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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

OH, DÚVIDA.
Não sou muito bom de piadas, mas até onde lembro, era mais ou menos assim:
O cidadão tinha sérias desconfianças que a patroa estava enfeitando suas testas com algo a doer mais no orgulho ferido que fisicamente. Por conta disso resolveu seguir a dona. Viu-a encontrar com um rapaz muito bem apessoado e seguirem para o motel. Seguiu atrás. No motel os viu tirar a roupa e começar uns amassos bem atrevidos. Viu a patroa ficar nua em pelo e rapaz tirar a cueca. Quando este tirou a cueca a atirou sobre o trinco da porta cobrindo o buraco da fechadura. O marido, levanta-se e exclama: – Essa dúvida é que me mata!
Experimento sensação idêntica à da piada quando converso com alguns amigos que apoiam o governo Dilma.
A lama da corrupção já atingiu quase todos do governo, quase todas as lideranças partidárias envolvidas nos escândalos que só são superados por seus próprios recordes de bandalheiras, estas praticadas em escala mundial e histórica, e ainda assim, estas pessoas, muitas até bem cultas e inteligentes, defendem este governo e seus desacertos. Vão além, a culpa de tudo é mídia direitista, conservadora; a culpa é da oposição; a culpa é da sociedade repleta golpistas.
A situação chega ao ponto que é impossível debater ou simplesmente emitir uma opinião.
A Operação Lava-Jato da Polícia Federal é um laboratório perfeito para o que vem ocorrendo. A patuleia já tomou conhecimento que este – o escândalo apelidado de petrolão –, é o maior, em envolvimento de autoridades e empresários, de recursos desviados, do mundo. Mais que isso, de todo mundo, em toda a sua história.
O país opera com uma das mais altas taxas de juros do mundo, o último aumento (virá outros), elevou para 14,25, os juros do cartão de crédito – que socorre os mais humildes nas suas despesas corriqueiras – chegou no mês passado a 372% ao ano, este mês deve passar dos 400% ao ano; no mesmo caminho segue o cheque especial.
A inflação não arrefece, já beira os 10% (dez por cento).
O crescimento para este ano deve ser negativo em quase 2% (dois por cento).
O país, um dos maiores do mundo, não exporta quase nada, ficando à frente apenas de uns poucos países exportam menos que o Brasil.
O modelo adotado privilegia o sucateamento da indústria nacional. Basta se verificar nos centros comerciais, quaisquer um, a origem dos produtos que vendem. Quase tudo é importado. Os entraves tributários, trabalhistas, a corrupção, somados ao sucateamento, faz com que o país volte ao estágio colonial, exportando manufatura e importando todo o resto.
O Brasil não aproveitou os tempos de bonança para crescer, investir no setor produtivo. Pelo contrário, investiram na política demagógica, no pão e circo, saiu por aí construindo estádios de futebol ao invés de rodovias, ferrovias e hidrovias. Preferiram apostar na construção de shopping Center ao invés de investir no parque industrial.
Pior de tudo é que não se dão conta dos equívocos. Não possuem um diagnóstico dos nossos problemas. Agora mesmo, numa reunião com os governadores, a presidente da República aponta como responsável pela crise que atravessa o país, a conjuntura internacional. Trata-se de uma mentira deslavada. Uma grosseira falta de conhecimento. Como ninguém tem coragem de dizer que a análise está errada, continuam levando o país para o abismo.
Agora mesmo o país vai gastar comprando aviões de guerra. Vão gastar uns bilhões com isso. São necessários, no momento? Estão dentro das prioridades nacionais essa compra? Não poderiam aguardar?
Noutra frente o governo brasileiro – que lá atrás festejou o acordo com a Ucrânia para desenvolver tecnologias de lançamento de satélites a partir da base aérea de Alcantara, no Maranhão – motivado por razões nebulosas, fez de tudo para sabotar o acordo de parceria, tendo por fim, oficializado o rompimento do acordo binacional. Isso depois de provocar um prejuízo de mais de um bilhão de reais.
A situação do país é como de uma nau à deriva, em que os seus dirigentes mais motivados, por um tosco voluntarismo, que pela realidade, dizem que tudo está bem, que tudo vai ficar bem. Como, se sequer são conscientes dos problemas que afetam a nação? Como se preferem colocar a culpa na conjuntura internacional, na mídia, na oposição, que a enxergar suas próprias falhas?
A presidente apela, na reunião com os governadores, a uma espécie de pacto nacional, mas usa premissas falsas. Não tem como funcionar.
Assim como não funciona a estratégia de fingir que a crise que nos afeta é artificial e que irá sumir num passe de mágica. Não vai. E não adianta fingir que ela não existe ou agir como aquele marido do começo do texto.
Oh, dúvida!
Abdon Marinho é advogado.