AbdonMarinho - FANTASIA!? QUE FANTASIA?
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

FAN­TA­SIA!? QUE FANTASIA?

FANTA­SIA!? QUE FANTASIA?

Por Abdon Marinho.

AINDA não foi desta vez – e não era a intenção, muito pelo con­trário –, que o gov­er­nador do estado pas­sou des­perce­bido, ou seja, sem causar polêmica, no período momesco. E, registre-​se, não foi pela avan­ta­jada massa cor­po­ral.

Só que me lem­bro, num dos primeiros car­navais, já na chefia do gov­erno, “des­filou” de amo de boi, osten­tando, inclu­sive, um vis­toso par de matra­cas (aos que não con­hecem: são dois pedaços de pau, geral­mente madeira de lei, que se usa para fazer o som da matraca).

Noutro car­naval não pas­sou des­perce­bido e “polem­i­zou” – e aí não acred­ito que tenha culpa –, ao rece­ber uma declar­ação pública de amor, em pleno cir­cuito momesco de um aux­il­iar mais afoito. Ecoou na Avenida – e foram ouvi­dos por dias nos cir­cuitos da polêmica –, os gri­tos do mancebo ado­rador, depois secun­dado por um coro de: — Dino, eu te amo! — Dino, eu te amo! — Dino, eu te amo!

Emb­ora os amantes e os loucos ten­ham trân­sito livre, con­forme ensinou-​me papai, a declar­ação pública de amor “cau­sou” durante um bom tempo nos meios políti­cos e sociais.

Aqui do meu retiro auto imposto, longe de toda efer­vescên­cia da folia e, prati­ca­mente, sem inter­net, tomo con­hec­i­mento que sua excelên­cia “cau­sou”, mais uma vez, ao apare­cer no reinado de Momo fan­tasi­ado dele mesmo, ou seja, sem qual­quer fan­ta­sia.

Arrisco dizer que a ausên­cia de fan­ta­sia de sua excelên­cia provo­cou mais alvoroço do que se tivesse apare­cido na folia com fic­tí­cia exor­nação de “pelado com uma melan­cia pen­durada no pescoço”.

Durante o dia/​noite recebi “print’s” com a fotografia do gov­er­nador (inclu­sive a que ilus­tra o texto) e alguns comen­tários de seus opos­i­tores com críti­cas à “ausên­cia” de fan­ta­sia da excelên­cia. Como se num baile à fan­ta­sia, muito em voga no pas­sado, o folião tivesse apare­cido sem o adorno obri­gatório e estra­gado a “brin­cadeira” dos demais.

Ora, a menos que se tratasse de um “baile à fan­ta­sia”, como referido ante­ri­or­mente, não vi motivos para a “ausên­cia de fan­ta­sia” da autori­dade causar tanta polêmica. Em menor escala, pelo menos na nossa provín­cia, comentou-​se mais a falta de fan­ta­sia do gov­er­nador do que a vez em que o príncipe Henry, da Inglaterra, apare­ceu com uma fan­ta­sia mil­i­tar com a suás­tica em um dos braços.

Sua excelên­cia foi ao cir­cuito de Momo “fan­tasi­ado” de comu­nista, ou seja, sem fan­ta­sia, uma vez que se diz comu­nista e é fil­i­ado ao Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB. Qual a novi­dade?

Os que não sabem o par­tido do gov­er­nador ao longo de sua história defendeu (e defende), com dire­ito a nota ofi­cial e tudo mais, os regimes mais tirâni­cos e geno­ci­das que se tem notí­cia na história da humanidade, desde o stal­in­ismo que levou mil­hões de cidadãos à morte e à prisão na antiga União Soviética ao régime norte-​coreano na atu­al­i­dade, que dis­pensa quais­quer out­ros comen­tários, pois resiste aí à vista de todos, provo­cando mortes por inanição, man­tendo cam­pos de con­cen­tração com tra­bal­hos força­dos, impondo penas cole­ti­vas e tan­tos out­ros absur­dos, inimag­ináveis na atual quadra da história; pas­sando ainda pelos regimes chinês, cam­bo­jano, albanês, todos eles, con­tando as mortes provo­cadas em milhões.

O exem­plo mais pre­sente e próx­imo da gente de régime geno­cida apoiado pelo par­tido onde o gov­er­nador do Maran­hão é das prin­ci­pais fig­uras (senão a prin­ci­pal) é o régime de Nicolás Maduro, na Venezuela, que destruiu a econo­mia e a liber­dade dos cidadãos daquele país, que reprime a pop­u­lação fam­inta, que já matou de fome sabe se lá quan­tos mil­hares de cidadãos; que provo­cou o êxodo de mais de três mil­hões de venezue­lanos, segundo a Orga­ni­za­ção das Nações Unidas — ONU; que impede a ajuda human­itária de remé­dios e ali­men­tos, enquanto os cidadãos mor­rem por falta de uma aspi­rina nos hos­pi­tais ou de fome, quando não encon­tram nada para cole­tar nas caçam­bas de lixo.

Ao meu sen­tir falece de qual­quer sen­tido criticar-​se a fan­ta­sia (ou a falta dela) do gov­er­nador quando a real­i­dade pos­sui esse nível de tene­brosi­dade referi­dos acima.

A “fan­ta­sia” do gov­er­nador compunha-​se, pelo que vi nas fotos, do boné de Mao Tsé-​Tung (não Fidel Cas­tro, como referiram-​se alguns. Mao já usava o boné em 1949, o outro dita­dor só entrou para a história dez anos depois), o geno­cida chinês que levou à morte, por baixo, setenta mil­hões de pes­soas, sua excelên­cia deve achar rel­e­vante hom­e­nagear tal figura; uma calça “verde mil­i­tar”, talvez uma hom­e­nagem ao líder cubano Fidel Cas­tro que man­dou matar, por fuzil­a­mento, mil­hares (mil­hões?) de cubanos, ape­nas por dis­cor­darem dele e do seu régime, inclu­sive, inte­grantes das chamadas mino­rias, como gays, lés­bi­cas e demais mem­bros da sopa de letrin­has; camisa em seda (chi­nesa?) uma hom­e­nagem ao régime daquele país? E, por fim, a “cereja do bolo”, os dois sím­bo­los máx­i­mos do comu­nismo em todo mundo: a foice e o martelo (dev­i­da­mente tra­bal­ha­dos em madeira de lei).

Fan­ta­sia!? Que fan­ta­sia? O gov­er­nador foi para a rib­alta “hom­e­nage­ando” ideias que respeita e fig­uras históri­cas em quem acred­ita – ainda que geno­ci­das e assas­si­nos da pior espé­cie –, fazendo política e ten­tando “tirar div­i­den­dos” até da festa de Momo.

Decerto não percebe que fica bem escarnecer do tanto de sofri­mento que as ideias que defende já provo­cou e provoca ao redor do mundo. Ou mesmo que não fica bem a um gov­er­nador – já auto­procla­mado can­didato à presidên­cia da República –, fazer tanto pros­elit­ismo de ideias retrógradas.

Emb­ora com­bi­nasse mais com o momento, uma fan­ta­sia de “fofão” não “causaria” tanto impacto.

Mas, como disse alhures, a menos que a crítica e a polêmica ocor­ram pelo fato da excelên­cia ter ido ao “baile sem fan­ta­sia”, não fazem as mes­mas quais­quer sen­tido.

Pois, pior que uma fan­ta­sia de car­naval é a real­i­dade com a qual nos defronta­mos.

Abdon Mar­inho é advo­gado.