AbdonMarinho - Observatório das eleições: DESERÇÕES E MICARETA
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Obser­vatório das eleições: DESERÇÕES E MICARETA


Obser­vatório das eleições:

DESERÇÕES E MICARETA.

Por Abdon Marinho.

DURANTE o pleito de 2020, quando, no segundo turno, parte do grupo do sen­hor Flávio Dino deixou de apoiar o can­didato ofi­cial do grupo, o sen­hor Car­los Brandão, vice-​governador, e dos prin­ci­pais fiadores da can­di­datura, chamo-​a de desertora.

No dia da eleição lá estava quase todo vesti­dos com camise­tas onde se lia “deserte-​se”.

Pois bem, se naquele o momento a incursão pelos Lençois Maran­henses foi visto ape­nas como um chiste agora já é pos­sível ver­i­ficar que o grupo gov­ernista cindiu-​se defin­i­ti­va­mente para as eleições de 2022 com a deserção do senador Wev­er­ton Rocha e dos seus ali­a­dos como o pres­i­dente da Assem­bleia Leg­isla­tiva, da família Cutrim, da senadora Eliziane, entre outros.

O termo deserção é apro­pri­ado para o momento diante das condições pretéri­tas. Há algum tempo que tenho dito ser inviável para o pro­jeto de poder do atual gov­er­nador o apoio à can­di­datura do senador pede­tista uma vez que os pro­je­tos políti­cos são abso­lu­ta­mente dis­tin­tos, entre­tanto con­tin­u­avam o “fin­g­i­mento” de ambas as partes e jogo de esconde-​esconde na ten­ta­tiva de adiar a rup­tura lá para adi­ante.

Sabe­mos, inclu­sive, que o gov­er­nador e os demais pre­tendentes à indi­cação de can­di­datura assi­naram um “acordo” levando tal decisão para novem­bro, con­forme ampla­mente divul­gado.

Ocorre que o senador, talvez, antevendo a invi­a­bil­i­dade do apoio do gov­er­nador decidiu “queimar a largada” com o lança­mento da pré-​candidatura na Região Tocan­tina, na sem­ana pas­sada, repetindo o feito neste final de sem­ana na Região do Baixo Par­naíba.

Aqui abro um parên­te­ses para dizer que Justiça Eleitoral dev­e­ria ficar atenta para estes atos políti­cos.

Não tenho dúvida que o que vem acon­te­cendo no Maran­hão ultra­passa, em muito, os lim­ites legais que a leg­is­lação pas­sou a per­mi­tir como sendo atos de “pré-​campanha”.

O que a lei per­mite são reuniões de cunho par­tidários, em locais fecha­dos, com fila­dos e não comí­cios aber­tos ao público.

O MPE não pode “deixar pas­sar” essas coisas.

Os abu­sos na veic­u­lação de pro­pa­ganda política nos canais de rádio, tele­visão, inter­net, em veícu­los, que são con­cessões ou autor­iza­ções públi­cas – cer­ta­mente com recur­sos públi­cos –, pois tais práti­cas dese­qui­li­bram os pleitos. E, agora, até comí­cios.

Basta o MPE ficar atento. Igno­rando o ilíc­ito e para mostrar força política, os infratores da leg­is­lação eleitoral fazem questão de divul­gar com abundân­cia os deli­tos cometi­dos.

Pois bem, volte­mos à rup­tura ocor­rida no grupo governista.

Um leitor menos atento talvez ape­nas enx­er­gue um sim­ples ato de pré-​candidatura, uma estraté­gia para se via­bi­lizar den­tro do grupo gov­ernista.

Aliás, alguns ali­a­dos do senador pede­tista na imprensa ten­taram plan­tar essa ideia na mídia, tendo até quem sug­erisse que o próprio gov­er­nador dev­e­ria par­tic­i­par dos “comícios”.

Den­tro desta ideia e, talvez, por desav­iso, no ato do Baixo Par­naíba, divulgou-​se a pre­sença da senadora Eliziane Gama e de um ou outro secretário do atual governo.

A leitura que faço é que o ato da Região Tocan­tina foi o ato ofi­cial de rup­tura.

Não se tra­tou de uma con­versa interna e disc­reta de mem­bros de um par­tido ou de ali­a­dos do pro­jeto político do pré-​candidato, mas sim, de um ato de cam­panha onde se lançou inclu­sive um slo­gan da can­di­datura.

Mais, e aí, cer­ta­mente o X da questão, quando inda­gado ou no pro­nun­ci­a­mento o senador pede­tista comparou-​se a um foguete para dizer que a can­di­datura não teria volta, dizendo que foguete não pos­sui marcha-​ré.

Só para não perder a piada, achei a ale­go­ria do foguete perigosa pois lem­brei que não faz muito tempo um foguete lançado do CTA de Alcân­tara não chegou a alcançar a atmos­fera, explodindo antes como enormes pre­juí­zos, inclu­sive, em vidas humanas.

Pois bem, se havia um acordo para adiar a decisão sobre a can­di­datura para novem­bro e um can­didato já se “lança na pista” avisando que não tem volta, por óbvio que o acordo já não “vale” para ele, se o foguete não tem ré, sig­nifica que será can­didato de qual­quer forma inde­pen­dente do grupo gov­ernista escolhê-​lo ou não.

Daí que existe a deserção em relação ao acordo cel­e­brado e a rup­tura de um expoente – e não ape­nas dele –, com o grupo do governador.

Diante disso, o que é nor­mal ocor­rer é o man­datário fazer uma reforma admin­is­tra­tiva excluindo da máquina pública as pes­soas ali­adas ou indi­cadas pelos “novos adver­sários” colo­cando pes­soas de sua con­fi­ança ou lig­adas a novos aliados.

Acred­ito, inclu­sive, que o gov­er­nador ainda não tra­tou ou pen­sou nisso por que esteve ocu­pado no restante da sem­ana pas­sada com a “micareta do Lula”, mas, que, nos próx­i­mos dias, cer­ta­mente, fará um “chamado geral” para saber quem vai ficar com o grupo ou vai “desertar-​se” para out­ras can­di­dat­uras.

É o nor­mal que ocorra.

Como adi­anta­mos no pará­grafo ante­rior as autori­dades do estado e adu­ladores de todos os naipes se “amon­toaram” de todas as for­mas para a “micareta do Lula”.

Até agora estou ten­tando enten­der o que o estado, os cidadãos pagadores de impos­tos em um dos esta­dos mais mis­eráveis da nação têm a ver com as ativi­dades políti­cas par­tidárias do ex-​presidente Luiz Iná­cio Lula da Silva, a ponto de servi­dores públi­cos, secretários de estado, comis­sion­a­dos, etc., terem deix­a­dos seus afaz­eres fun­cionais para forma plateia para o cidadão “inocente” que até bem pouco tempo cumpria pena por deli­tos diversos.

Mais, até agora busco expli­cações para a uti­liza­ção de pré­dios públi­cos, recur­sos públi­cos com recepção a um cidadão que veio ao estado tratar de assun­tos rela­ciona­dos aos seus inter­esses “pri­va­dos”, de sua cam­panha eleitoral.

Vejam que iro­nia.

Os mes­mos que criti­cam os gas­tos do sen­hor Bol­sonaro nos seus atos de pré-​campanha (essa é a denom­i­nação cor­reta dos atos que quase todo final pro­move, moto­sseatas, car­reatas, etc), com gas­tos com deslo­ca­men­tos, segu­rança e out­ros des­perdí­cios, não viram nada demais na uti­liza­ção de pré­dios e espaços públi­cos, gas­tos com segu­rança e ali­men­tação na recepção/​pré-​campanha de Lula, inclu­sive, com a par­tic­i­pação de servi­dores públi­cos, que, no horários das tertúlias dev­e­riam está no “batente”.

Os bol­sonar­is­tas que se escan­dalizaram, tam­bém, são os mes­mos que ficam cegos quanto a farra com os recur­sos públi­cos gas­tos na pré-​candidatura do atual presidente.

No fundo, tudo “far­inha do mesmo saco”, como diziam lá no sertão.

E haja “tietagem” para cima do ex-​presidente. O gov­er­nador voltou à casa dos 15, 16 anos e era a cara do mil­i­tante deslum­brado com o ídolo.

O coro dos puxa-​sacos não par­avam um só momento com os elo­gios e com a busca dos mel­hores ângu­los para as fotos e self­ies.

Como diria a céle­bre Lau­r­inha Figueroa, de Glória Menezes: um horror!

Com cada um dos inter­es­sa­dos querendo apare­cer e divul­gando cada fiapo de frase do vis­i­tante em seu benefício.

No fim de tudo não se sabe, de fato, a quem serviu “micareta” do Lula, talvez para o ex-​presidente Sar­ney e a ex-​governadora Roseana, para quem o ex-​presidente dis­pen­sou os maiores elo­gios.

Este, ami­gos, o resumo da sem­ana política em ter­ras tim­bi­ras onde tive­mos de deserções a micareta.

Até a próxima.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

PS. A charge é colab­o­ração do querido amigo Cordeiro Filho.