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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho


O Pará no centro do mundo. 

Por Abdon C. Marinho.

 

EXCETO por um grupo de venusianos que desceu ontem à noite na terra não há um ser vivo no planeta que consiga ignorar a emergência climática que estamos atravessando. 

 

A cada dia, a cada mês, a cada ano os especialistas aponta que foi o mais quente – isso até o seguinte. 

 

Os rios do país agonizam, morrem de sede um pouco mais a cada dia que passa enquanto são vítimas da poluição ou da inclemente destruição provocada pelo bicho homem. 

 

Em um ano tivemos as maiores inundações na região sul do país e as maiores secas na região norte. 

 

Os chamados rios amazônicos, segundo os especialistas, estão vivenciando suas baixas históricas, rios que antes pareciam mares, minguaram e em diversos lugares já não é possível mais a navegação ou viraram desertos de areia. 

 

Este ano o país experimenta queimadas jamais vistas, onde tem vegetação parece que tem fogo, também, segundo os especialistas, quase todos frutos da ação humana, criminosa ou apenas ignorância. 

 

Conforme já confessado, o Brasil não está preparado para as tragédias climáticas, sejam enchentes, sejam as queimadas. Aliás, o Brasil nunca se preparou para nada: a poluição é  desenfreada, o desmatamento sem limites, a “grilagem” de terras, a exploração ilegal de garimpos em rios e florestas, o massacre dos povos originários. 

 

Mesmo diante de tudo isso que vivemos, o que mais temos no Congresso Nacional são parlamentares defendendo mais destruição, mais frouxidão nas leis, mais exploração desordenada dos recursos naturais. 

 

A ganância juntamente com a ignorância fazem com que matem o que “tínhamos” de mais valioso – sim, o Brasil é um país que “corre (ou deveria correr) atrás do prejuízo” para tentar minorar as consequências de anos e anos de leniência com o meio ambiente. 

 

Ainda não sei se se deram conta mas as previsões trágicas que faziam sobre o que viria a acontecer daqui a cem ou duzentos anos estão acontecendo agora. 

 

O futuro chegou – e ele não se mostra nada agradável. 

 

A realidade que vivemos no Brasil – que até bem pouco tempo contabilizava como tragédia apenas a nossa classe política, não tínhamos tornados ou furacões, não tínhamos secas tão severas ou enchentes tão fortes –, já era uma tônica de diversos outros países.

 

O mundo inteiro vive em suspense e sob a égide do medo. 

 

Enquanto fazem guerras estúpidas ou massacres insanos deveriam estar buscando alternativas para salvarem o planeta. Ainda não temos um planeta B. Logo mais, nada das coisas pelas quais ceifam tantas vidas inocentes, pelas quais se destroem tanto mutuamente fará qualquer sentido. 

 

Esse logo mais, não se refere a séculos ou milhares de anos, já podemos falar em meses, anos, no máximo décadas. 

 

É nesse cenário pessimista e desolador que coloco o Estado do Pará, Brasil, no centro do mundo. Não é o Brasil, é um estado da federação. 

 

Quando faço isso, voltando ao tema do texto, tenho por norte duas questões cruciais:

 

A primeira, ano que vem, praticamente daqui a um ano, em Belém do Pará, será realizada a COP30, a Conferência da ONU para o Clima. Essa reunião, acredito será a última oportunidade dos países entenderem que a luta que precisa ser travada é pela salvação do planeta e da vida nele existente. 

 

Diante do fracasso da humanidade é certo que essa conferência será a mais importante de todas já feitas até hoje e será a última com chances das decisões tomadas fazerem a diferença entre a vida ou morte do planeta. 

 

A próxima COP, se mais essa fracassar, não creio que tenha mais algum sentido. 

 

A segunda razão pela qual coloco o Pará no centro mundo é pelo fato, ainda dentro do contexto da emergência climática que vivemos, aquele estado ter celebrado acordo na ordem de 180 milhões de dólares com a Coalizão LEAF para apoiar os seus esforços para a redução do desmatamento. 

 

Estamos falando de quase um bilhão de reais a serem investidos naquele estado no sentido de reduzir o desmatamento. São recursos para serem investidos em apoio aos povos originários, ao desenvolvimento econômico sem desmatamento, em educação, em saúde dos povos, em preservação de nascentes e recuperação de rios, etc, – nem sei se é essa a destinação dos recursos, imagino que sim. 

 

O mais importante de tudo é que esse é apenas um “primeiro acordo”. Outros acordos com outros países ou grupos econômicos rendendo outros bilhões certamente virão – se houver uma conscientização do que efetivamente se trata –, para o estado e para os demais estados amazônicos, a partir do Maranhão, até além dos limites das fronteiras do Brasil. 

 

Trata-se um gesto significativo e concreto para a “salvação” da floresta amazônica – e que poderá servir de modelo para os demais biomas. 

 

Entretanto, é bom que saibamos, que para tal acordo renda para o clima o que esperamos que renda, e, por consequência, outros acordos sejam feitos, faz-se necessário que tenhamos resultados positivos. 

 

O Estado do Pará, assim como os demais estados brasileiros, possui enormes desafios, a serem vencidos em diversos setores, apesar disso, ao que nos parece, tem buscado e sabido aproveitar as oportunidades que tem surgido. 

 

Agora mesmo encontra-se diante de um grande desafio e de uma extraordinária oportunidade. 

 

Nesse sentido o Estado do Pará se coloca no centro do mundo, seja pela COP30, seja por esse primeiro acordo, como o grande protagonista do que se espera de positivo para o futuro do planeta e da vida. 

 

Trata-se de uma baita responsabilidade.

 

Trata-se da maior de todas as responsabilidades. 

 

Abdon C. Marinho é advogado.