AbdonMarinho - DILMA E A CONVICÇÃO DA IGNORÂNCIA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

DILMA E A CON­VICÇÃO DA IGNORÂNCIA.

DILMA E A CON­VICÇÃO DA IGNORÂNCIA.

Con­heci um vereador – pes­soa bonís­sima, por sinal –, que dizia (não sei se ainda diz) sentir-​se feliz por ser igno­rante e na sua ignorân­cia não par­til­har das aflições das demais pessoas.

A história atribuiu a Maria Antoni­eta – talvez injus­ta­mente –, a frase: «– se não têm pão que comam brioches”. Suposta­mente dita com turba às por­tas do mag­ní­fico palá­cio de Ver­sal­hes, ciosa pela cabeça da monar­quia francesa naque­les dias que pre­ced­eram à queda da Bastilha e a Rev­olução Francesa que mod­i­fi­cou o cal­endário e as relações políti­cas no mundo.

Qual­quer pes­soa min­i­ma­mente razoável (ainda que pos­sua ape­nas dois neurônios com um em fun­ciona­mento), sabe que o gov­erno Dilma é um cadáver insepulto, sem condições de se sus­ten­tar e com chances mín­i­mas de recu­per­ação. Tanto é ver­dade que pro­moveram uma inter­venção no mesmo, entre­gando partes ao ex-​presidente Lula e a outra parte ao fisi­ol­o­gismo do PMDB, tudo isso para garan­tir uma base sus­ten­tação no par­la­mento o que não tem se confirmado.

Como pre­ten­dem levar um gov­erno por mais três anos nes­tas condições, nego­ciando no «bal­cão» cada votação? Que con­fi­ança passa aos mer­ca­dos? Como con­vencer as forças pro­du­ti­vas do país a mais sac­ri­fí­cios se a dire­triz do gov­erno é a mesma que nos legou ao caos? Como superar a crise econômica com um gov­erno que insiste nas mes­mas práti­cas? Um gov­erno que qual­quer cred­i­bil­i­dade? Com inúmeras lid­er­anças acos­sadas pela polícia?

O Brasil, nosso país, por tudo isso, é visto como uma bomba prestes a explodir. Ninguém noti­ciou, mas pas­samos à condição de nona econo­mia do mundo (éramos a sétima e flertá­va­mos com a sexta posição).

Um olhar no noti­ciário mostra fábri­cas fechadas, pro­dução indus­trial caindo em per­centu­ais absur­dos, pre­juí­zos em toda cadeia econômica. Ao lado disso a inflação come um pedaço da renda dos brasileiros, a recessão os impede de bus­car novas ren­das e o dólar, nas alturas, reduz o valor do seu patrimônio.

Tem mais. Os juros altos já ele­varam a dívida pública em mais de 70% (setenta por cento) do Pro­duto Interno Bruto, uma dos maiores per­centu­ais do mundo.

Os dados des­fa­voráveis junto com a crise política – que só se agrava na esteira do apro­fun­da­mento das inves­ti­gações da Oper­ação Lava Jato –, já fez duas, das três prin­ci­pais agên­cias de clas­si­fi­cação de risco a rebaixar a nota do país.

O Brasil não aguenta mais três anos de clima de terra arrasada, de toma lá dá cá, de acor­dos sub­ter­râ­neos de pro­teção mútua envol­vendo quase toda hier­ar­quia de poder da República. Não se trata mais só do mandato pres­i­den­cial, em jogo, está a sanidade das insti­tu­ições brasileiras.

A situ­ação exposta acima é visível a qual­quer cidadão. Dev­e­ria sê-​la, com maior pro­priedade, à primeira man­datária da nação. Não é.

Rev­e­lando a con­vicção da ignorân­cia, a alien­ação de quem ofer­ece brioche a quem não tem um pão dormido para servir-​se, sua excelên­cia, no feri­ado da padroeira, como se estivesse vestida no manto da própria santa, desafiou que nen­hum brasileiro pos­suiria maior parte qual­i­fi­cação moral que ela, sendo os que defen­dem sua saída, den­tro das nor­mas legais, «moral­is­tas sem moral», golpistas.

Isso é que se pode chamar apa­gar incên­dio com gasolina. Ainda mais, quando no mesmo evento onde se pro­nun­ciou assim, o ex-​presidente Lula, assumiu todos os crimes fis­cais que moti­varam a recomen­dação do Tri­bunal de Con­tas da União pela rejeição das con­tas da pres­i­dente, fato inédito na história.

Não sat­is­feita, ainda apare­ceu numa entre­vista numa emis­sora de tele­visão com a mesma can­tilena, dizendo que ninguém nunca iden­ti­fi­cou ou provou qual­quer «malfeito» seu e que um even­tual processo de impeach­ment seria uma «ped­al­ada» na democ­ra­cia. Fez chiste.

Ora, as colo­cações da pres­i­dente talvez devessem entrar para a sua já famosa coleção de tolices ditas nestes anos em que ocupa a presidência.

São tan­tas que ela, não raro, é con­fun­dida com uma humorista. Não há quem não saiba de uma que ela tenha pro­ferido. E, como um per­son­agem do ane­dotário nacional, as pes­soas já dizem: “ – sabes a última da Dilma?».

A pres­i­dente do país tornou-​se uma piada mundial. Essa é a verdade.

Con­victa em seu papel de igno­rante plan­etária, finge não saber a difer­ença entre crime comum e de responsabilidade.

É bem pos­sível que, ao procla­mar sua hon­esti­dade, se refira ao pas­sado recente em que os par­entes, ader­entes e ami­gos enricaram enquanto um seu ocupou o poder, com o din­heiro apare­cendo agora em con­tas de fil­hos, noras, sobrin­hos, etc.

A pres­i­dente deve acred­i­tar não ter nada demais sua cam­panha de reeleição e mesmo sua eleição ter sido ban­cada com recur­sos ori­un­dos de propinas, con­forme diver­sos dela­tores já con­fir­maram. Este é um crime comum cuja respon­s­abil­i­dade, nos ter­mos da lei é da pres­i­dente – respon­sável pela arrecadação e gastos.

O crime de respon­s­abil­i­dade – assum­ido e con­fes­sado – está no aten­tado à lei orça­men­tária, as tais ped­al­adas ocor­ri­das em 2014 e 2015, rep­re­sen­tam bem isso.

E, emb­ora não seja pos­sível, não no momento, uma vin­cu­lação direta da pres­i­dente com a impro­bidade em série que ocorre no seu gov­erno, não há como desvincula-​la das mes­mas, seja pela incom­petên­cia, seja pela omissão.

A sen­hora Dilma acom­panha, em posição de chefia, este ciclo de poder deste que o mesmo se ini­ciou em 2003, primeiro como min­is­tra de minas e ener­gia, como min­is­tra da casa civil e como pres­i­dente, não há como dizer-​se ausente de um sis­tema que intro­duziu a cor­rupção como método de gov­erno, direta ou indi­re­ta­mente, é par­ticipe ou ben­efi­ciária dos «malfeitos».

Sim, sen­hora pres­i­dente, qual­quer cidadão brasileiro, tra­bal­hador, que passa quase metade do ano pagando impos­tos, pos­sui estatura moral para pedir sua saída do governo.

Abdon Mar­inho é advogado.