BOM JARDIM E MORROS: A DIFERENÇA É O COMPROMISSO.
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- Criado: Quarta, 19 Agosto 2015 10:41
- Escrito por Abdon Marinho
BOM JARDIM E MORROS: A DIFERENÇA É O COMPROMISSO.
Costumo chegar no escritório por volta das 7 horas (as vezes antes disso). Nesta terça-feira, ao chegar observo a movimentação de uma equipe da televisão mirante em frente ao prédio do Ministério Público Estadual. Entro no escritório e a curiosidade me faz ligar a televisão para saber do que se tratava. Continuei com a televisão ligada para ver o Bom Dia Brasil quando sou surpreendido com uma matéria mostrando a grave, a caótica situação do Município de Bom Jardim no que se refere à educação.
Em que pese as enormes dificuldades com a extensão territorial de Bom Jardim (sei disso porque assessorei por oito anos a gestão anterior), a realidade é que houve uma total descontinuidade das políticas que estavam sendo implementadas, com a valorização do magistério, elevação do IDHM, que saiu de 0,332 em 2000, para 0,538 em 2010.
A partir de 2013 houve uma deterioração na administração pública em diversos setores, com a população – tanto na educação quando da saúde –, sendo obrigada a procurar o atendimento nos municípios vizinhos. O sul sendo atendido por Buriticupu e Bom Jesus das Selvas e a parte do norte, por Santa Inês, Monção e Zé Doca.
Os efeitos destes equívocos serão sentidos com mais intensidade nos anos que virão.
O Município de Bom Jardim, com 40.305 habitantes, segundo estimativa do IBGE, possui uma economia forte, a baixa densidade populacional (5,93 hab/km) favorece ao desenvolvimento da agropecuária.
O que vemos anda na contramão do que se esperava, com os escândalos se sucedendo, a guerra política, as denúncias, como as assistidas hoje por todo o Brasil, passaram a ser uma lamentável rotina.
Em carta aberta, distribuída nas redes sociais, são refutadas pela prefeita as afirmações da reportagem. Não cabe aqui tecer aqui juízo de valor sofre as afirmações da prefeita. Cabe às autoridades apurar o que foi relatado na matéria quanto a existência ou não de crimes e quem os praticou, levando-os a responder nas instâncias competentes.
Escolas funcionando em taperas, latadas de palha e chão batido, ou funcionando em alpendres de residências particulares, conforme mostradas na reportagem, diante dos montantes relatados como investidos no setor, revelam, no mínimo, a falta de compromisso da gestão.
Ainda que seja inocente das graves acusações que lhe são imputadas, o comportamento da prefeita – e isso é mostrado em suas próprias postagens nas redes sociais – revelam uma injustificável despreocupação com a situação dos seus administrados.
No último domingo, 16/08, estive na zona rural do Município de Morros, fui lá, a convite da prefeita, para inauguração de um Polo Educacional Rural que conta com laboratório de informática equipado com 10 computadores conectados à internet banda-larga, e disponibiliza rede Wi-Fi em um raio de 200m; o Polo conta ainda com biblioteca, refeitório, secretaria, sala de professores, 06 salas de aula e tem capacidade para atender mais de 500 estudantes.
Já é o quinto polo educacional construído na atual gestão com recursos próprios do município. O sexto, o primeiro com recursos do governo federal, será inaugurado em novembro. A melhor iniciativa para atender quase 245 comunidades espalhadas em um município em que o transporte só permitido com veículos traçados.
Com quase metade da população de Bom Jardim (18.747 habitantes) o Município de Morros, apesar do IDHM 0,548, é um dos mais pobres.
O solo da região não favorece a agricultura, exceto a de subsistência. O turismo ainda exigirá muito investimento para se tornar uma atividade econômica determinante do desenvolvimento.
A estimativa dos recursos do Fundef corresponde, também, a metade dos percebidos pelo Município de Bom Jardim, visto calculada sobre o número de alunos.
Claro que muito ainda precisa ser feito para resolver o problema educacional de Morros, mais polos, mais tecnologia, mais bibliotecas. Entretanto, diferente de Bom Jardim, percebe-se iniciativas neste sentido. O município conseguiu economizar recursos para construir escolas e garantir uma educação de mais qualidade aos estudantes da zona rural. Todos os polos são do padrão do mostrados nas fotos.
A diferença é a existência de compromisso da gestão que não esperou pelo governo federal ou estadual para tomar a iniciativa de fazer algo.
As dificuldades nos municípios brasileiros é uma realidade. A crise econômica tem reduzido a capacidade de investimento e exigido competência dos gestores para conseguir fechar as contas no fim de cada exercício.
A sociedade brasileira vem, ao longo dos anos, esquecendo disso. Acha que para administrar qualquer um serve. Um engano que faz com que todos paguem muito caro.
Além de competência é necessário que o gestor tenha sensibilidade e compromisso com a coisa pública. Estas são qualidades que diferenciam as gestões.
Tanto Bom Jardim quanto Morros são administrados por mulheres. Ambos padecem em maior ou menor grau das mesmas dificuldades. Entretanto, embora Morros tenha uma economia mais frágil, apresenta, graças aos esforços de sua administração, resultados bem mais efetivos para toda a comunidade.
Abdon Marinho é advogado.