AbdonMarinho - ESPECULAÇÕES PRÉ-ELEITORAIS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ESPEC­U­LAÇÕES PRÉ-​ELEITORAIS.

ESPEC­U­LAÇÕES PRÉ-​ELEITORAIS.

Por Abdon Marinho.

CAM­PAN­HAS ELEITORAIS no Maran­hão (talvez no Brasil) não têm mais prazo para começar. Agora sai-​se de uma eleição e já se emenda noutro processo eleitoral, com as respon­s­abil­i­dades das gestões cedendo lugar ao dis­curso fácil de satanás na busca de almas, no caso, de votos.

Um dos exem­p­los mais claros disso é o pro­tag­on­i­zado pelo gov­er­nador do Maran­hão, sen­hor Flávio Dino, que nem tendo “esquen­tado” a cadeira no segundo mandato, já se auto­proclamou pré-​candidato à presidên­cia da República nas eleições que só acon­te­cerão daqui a longín­quos qua­tro anos.

Emb­ora o pré-​lançamento sirva uni­ca­mente como uma espé­cie de “reserva” de espaço no campo político “auto­de­nom­i­nado” esquerdista, traz uma série de entraves para o nosso estado. Pois, se de um lado o gov­er­nador “vestido” de can­didato tem que “enx­er­gar chifre em cabeça de cav­alo” para criticar o gov­erno fed­eral e, assim, se fazer notar, por outro lado difi­culta ou causa embaraços às parce­rias insti­tu­cionais entre os entes fed­er­a­dos (estado e união) impedindo ações con­jun­tas e parce­rias estratég­i­cas em bene­fí­cio do povo que tanto pre­cisa.

O Maran­hão, todos sabe­mos, con­tinua na “rabeira” de tudo que é indi­cador econômico e social. Só existindo como estado ideal nos com­er­ci­ais governistas.

Prova disso é que recen­te­mente o Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatís­tica — IBGE, divul­gou que a renda dos maran­henses é a mais baixa do Brasil e menos da metade da renda média nacional, mais um dado neg­a­tivo para uma lista sem fim.

Trata-​se de um número escan­daloso que no oba-​oba da folia momesca não se viu uma autori­dade demon­strar pre­ocu­pação ou infor­mar à pat­uleia que medi­das ado­tarão para mudar tal situ­ação.

Ora, quem liga para o povo? O impor­tante mesmo é dizer que esta­mos muito bem, obri­gado! Que o gov­er­nador é o mel­hor e maior do Brasil (quanto a ser o maior é crível, rsrsrs) e todas essas babo­seiras de dis­curso de can­didato custeado com recur­sos públi­cos.

Ven­dem ilusões decair vive­mos na Atlân­tida enquanto os números do IBGE nos mostram que esta­mos no Sudão do Sul.

É cam­panha – com qua­tro anos de ante­cedên­cia.

Vejam o caso da Reforma da Pre­v­idên­cia. Ninguém diz que a reforma da pre­v­idên­cia é uma coisa boa, até porque não tomamos medica­men­tos (exceto alguns desajus­ta­dos) por achar bom, os tomamos por que são necessários para ficar­mos bem. (Tratare­mos de Reforma da Pre­v­idên­cia num texto específico).

Pois bem, a reforma apre­sen­tada é o fruto de estu­dos dos mais gabar­i­ta­dos téc­ni­cos do país (claro que sem­pre se pode apre­sen­tar uma sug­estão que possa mel­ho­rar ou mesmo “aliviar” uma medida mais dura), indifer­ente a isso e “vestido de can­didato”, sua excelên­cia já “se man­dou” para redes soci­ais para criticar a pro­posta a qual chamou de “desas­trosa”.

Essa crítica parte, ape­nas, do gov­er­nante que nada fez para garan­tir a sanidade das con­stas da pre­v­idên­cia estad­ual, muito pelo con­trário, que, segun­dos os téc­ni­cos mais com­pe­tentes, já este ano, talvez a par­tir de agosto, não tenha recur­sos para pagar seus segu­ra­dos.

Estas con­sid­er­ações são feitas ape­nas para mostrar os male­fí­cios da espec­u­lação eleitoral a destempo pode causar as admin­is­trações públi­cas. Antes de procu­rar encon­trar soluções, torce-​se para o caos e assim, auferir van­ta­gens.

Na política estad­ual as espec­u­lações são de todos os níveis.

Outro dia o prefeito de Paço do Lumiar, sen­hor Domin­gos Dutra, fez uma “espec­u­lação” das mais inter­es­santes e, a par­tir dela – lem­brando que são ape­nas espec­u­lação –, fare­mos algu­mas considerações.

Segundo o alcaide lumi­nense – que é do mesmo par­tido do gov­er­nador –, o prefeito de São José de Riba­mar, sen­hor Luís Fer­nando Silva, renun­cia­ria ao atual mandato, iria para alguma função no gov­erno estad­ual de onde sairia com o propósito de ser can­didato a prefeito de São Luís; o vice-​prefeito, alçado a tit­u­lar, con­duziria o restante do mandato até a posse do novo prefeito, que segundo o mesmo “espec­u­lador”, seria o con­sel­heiro Edmar Cutrim, pai do ex-​prefeito e dep­utado fed­eral Gil Cutrim.

Já tratei da história da segunda renún­cia do prefeito de São José de Riba­mar no texto “A Sedução do Erro”, mas diante da “incon­fidên­cia” do prefeito de Paço do Lumiar, que “vendendo” sua tese, fez questão de dizer que con­hece a exper­iên­cia admin­is­tra­tiva do gestor do municí­pio viz­inho desde que era neném (na ver­dade, acred­ito que o prefeito lumi­nense já ido nos anos quis dizer Nem-​Nem, que é essa cat­e­go­ria de pes­soas, geral­mente jovens, que “nem” tra­bal­ham, “nem” estu­dam), acho opor­tuno me ocu­par do assunto nova­mente.

Em sendo ver­dade a incon­fidên­cia espec­u­la­tiva do prefeito, estare­mos diante de uma “fis­sura” na base do gov­erno estad­ual. Até aqui, o senador Wev­er­ton Rocha (PDT) tra­balha como “can­didato nat­ural” à sucessão do sen­hor Dino – o que tem feito com recon­hecida com­petên­cia –, atuando, segundo dizem, como uma espé­cie de senador Vitorino Freire dos dias atu­ais, “man­dando” e “des­man­dando”, em deter­mi­nadas áreas até mais que o gov­er­nador – além da audá­cia que dis­pensa out­ros comen­tários, já faz uso da chamada “expec­ta­tiva de poder”, que foi pre­cip­i­tada com o “lança­mento” do sen­hor Dino como can­didato à presidên­cia da República. (Assunto que tratare­mos noutra oportunidade).

Na “mis­são” do senador virar gov­er­nador, a prefeitura de São Luís é peça fun­da­men­tal, até porque, as “forças dos Leões” estarão voltadas para o pro­jeto maior, do atual tit­u­lar que já “vestiu” a camiseta de can­didato a pres­i­dente.

Uma “artic­u­lação” como essa reti­rando um prefeito até aqui mal avali­ado para torná-​lo prefeito da cap­i­tal, se não conta com o “aval” dele sig­nifica que o grupo já pre­tende se rea­co­modar noutro for­mato.

Diante disso, talvez, o senador, segundo dizem, já teria procu­rado o dep­utado fed­eral Eduardo Braide – que aju­dou a der­ro­tar nas últi­mas eleições munic­i­pais –, à procura de uma composição.

O dep­utado Braide “sonha” tanto com a prefeitura da cap­i­tal que por ela “jogou fora”, pelo menos momen­tanea­mente, a chance de ser gov­er­nador. Pois, caso tivesse dis­putado o gov­erno estad­ual, como dese­jado por muitos, ainda que não gan­hasse, sairia muito forte para as eleições de 2022, con­tra o próprio Wev­er­ton Rocha e/​ou con­tra todos os demais.

Como sabe­mos preferiu a eleição “certa” ao risco do futuro incerto. Um caso típico de “meu reino por um cavalo”.

Pre­maturo, entre­tanto, dizer se o assé­dio do senador pede­tista sur­tirá algum efeito e mesmo se “serve” ao senador, uma vez que o dep­utado cul­tiva com zelo desme­dido a fama de que não ouve ninguém e, decerto, uma vez no cargo não aceitaria ser ape­nas uma “peça” na artic­u­lação maior, como uma espé­cie de prefeito dec­o­ra­tivo, sub­metido aos inter­esses do novo Vitorino Freire, segundo dizem.

É certo, entre­tanto, que sendo ver­dadeira a intenção dos Leões ter uma alter­na­tiva fora da atual cor­re­lação de forças, através de Luís Fer­nando, os dois, Braide e o prefeito riba­marense, saem na frente numa hipotética dis­puta, penso eu.

Acred­ito que erram, como disse no texto ante­rior – caso exista o inter­esse dos Leões na can­di­datura de Luís Fer­nando –, em “trazê-​lo” para um cargo, ainda que secretário no gov­erno.

O cor­reto seria “tra­bal­har” no sen­tido de ajudá-​lo a fazer uma admin­is­tração de qual­i­dade, tirando-​o das “cor­das” da má avali­ação em que se encontra.

Com razão, o eleitor dev­erá se per­gun­tar: — se ele “não deu conta” de Riba­mar, o que terá a ofer­e­cer na gestão da capital?

Mas são muitos os pre­tendentes a essa “noiva” den­tro do time gov­ernista. Cada um com seus próprios pro­je­tos e aten­dendo a deter­mi­na­dos inter­esses, como Bira do Pin­daré, Neto Evan­ge­lista, Rubens Júnior e até mesmo Duarte Júnior, recen­te­mente eleito dep­utado estad­ual com sig­ni­fica­tiva votação na capital.

O novel dep­utado estad­ual, Duarte Júnior, “son­hando” com a prefeitura da cap­i­tal e com o apoio do gov­er­nador neste intento, porém pressentindo o jogo com taman­has espec­u­lações, em pleno período momesco, sus­sur­rou uma súplica cap­i­tada por indis­cre­tos apar­el­hos de celu­lar: “— não me aban­done”. Disse no ouvido de sua excelên­cia, enquanto cobria a boca com uma das mãos.

O apelo que deu azo a diver­sas inter­pre­tações dos maledi­centes, talvez se refira ape­nas a este sonho, que logo mais ocu­pará as pre­ocu­pações do gov­er­nador que não decidirá sem causar mais trau­mas entre os pretendentes.

Fora de tudo isso estão os “out­ros”, que no caso são os “rus­sos”, cor­rendo para dis­putar a prefeitura con­tra um ou mais can­didato “da base” gov­ernista e inter­es­sa­dos “no quanto mais divi­di­dos, mel­hor”. Mas isso é assunto para outro texto.

Como disse no iní­cio, são espec­u­lações. Ape­nas espec­u­lações, que até reputo ino­por­tu­nas, mas vive­mos dias que as pre­ocu­pações indi­vid­u­ais se sobrepõem aos inter­esses cole­tivos.

Nós, pobres mor­tais, ter­e­mos ape­nas que aguardar para saber qual é o jogo que os donos do poder se preparam para jogar, somos os maiores inter­es­sa­dos, mas para eles, meros espec­ta­dores.

Abdon Mar­inho é advo­gado.