DEMOCRACIA E LIBERDADE.
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- Criado: Sábado, 25 Outubro 2014 19:40
- Escrito por Abdon Marinho
DEMOCRACIA E LIBERDADE. Um dos principais problemas do atual governo e o que revela com mais clareza seu viés autoritário é o seu relacionamento com a mídia. Ao longo dos anos, paralelo à construção de uma rede de divulgação e difamação subserviente aos atuais donos do poder e subsidiada com recursos públicos, suas repetidas ações são no sentido de controlar ou censurar a produção jornalística no país. O Partido dos Trabalhadores — PT, fez constar em seus manifestos e programas que travará uma luta com este propósito, como aliás já vem fazendo desde muito tempo. Não se trata, apenas de construir um órgão regulador a orientar as redações, ideologizar as notícias, a intenção é criar, no país um modelo parecido com o venezuelano, que fechou jornais e emissoras de televisão ou argentino que controla até o numero de páginas dos jornais e o conteúdo dos programas jornalísticos . Não faz muito tempo, a própria presidente da República, mostrando, verdadeiramente, o que pensa sobre o assunto, disse que não cabe a imprensa investigar e que seu papel seria meramente divulgador de notícias. Agora, por ocasião da notícia de que o doleiro Alberto Youssef – durante o depoimento à polícia e ao ministério público informara que a própria presidente e seu antecessor sabiam de tudo – seu pensamento (rumo à ditadura), ganhou um incremento: passou a atacar abertamente o órgão divulgador da notícia. Vejam, a presidente não contesta o fato, o que disse o Sr. Alberto Youssef, de que ela e o Sr. Lula, sabiam de toda a roubalheira que ocorreu na Petrobras na última década. Para ela o relevante é o fato ter sido divulgado. Tentam desqualificar o mensageiro e não o conteúdo da mensagem. A rede midiática que montaram e os militantes da campanha da presidente-candidata, a partir de um comando único, não tendo como contestar o fatos narrados tentam, por todos os meios, inclusive, os ilícitos, desqualificar e impedir que a sociedade tome conhecimento dos fatos noticiados. Alguns mais afoitos cobram provas da imprensa. Outros, flertando com a ditadura, em fechamento de veículos. Vândalos perfeitamente identificáveis, vandalizaram o prédio da editora. Isso acontecia no fascismo, no nazismo, nas ditaduras comunistas, atualmente na Venezuela, na Argentina, no Equador, na Bolívia… Agora no Brasil. É isso que queremos para o nosso pais? Como não compreendem o papel da imprensa numa democracia, passam a raciocinar de forma equivocada. Primeiro, o papel da imprensa não é de mero divulgador de notícias – isso só acontece nas ditaduras –. seu papel é ir bem além da noticia que lhes repassam os órgãos oficiais e investigar o que está por trás das mesmas. O papel do jornalismo é bem informar a sociedade. O patrão do jornalista (os poucos que ainda restam) é a sociedade. É por isso que possuem garantias constitucionais. O legislador constituinte entendeu a importância da imprensa na consolidação da democracia e estabeleceu regras de proteção aos seus profissionais. Segundo, a imprensa divulga os fatos conforme apuradas. Não é o seu papel reunir as provas dos fatos. Vou exemplificar: no caso da notícia sobre o depoimento do doleiro Youssef, a notícia é que ele depôs e disse o que disse. Reunir as provas sobre a veracidade do que foi dito é papel da polícia e do ministério público. Na propaganda oficial da candidata acusaram o veículo de comunicação de fazer uma campanha sistemática contra o partido às vésperas das eleições – diversas delas –, a presidente chegou a falar em intento criminoso, o partido a pedir a retirada das notícias das bancas, como se fazia no Brasil de outrora e como se faz nos países já referidos . Vamos por partes. A notícia objeto de toda a controvérsia apenas informa que o cidadão, no caso o Sr. Youssef, no intento de amenizar sua pena, nos termos da legislação em vigor, está delatando os demais membros de uma organização criminosa que saqueava os cofres da maior empresa brasileira. Que erro existe na notícia? O cidadão não depôs? Não disse o que consta na matéria? Em nenhum dos casos essa responsabilidade é do veículo. Talvez, por isso não haja condenação do veículo pelas matérias que divulgam \«às vésperas das eleições”, como informou a propaganda da candidata. O que é grave não é a notícia é o fato. O grave é saber que as altas autoridades da República fizeram parte de uma quadrilha. O doleiro, sob as penas da lei (sabe que se mentir ou não conseguir comprovar o que a afirma s delação será negada e a pena agravada) afirma que a presidente e o ex-presidente fizeram parte de um consórcio criminoso, que o partido \«lavou\» e possui contas no exterior mantidas com recursos públicos desviados”. Foi além, disse que possui os meios de rastrear esse dinheiro todo. Esse é o fato incontornável. A preocupação do governo, da presidente e do seu partido, deveria ser, ao meu ver, desmentir o fato (se é que isso é possível) e não a notícia, e, isso, para o bem país. A notícia só existe por conta do fato. Os ataques à imprensa, inclusive fisicamente com a depredação de suas editorias, leva o país ao caminho obscuro da violência e intolerância. A sociedade não pode concorda, aceitar o permitir que isso ocorra. Abdon Marinho é advogado.