AbdonMarinho - O DIABO, O COMUNISMO E A POLÍTICA MARANHENSE.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O DIABO, O COMU­NISMO E A POLÍTICA MARANHENSE.

O DIABO, O COMU­NISMO E A POLÍTICA MARANHENSE.

COS­TUMO ouvir, sobre­tudo, quando con­verso com os mais jovens a expressão «o Diabo é moleque». A expressão atende a uma infinidade de situ­ações. E, deve ter sua razão de ser, tanto que se coloca no mesmo título, o próprio, o comu­nismo e a política maran­hense. Mais que isso, os três estiveram ou estão entre­laça­dos como demon­straremos abaixo.

Tudo começou quando o senador Roberto Rocha (PSB/​MA), fez uma postagem em suas redes soci­ais com o seguinte teor: «Todo gov­erno tem um plano. Qual o plano do atual gov­erno do Ma? Seguir fazendo praças ruas? Ou con­tin­uar finan­ciando o comu­nismo na América Latina». Na imagem que com­punha o texto, um Diabo em ver­melho, exces­si­va­mente com­pen­e­trado, na leitura de um livro, igual­mente ver­melho, con­tendo na capa a foice, o martelo e a estrela, sím­bo­los uni­ver­sais do comu­nismo, cor­rente e par­tido ao qual se filia o gov­er­nador do estado, Flávio Dino.

Pois bem, bas­tou isso para que o senador apan­hasse mais que gal­inha para largar o choco ou, como, tam­bém, cos­tu­mam dizer lá pelo meu sertão, sofre mais que sovaco de alei­jado (posso usar a expressão por falar do boi em cima do couro).

Se bem anal­isa­dos os fatos, ver­e­mos que a «taca» no senador foi menos pela crítica em refer­ên­cia e mais pelo, assim dig­amos, «con­junto da obra». No vale-​tudo da política maran­hense é chamado a respon­der pelos atos do gov­erno do pai (19831986), quando ainda era um menino de calças cur­tas; pela admin­is­tração do irmão no municí­pio de Bal­sas; pela gestão das empre­sas da família e pelos peca­dos que come­teu ou que ainda pre­tenda cometer.

O senador, ao que parece, faz questão de cul­ti­var a má-​fama, mas, na ver­dade, ele apanha (tam­bém) porque, como já deixou claro e nunca escon­deu de ninguém, tem pre­ten­sões maiores que o Senado da República e sonha, desde sem­pre, com o gov­erno maran­hense, agora, em 2018 ou na eleição seguinte, e é isso que o atual inquilino dos Leões não quer nem ouvir falar.

Daí, com justeza ou mera­mente como estraté­gia política, tra­balha e coloca os que estão às suas expen­sas e da viúva, para aniquilar a imagem do senador. Basta dizer que o grupo político do gov­er­nador já criou e explora uma «hash­tag» com o nome do senador asso­ci­ada às palavras traição ou traidor.

Só pode ter parte com o Diabo o fato de duas pes­soas eleitas jun­tas e fazendo juras de amor eterno, em pre­juízo do Maran­hão, passem a se tratarem desta forma.

Uma ver­dadeira lás­tima não ter­mos senadores, dep­uta­dos e gov­er­nador, unidos, tra­bal­hando para tirar o estado das auguras do atraso. Se vivo fosse o meu pai, cer­ta­mente diria: «– criem tento, sen­hores, criem tento». Aos mais jovens, para os quais a expressão possa não fazer muito sen­tido, sig­nifica, tão somente, prestar a atenção no serviço ou, vocês foram eleitos para fazer algo pelo povo e não para ficarem se engalfin­hando na defesa dos próprios interesses.

Se, de um lado, temos um senador que sonha acor­dado com a pos­si­bil­i­dade de um dia ser o inquilino número um dos Leões, o governador/​inquilino não cogita deixar o posto, a menos que seja para alçar voos maiores, talvez como can­didato à presidên­cia da República ou a vice-​presidente, numa chapa da chamada esquerda brasileira, a mesma que no poder pro­duziu escân­da­los que assom­bram o mundo por sua magnitude.

O Maran­hão, decerto, só pode ter sido esque­cido por Deus ou, noutro passo não con­segue sair da lem­brança do Diabo.

Voltando à crítica feita pelo senador e essa cono­tação de explo­ração política pelas razões pouco repub­li­canas, de parte a parte, que se viu acima, somos da opinião de que a mesma não é de toda desproposi­tada ou, noutras palavras, talvez o Diabo não seja tão ver­melho quanto foi pintado.

O con­teúdo da colo­cação do senador é per­ti­nente. Até agora o gov­erno estad­ual não mostrou um plano claro de desen­volvi­mento para o Maran­hão. E ainda não fomos apre­sen­ta­dos à estraté­gia de cresci­mento nos setores chaves, com agri­cul­tura, infraestru­turas, etc. Podemos dizer, e o faze­mos com tris­teza, que pas­sa­dos dois anos (esta­mos a poucos dias disso), o gov­er­nador tem sido um prefeito medi­ano. As pou­cas con­quis­tas não são capazes de fazer inveja a um bom ou reg­u­lar prefeito.

Faz um gov­erno sem grandes ambições, inau­gura pin­tura de esco­las, praças e solta rojões por, ainda, pagar os servi­dores em dia, como se isso fosse uma grande con­quista. Com o dev­ido respeito, de gov­erno de estado, já a cam­inho do ter­ceiro ano, se esper­ava muito mais.

Uma das mais impor­tantes promes­sas de cam­panha foi a que assen­tou a trans­for­mação da MA 006, aquela que lig­aria Apicum-​Açu, no norte a Alto Par­naíba no sul do estado, na rodovia da inte­gração, um eixo para o desen­volvi­mento do Maran­hão. Alguém sabe infor­mar quan­tos quilômet­ros desta estrada já foram feitos? Será que, ainda em son­hos, existe a pos­si­bil­i­dade desta rodovia ser trans­for­mada neste quadriênio no eixo de desen­volvi­mento do estado? Lem­bro que só fal­tam dois anos com dois inver­nos entre eles.

Outra pro­pa­ganda muito inter­es­sante foi aquela em que o então can­didato diri­gia pelas MA’s da ilha prom­e­tendo transformá-​las em ver­dadeiras rodovias, dig­nas do nosso povo. Pas­samos por elas todos os dias, e sabe­mos que nada ou quase nada, foi feito, nem a obra de drenagem apon­tada com defin­i­tiva na Estrada de Riba­mar cor­re­spon­deu à altura nas primeiras chu­vas deste inverno; as obras na Forquilha, não pas­sam de um palia­tivo e andam a passo de cága­dos atra­pal­hando com­er­ciantes, motoris­tas e transe­untes; a obra na outra rodovia da ilha, MA 203, a Estrada da Raposa, com ape­nas 3 km, depois de con­sumir três anos (um de Roseana Sar­ney e dois de Flávio Dino, sem falar nos diver­sos interi­nos), a um custo igno­rado (até hoje o atual gov­erno não colo­cou uma placa, por menor que seja, infor­mando o valor da chamada requal­i­fi­cação, a ser acrescido aos 30 mil­hões de reais, orig­i­nal­mente con­trata­dos), ao que parece, não tarda a ser entregue. Depois de três anos. Ape­nas um ano para cada quilômetro de duplicação/​requalificação. Para os padrões maran­hense até que foi rápida.

Entu­si­asta da edu­cação, vibrei e elo­giei pub­li­ca­mente o «Pro­grama Escola Digna”, muito bom por sinal. Mas mesmo esse, numa das mel­hores pas­tas de qual­quer gov­erno, a da edu­cação, não tem avançado muito, as esco­las em um bom padrão, se as fiz­eram, pas­sa­dos dois anos, ainda estão longe das metas divulgadas.

Com toda certeza, repito, esperá­va­mos bem mais do atual gov­erno, sobre­tudo, con­siderando que os chama­dos oposi­cionistas (hoje gov­ernistas) sem­pre atribuíram as maze­las do grupo Sar­ney, prin­ci­pal­mente, a cor­rupção, a respon­s­abil­i­dade por todos os male­fí­cios e atraso do Maranhão.

Pas­sa­dos dois anos já passa da hora do novo gov­erno apon­tar o rumo, mostrar um plano de desen­volvi­mento con­forme instado a fazê-​lo pelo senador Roberto Rocha.

Neste sen­tido, entendo como per­feita­mente per­ti­nente a cobrança. Até porque, o senador apre­sen­tou – e logo nos primeiros dias de mandato e tem batal­hado por isso –, o pro­jeto de cri­ação da Zona de Expor­tação do Maran­hão. Um pro­jeto muito inter­es­sante e sobre o qual já escrevi.

Como disse naquela opor­tu­nidade, con­sidero a cri­ação e implan­tação da ZEMA o mais impor­tante pro­jeto para ala­van­car o desen­volvi­mento do Maranhão.

Como cobrei naquela ocasião, esta seria uma causa para unir toda a classe política e todos os maranhenses.

Infe­liz­mente, como tudo por aqui gira em torno dos inter­esses poli­tiqueiros, o pro­jeto por ser de ini­cia­tiva do senador/​demônio – na visão dos comu­nistas que estão no poder –, as chances de união são nulas. Ninguém fala nisso, ninguém batalha por isso, exceção feita ao próprio autor e uns poucos. Pelo con­trário, parece-​me que tra­bal­ham con­tra, quando, por todos os meios, ten­tam desqual­i­ficar o autor e a iniciativa.

As vezes me pego a pen­sar se algum dia os políti­cos do Maran­hão pen­sarão menos em si, nos seus pro­je­tos pes­soais, nas próx­i­mas eleições – a eleição munic­i­pal é sem­pre a prévia da estad­ual, e esta da eleição futura –, e mais nos inter­esses do estado, nos pro­je­tos que nos pos­si­bilite sair das lanter­nas dos indi­cadores e faça com que um estado, tão rico não seja habitado por um povo tão pobre.

Infe­liz­mente, a cada dia que passa, chego con­clusão que ainda esta­mos dis­tantes deste dia.

Meus sen­hores, com os políti­cos que temos, o dia­binho ver­melho ten­tando enten­der o man­ual comu­nista é o menor dos nos­sos prob­le­mas.Abdon Mar­inho é advogado.