Tomem tenência, senhores
Uma criança inocente morreu num bárbaro crime que desafia a compreensão de qualquer ser humano. Eu, pelo menos, não consigo entender como alguém possa ter coragem de jogar combustível sobre crianças e atear fogo. Vai além de qualquer classificação tamanha torpeza.
Apenas esse fato em si, já seria motivo para despertar uma grande interrogação ou fazer pensar a sociedade em que vivemos. Entretanto, o que se ver por aqui são autoridades e seus xerimbabos colocarem a gravidade do crime em segundo plano e começarem uma vergonhosa e odienta politização da crise.
Desde a sexta até hoje, o que assisto é ao jogo de empurra-empurra, a atribuições de culpas e a exploração política. A criança imolada e cada um mais preocupado o que posso perder ou que posso ganhar com isso.
E nos últimos dias, enquanto muitas autoridades, governadora, prefeito, deputados estaduais e federais, senadores, vereadores, sumiam, as autoridades que apareciam era apenas para tentar tirar alguma vantagem, direta ou indireta do fato ou para dizer que a culpa, a responsabilidade era do outro.
Aparelho de segurança colocando a culpa no judiciário, outros colocando a culpa no aparelho de segurança. Apareceu até quem achasse que era hora para criticar a falta de condições da rede de saúde do município.
Foi assim no sábado, domingo e principalmente na segunda. Redes sociais, blogues, programas de rádio. Todos, de uma forma ou de outra, trataram de colocar em segundo plano o que de fato interessava: os criminosos enfrentando o estado, aterrorizando a população. Esse é o principal problema.
Diante dos ataques a governadora, mandatária maior do estado, deveria comandar a reação do estado, acalmar a população, assistir os necessitados e não apenas hoje, com notas e aparições na TV. A reação ficou por conta do secretário de segurança, que ao longo dos anos em está à frente da secretaria não conseguiu conquistar a confiança nem dos comandados quanto da população.
Se não me falha a memória as vítimas mais graves foram levadas para o Socorrão II, uma unidade de saúde que sabemos está muito longe de atender satisfatoriamente quem que que seja muito menos a vítimas de uma guerra declarada contra o estado.
As vítimas da guerra, foram tratadas como um caso normal, corriqueiro do setor de emergência e não como vítimas de uma guerra que não pediram para participar e da qual sequer puderam fugir devido a covardia dos facínoras.
Nesta segunda, as notas oficiais dos governos estadual e municipal, nas quais informam que estão solidários, se colocam à disposição. Em seguida as noticiam que estão assistindo as vítimas e seus familiares, com cestas básicas, apoio psicológico, etc.
Indago, porque não assistiram desde o primeiro momento? Por que não chegaram no momento em que ocorriam os ataques ou logo em seguida? Por que passaram um final de semana inteiro sem considerar a gravidade da situação das vítimas?
Não estou dizendo que a menina poderia ser salva se as autoridades tivessem agido rápido, talvez deslocando a paciente para uma unidade de queimados de referência, em absoluto, sabemos o quanto é difícil o tratamento para queimaduras tão graves, mas não podiam ter tentado? Não podiam no momento que os ataques iniciaram chamar a responsabilidade para si e assistir as vítimas, levá-las aos melhores centros ao invés de deixá-las por não sei quanto tempo num hospital como o Socorrão II, que sabemos não oferece condições razoáveis para um atendimento deste tipo?
Não. Com relação ao tratamento das vítimas o que tivemos foi a manifestação do secretário de saúde do estado denunciando as péssimas condições do hospital e que o município desativara a unidade de queimados e continuava a receber recursos por um serviço que não prestava.
Em seguida foi a vez do município negar a existência da unidade de queimados e nunca recebera por tal serviço para aquela unidade. Enquanto isso as vítimas, pelo que se via, continuavam num hospital sem condições de atendimento adequadas.
As autoridades do Maranhão, ao que me parece, só agora se dão conta de todo o risco que correu a população, quer dizer, imagina-se que tenha se dado do risco que correu é que ainda corre em face de tão precária estrutura de se segurança. Ignoraram a declaração de guerra dos criminosos, depois ignoraram o tratamento que deveriam dá as vítimas preferindo ficar no jogo de empurra para uma questão em que a coisa mais fácil é identificar os culpados.
Meus senhores, os culpados são todos. Meus senhores, ao invés de se ocuparem de assuntos eleitorais se ocupem dos interesses do estado e finalmente, senhores, tomem tenência.