AbdonMarinho - ROTINA DE CRIME E IMPUNIDADE.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 21 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ROTINA DE CRIME E IMPUNIDADE.

ROTINA DE CRIME E IMPUNIDADE.

A sequência de violência con­tra a mul­her já é algo que não sur­preende ninguém. Não há um dia em que não se tenha notícia de um assas­si­nato, de uma agressão, de uma exploração. Em alguns dos nos­sos escritos já trata­mos deste assunto. Aliás essa é uma estatística feita na casa das horas, minutos…

Na segunda-​feira pas­sada, dois dias após a comem­oração ao dia Inter­na­cional da Mul­her, mais um crime con­tra uma mul­her, uma jovem, ado­les­cente, quase criança de 14 anos, assom­brou a sociedade. Assas­si­nada pelo ex-​namorado, teve como difer­en­cial ape­nas a certeza que esse, ficará na impunidade, na eterna impunidade brasileira. Não que muitos out­ros não fiquem. Essa, aliás é a regra. Só que neste caso, impera a certeza que o crim­i­noso não respon­derá, como dev­e­ria. pelo bárbaro assas­si­nato, cumprirá, no máximo três anos de internação, quando sairá, livre, leve e solto e sem nada na sua ficha criminal.

Pois é, como já perce­beram esta­mos falando, mais uma vez, de crimes cometi­dos pelos nos­sos já famosos \«de menor\», esses jovens que sabem tudo, que podem tudo, inclu­sive matar, tor­tu­rar, traficar e só não podem respon­der pelos seus deli­tos. E usam isso para se tornarem cada vez mais desumanos e cruéis.

D. Rose­mary, mãe de Yor­rally, vai con­viver com o vazio de esperar para sem­pre por sua filha que não chegará do colégio, da rua, do aniversário de algum amigo. Assim como aque­les pais que tiveram o filho assas­si­nado na porta de casa, quando chegava do tra­balho. Assim como tan­tos out­ros pais, irmãos e fil­hos terão que con­viver com a ausência de seus entes queri­dos, terão que con­viver com a certeza que estes entes mor­reram impune­mente. Seus algo­zes não sofrerão a repri­menda da lei.

O menor-​assassino de Yor­rally, estava há dois dias de com­ple­tar 18 anos, assim como o assas­sino do jovem Vic­tor Hugo Depp­man. Ambos sabiam que jamais seriam punidos. Neste último assas­si­nato, o assas­sino com requintes de cru­el­dade, fil­mou a jovem enquanto ela implo­rava, até pelo amor de Deus, que a matasse, e, não só ignorou seus ape­los e a matou, como ainda dis­tribuiu as ima­gens do ato inqualificável aos ami­gos através de men­sagens de celu­lar. Agora você me diz, um cidadão capaz disso não sabia o que fazia? Não tinha con­sciência dos atos? É uma vítima da sociedade e por isso mere­ce­dora do apoio e da com­paixão do Estado? Não deve e não será punido?

Já disse diver­sas vezes que esse tipo de leg­islação que acoberta assas­si­nos, de qual­quer idade, presta um desserviço à sociedade e a própria juven­tude. O que mais temos vis­tos nos últi­mos tem­pos são ado­les­centes, cada vez mais jovens, ingres­sarem no cam­inho do crime. São usa­dos por crim­i­nosos maiores para come­ter seus crimes ou para assumi-​los em seu lugar. Hoje já vemos crianças de dez ou doze anos coman­dando o tráfico de dro­gas, na mesma idade matando e torturando.

As autori­dades brasileiras e algu­mas enti­dades (algu­mas até com rep­utação de sérias) não se dão conta que essa inim­putabil­i­dade aos menores está destru­indo as famílias, cor­rompendo toda a sociedade e gerando situações incon­troláveis. Há inúmeros exem­p­los de pais hon­estos pas­sando pela con­strange­dora e dolorosa situação de terem de entre­gar seus fil­hos crim­i­nosos para as autori­dades por não con­seguirem mais os con­ter. Na outra ponta há pais, par­entes, des­on­estos, obri­g­ando seus fil­hos a delin­quirem, na certeza da impunidade.

Recen­te­mente uma comissão do Senado rejeitou, pro­posta ten­dente a reduzir a maior­i­dade penal para 16 anos. Mais uma vez suas excelências igno­raram o drama social que vive­mos e colo­caram para a sociedade o paga­mento desta conta. Vou além, não acho que uma redução

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de dois anos na maior­i­dade penal rep­re­sente mudança sub­stan­cial. Acred­ito que seria mais proveitoso a redução da maior­i­dade penal pela natureza e gravi­dade do delito inde­pen­dente de idade. Mas isso jamais será feito, nos­sos jovens, desde que menores de dezoito anos, con­tin­uarão com uma licença do estatal, con­sti­tu­cional para con­tin­uarem com suas car­reiras crim­i­nosas sem serem molesta­dos por ninguém.

O Brasil con­tin­uará impondo à sociedade brasileira a respon­s­abil­i­dade e culpa por seus menores crim­i­nosos. Acon­tece que a sociedade, da pior maneira, vem respon­dendo às autori­dades que não são cul­padas pelos crimes cometi­dos e sem con­t­role ou punição estatal, fazem isso tomando para si o papel puni­tivo do Estado e pro­movendo lin­chamen­tos indis­tin­tos. Até inocentes já foram vítimas do jul­ga­mento da turba. É o retorno da barbárie cau­sado por uma leg­islação penal boaz­inha e por um Estado leniente e omisso no desem­penho de seu papel.

Neste mês das mul­heres duas den­tre tan­tas out­ras não terão motivos para comem­o­rar, a jovem Yor­rally, vítima da mais cruel e insana violência e sua mãe, D. Rose­mary, que dora­vante e até o fim de seus dias terá que con­viver com o vazio da ausência impreenchível. D. Rose­mary terá que con­viver com a pior das esperas, a espera dos que não mais virão.

Abdon Mar­inho é advogado.