DILMA E A CONVICÇÃO DA IGNORÂNCIA.
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- Criado: Sexta, 16 Outubro 2015 15:47
- Escrito por Abdon Marinho
DILMA E A CONVICÇÃO DA IGNORÂNCIA.
Conheci um vereador – pessoa boníssima, por sinal –, que dizia (não sei se ainda diz) sentir-se feliz por ser ignorante e na sua ignorância não partilhar das aflições das demais pessoas.
A história atribuiu a Maria Antonieta – talvez injustamente –, a frase: «– se não têm pão que comam brioches”. Supostamente dita com turba às portas do magnífico palácio de Versalhes, ciosa pela cabeça da monarquia francesa naqueles dias que precederam à queda da Bastilha e a Revolução Francesa que modificou o calendário e as relações políticas no mundo.
Qualquer pessoa minimamente razoável (ainda que possua apenas dois neurônios com um em funcionamento), sabe que o governo Dilma é um cadáver insepulto, sem condições de se sustentar e com chances mínimas de recuperação. Tanto é verdade que promoveram uma intervenção no mesmo, entregando partes ao ex-presidente Lula e a outra parte ao fisiologismo do PMDB, tudo isso para garantir uma base sustentação no parlamento o que não tem se confirmado.
Como pretendem levar um governo por mais três anos nestas condições, negociando no «balcão» cada votação? Que confiança passa aos mercados? Como convencer as forças produtivas do país a mais sacrifícios se a diretriz do governo é a mesma que nos legou ao caos? Como superar a crise econômica com um governo que insiste nas mesmas práticas? Um governo que qualquer credibilidade? Com inúmeras lideranças acossadas pela polícia?
O Brasil, nosso país, por tudo isso, é visto como uma bomba prestes a explodir. Ninguém noticiou, mas passamos à condição de nona economia do mundo (éramos a sétima e flertávamos com a sexta posição).
Um olhar no noticiário mostra fábricas fechadas, produção industrial caindo em percentuais absurdos, prejuízos em toda cadeia econômica. Ao lado disso a inflação come um pedaço da renda dos brasileiros, a recessão os impede de buscar novas rendas e o dólar, nas alturas, reduz o valor do seu patrimônio.
Tem mais. Os juros altos já elevaram a dívida pública em mais de 70% (setenta por cento) do Produto Interno Bruto, uma dos maiores percentuais do mundo.
Os dados desfavoráveis junto com a crise política – que só se agrava na esteira do aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato –, já fez duas, das três principais agências de classificação de risco a rebaixar a nota do país.
O Brasil não aguenta mais três anos de clima de terra arrasada, de toma lá dá cá, de acordos subterrâneos de proteção mútua envolvendo quase toda hierarquia de poder da República. Não se trata mais só do mandato presidencial, em jogo, está a sanidade das instituições brasileiras.
A situação exposta acima é visível a qualquer cidadão. Deveria sê-la, com maior propriedade, à primeira mandatária da nação. Não é.
Revelando a convicção da ignorância, a alienação de quem oferece brioche a quem não tem um pão dormido para servir-se, sua excelência, no feriado da padroeira, como se estivesse vestida no manto da própria santa, desafiou que nenhum brasileiro possuiria maior parte qualificação moral que ela, sendo os que defendem sua saída, dentro das normas legais, «moralistas sem moral», golpistas.
Isso é que se pode chamar apagar incêndio com gasolina. Ainda mais, quando no mesmo evento onde se pronunciou assim, o ex-presidente Lula, assumiu todos os crimes fiscais que motivaram a recomendação do Tribunal de Contas da União pela rejeição das contas da presidente, fato inédito na história.
Não satisfeita, ainda apareceu numa entrevista numa emissora de televisão com a mesma cantilena, dizendo que ninguém nunca identificou ou provou qualquer «malfeito» seu e que um eventual processo de impeachment seria uma «pedalada» na democracia. Fez chiste.
Ora, as colocações da presidente talvez devessem entrar para a sua já famosa coleção de tolices ditas nestes anos em que ocupa a presidência.
São tantas que ela, não raro, é confundida com uma humorista. Não há quem não saiba de uma que ela tenha proferido. E, como um personagem do anedotário nacional, as pessoas já dizem: “ – sabes a última da Dilma?».
A presidente do país tornou-se uma piada mundial. Essa é a verdade.
Convicta em seu papel de ignorante planetária, finge não saber a diferença entre crime comum e de responsabilidade.
É bem possível que, ao proclamar sua honestidade, se refira ao passado recente em que os parentes, aderentes e amigos enricaram enquanto um seu ocupou o poder, com o dinheiro aparecendo agora em contas de filhos, noras, sobrinhos, etc.
A presidente deve acreditar não ter nada demais sua campanha de reeleição e mesmo sua eleição ter sido bancada com recursos oriundos de propinas, conforme diversos delatores já confirmaram. Este é um crime comum cuja responsabilidade, nos termos da lei é da presidente – responsável pela arrecadação e gastos.
O crime de responsabilidade – assumido e confessado – está no atentado à lei orçamentária, as tais pedaladas ocorridas em 2014 e 2015, representam bem isso.
E, embora não seja possível, não no momento, uma vinculação direta da presidente com a improbidade em série que ocorre no seu governo, não há como desvincula-la das mesmas, seja pela incompetência, seja pela omissão.
A senhora Dilma acompanha, em posição de chefia, este ciclo de poder deste que o mesmo se iniciou em 2003, primeiro como ministra de minas e energia, como ministra da casa civil e como presidente, não há como dizer-se ausente de um sistema que introduziu a corrupção como método de governo, direta ou indiretamente, é participe ou beneficiária dos «malfeitos».
Sim, senhora presidente, qualquer cidadão brasileiro, trabalhador, que passa quase metade do ano pagando impostos, possui estatura moral para pedir sua saída do governo.
Abdon Marinho é advogado.