essa à sua pauta?

Muda-​se uma vír­gula no texto e todo o sen­tido muda.

Quem parece ter medo da ver­dade? O ex-​juiz que propõe a entrega do mate­r­ial para afer­ição de aut­en­ti­ci­dade e con­teúdo ou os seus detra­tores que querem ocultar?

Por que, tanto o jor­nal­ista quanto os seus defen­sores se recusam aten­der a pro­posta do min­istro de entre­gar – sem qual­quer pre­juízo da divul­gação –, o mate­r­ial obtido de forma criminosa?

Indifer­ente a caute­las bási­cas, vejo diver­sas pes­soas tratando estes vaza­men­tos como “ver­dades bíbli­cas”, sem ver­i­ficar, primeiro, se são ver­dadeiros e, segundo, qual o con­texto e provas que os embasam. Já ati­raram a primeira pedra, sem olhar para as próprias vidas.

Ora, já vimos que os tex­tos podem ser adul­ter­ados; já vimos que podem ser con­tes­ta­dos, como o fez em carta à Folha de São Paulo o con­de­nado Léo Pin­heiro; já vimos que aquilo apre­sen­tado como escân­dalo por Veja se encon­tra nos autos – e tan­tas out­ras ilações ou sim­ples­mente fofo­cas.

Por outro lado, não pre­cisa ser um gênio para saber que exis­tem muitos inter­esses políti­cos e finan­ceiros em jogo – ainda que para isso ten­ham que destruir o país –, e que estes “inimi­gos da pátria” vão con­tin­uar a persegui-​los.

Os homens de bem pre­cisamos ficar aten­tos a isso. Não ape­nas aos inter­esses políti­cos ou finan­ceiros mas, tam­bém, o que move cada um.

Antes desta série de vaza­men­tos pouco tinha ouvido falar deste site, mas bas­tou pesquisá-​lo sobre o que pub­li­cou nos últi­mos tem­pos para perce­ber sua clara iden­ti­fi­cação, não com o bom jor­nal­ismo, mas com a pauta ide­ológ­ica do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT e seus satélites.

Todos (ou quase todos) que assi­nam matérias no site – ao menos no período pesquisado – têm afinidades ou são lig­a­dos a estes par­tidos e às suas pau­tas. Basta dizer que o “dono” do site é casado – ou vive em união homoafe­tiva –, com um dep­utado do PSOL.

Qual é a prin­ci­pal pauta desta turma?

No momento, soltar o ex-​presidente Lula preso há mais de um ano em Curitiba, Paraná, con­de­nado no primeiro processo pelo ex-​juiz Moro, com a con­de­nação man­tida pelo TRF4 e STJ e depois retomar o poder.

Não é uma mis­são fácil e depende do tempo.

O ex-​presidente já foi con­de­nado em dois proces­sos (o primeiro con­fir­mado em todas as instân­cias ordinárias da Justiça e o segundo em vias de ser con­fir­mado pelo TRF4), e não tar­dará a ser con­de­nado em mais um ter­ceiro e quarto proces­sos (estes já em vias de serem jul­ga­dos) em Curitiba e Brasília.

A solução que lhes pare­cem mais viável – emb­ora não resolva todos os prob­le­mas, mas que o per­mi­tirá ir se esquivando da prisão (se con­seguir sair dela), e respon­der até as der­radeiras instân­cias em liber­dade –, é “acabar” com a Oper­ação Lava Jato, a par­tir da desmor­al­iza­ção do ex-​juiz e procu­radores que atu­aram na mesma.

Esse é o ver­dadeiro obje­tivo: acabar com a Oper­ação Lava Jato, soltar todos os pre­sos, anu­lar todos os proces­sos e – de que­bra –, devolver aos ladrões os bil­hões de reais que nos roubaram – ou, alter­na­ti­va­mente, não importuná-​los em relação aos out­ros bil­hões de dólares que man­têm em into­ca­dos no exterior.

Não medirão esforços para con­seguir este intento.

Para isso pre­cisam, tam­bém, tirar o min­istro Sér­gio Moro e os procu­radores da Oper­ação Lava Jato, do cam­inho.

Sabem que Moro no Min­istério da Justiça e Segu­rança, tra­bal­hando em con­junto com os procu­radores, vão desmon­tar as quadrilhas e recu­perar os bil­hões rou­ba­dos e que ainda hoje per­manecem escon­di­dos fora do Brasil.

Como já disse noutras opor­tu­nidades, exis­tem pes­soas sérias, juris­tas de respeito, que foram e são con­tra a Oper­ação Lava Jato, dis­cor­daram e dis­cor­dam dos seus méto­dos – estes mere­cem nosso respeito.

Mas existe, sim, uma trama muito bem artic­u­lada para acabar com a Oper­ação Lava Jato por inter­esses políti­cos e finan­ceiros escu­sos. Sim, pelos ladrões que saque­aram o país.

Vin­cu­lada a essa trama – por ingenuidade ou inter­esses –, diver­sas pes­soas tra­bal­ham, até sem saber, na defesa das suas pautas.

Querem ver algo esquisito: a última matéria da revista Veja e seu escân­dalo de vento.

A revista cinqüen­tenária sim­ples­mente “ter­ce­i­ri­zou” sua edi­to­ria de polit­ica, a ponto do amer­i­cano, dono do site The Inter­cept assi­nar a matéria espe­cial da última edição. Ou seja, não era a revista divul­gando uma apu­ração sua, mas, ape­nas servindo de “bar­riga de aluguel” para a pauta do site. Era o rabo bal­ançando o cachorro.

Tendo estran­hado – até por pos­suir assi­natura da revista há quase trinta anos –, pesqui­sei e desco­bri que a revista Veja, na ver­dade a edi­tora Abril, que a edita, foi adquirida pelo ban­queiro con­hecido como “o ban­queiro do Lula”.

A coisa mais esquisita que vi nos últi­mos tem­pos foi assi­s­tir meus ami­gos petis­tas, comu­nistas, psolis­tas, elo­giando e “pan­flete­ando” a Revista Veja,

Diante disso e da forma como tra­bal­ham artic­u­la­dos em todas mídias, não duvi­dem que muito mais coisas veremos.

Mas, Abdon, estão é defend­endo a democ­ra­cia, o estado de dire­ito os dire­itos humanos con­tra os desalma­dos, Moro e Deltan Dal­lagnol – que, com os sig­i­los de dados devas­sa­dos, em um mil­hão ou mais de diál­o­gos, não tiveram um único ilíc­ito imputa­dos.

Não me iludo com cer­tas “boas intenções”. Estes bem inten­ciona­dos são os mes­mos que silen­ciam diante dos mais de 7 mil venezue­lanos assas­si­na­dos pelo régime de Nicolás Maduro; diante das dezenas de pre­sos políti­cos; das tor­turas; e dos estupros, per­pe­tra­dos por aquele régime, con­forme já denun­ci­ado pela ONU.

A democ­ra­cia, a Justiça que defen­dem é aquela da Venezuela.

Abdon Mar­inho é advo­gado.