AbdonMarinho - A sucessão estadual em tempos de Game Of Thrones.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A sucessão estad­ual em tem­pos de Game Of Thrones.


A SUCESSÃO ESTAD­UAL EM TEM­POS DE GAME OF THRONES.

Por Abdon Marinho.

HAVIA deci­dido não me man­i­fes­tar sobre a sucessão estad­ual até ter­mos clareza da rup­tura na Casa Dino, atual­mente ocu­pando o Trono de Ferro dos Leões.

A minha opinião – já exter­nada out­ras vezes –, é que qual­quer análise política feita no momento em que todos os can­didatos emb­ora se “bicando” dizem fazer parte do mesmo grupo e com o ocu­pante do Palá­cio dos Leões “jogando” a decisão para o futuro é mero chute con­jec­tura, boato ou asses­so­ria de imprensa deste ou daquele candidato.

O grupo do atual gov­er­nador criou uma equação política em que difi­cil­mente perde a eleição se man­tiverem a unidade.

Há quem sur­gira até que o gov­er­nador pre­tende­ria aco­modar – como fez ao longo dos anos – os inter­esses de todos e lançar mão de um nome de sua extremada con­fi­ança para o gov­erno estad­ual.

Nesta leitura o nome seria do dep­utado fed­eral Már­cio Jerry, que atual­mente comanda uma sec­re­taria estad­ual.

E porque o sen­hor Jerry? Segundo esta mesma análise o sen­hor Dino é gov­er­nador na “cota de Jerry” e não ao con­trário e, na hora de decidir ele, Jerry, ten­de­ria a optar pelo próprio nome e não por outro do grupo.

Uma outra linha de raciocínio já aponta para o seguinte: o sen­hor Dino não con­seguindo con­cretizar o sonho de ser can­didato a vice-​presidente da República, sairia mesmo can­didato ao senado com Jerry de primeiro suplente; Brandão a gov­er­nador com atual secretário de edu­cação de vice-​governador, deixando em aberto a pos­si­bil­i­dade de, em 2026, o próprio Dino voltar ao gov­erno do estado ou deixar a dis­puta para o crustáceo.

A equação faz sen­tido uma vez que na even­tu­al­i­dade de uma vitória do Lula ou de outro nome de oposição, é quase certo que o sen­hor Dino vire min­istro (deixando o mandato de senador para o suplente) e tente se via­bi­lizar para ser can­didato a sucessão nacional na condição de can­didato a pres­i­dente ou a vice-​presidente.

No mundo que pediu a Deus, gan­hando ou per­dendo gan­haria, parafrase­ando a ex-​presidente Dilma Rouss­eff.

O certo é que o mesmo grupo se man­te­ria no poder no cenário estad­ual com Dino no papel de Vitorino/​Sarney no Senado e gov­erno estad­ual e até mesmo no Planalto ou Jaburu.

Estes seriam os cenários dos sonhos.

Ocorre que a equação de “poder per­pé­tuo” engen­drada pelo Casa Dino encontra-​se ameaçada por forças exter­nas e inter­nas podendo haver comunhão de inter­esses entre elas para tomarem o Trono de Ferro das mãos do sen­hor Dino.

Pois bem, de uns dias para cá pas­saram a sur­gir notí­cias na imprensa local (não sei se tam­bém na nacional) de que a “batata” de Dino/​Brandão estaria assando em fogo alto no Tri­bunal Supe­rior Eleitoral — TSE, por conta da chamada “farra dos capelães”, estrat­a­gema pela qual o gov­er­nador nomeou diver­sos pas­tores e padres para ocu­parem car­gos públi­cos de capelão no sis­tema de segu­rança e pri­sional.

Me ocu­pei do assunto em 5 de maio de 2018 no texto “Em nome de Deus — A polêmica das capelanias”.

Não tratarei – não neste momento –, do processo em si, até porque não con­heço sua instrução e trami­tação, mas das suas con­se­quên­cias caso tenha um efeito des­fa­vorável ao atual gov­er­nador e seu vice.

Recor­dando os meus tem­pos de leitor assí­duo dos livros de mis­térios de Agatha Christie e Sir Conan Doyle, a primeira coisa a me per­gun­tar é: “a quem aproveita o crime?”

Trans­portando tal inda­gação para a real­i­dade da política local, a per­gunta seria: “quem seriam os ben­efi­ciários dire­tos e indi­re­tos de um resul­tado des­fa­vorável para a chapa Dino/​Brandão no TSE?” Ou, noutras palavras, quem aproveitaria o crime?

Se fosse a minha batata que estivesse assando teria a resposta em três letras: W, O, C. W de Wev­er­ton; O de Oth­e­lino e C de Cutrim.

Não estou dizendo que estas pes­soas estão “cavando” um resul­tado des­fa­vorável a Casa Dino/​Brandão no TSE muito emb­ora pos­suam poder e “estru­tura” para isso e muito mais –, ape­nas que em caso de “des­graça” dos atu­ais coman­dantes do estado, serão eles que estarão no mundo que pedi­ram a Deus.

Ape­nas para servir de alerta, meu saudoso pai cos­tu­mava dizer que “no Maran­hão o que din­heiro ou “taca” não resolver é porque foi pouca”, já para Brasília existe um outro adá­gio: “Brasília é como um mer­cado persa, tudo pode se vender e se com­prar bas­tando ajus­tar o preço”.

Sem Dino/​Brandão no páreo, cas­sa­dos e inelegíveis por oito anos, o senador Wev­er­ton pode­ria voltar a son­har com o gov­erno estad­ual e consolidar-​se como um dos man­datários do estado.

O dep­utado estad­ual Oth­e­lino assumiria o gov­erno interi­na­mente, mar­caria eleições indi­re­tas e, muito provavel­mente, seria eleito para tirar o restante do mandato, podendo, até mesmo, ser can­didato a reeleição, com o com­pro­misso de apoiar o senador pede­tista em 2026.

O dep­utado Cutrim assumiria à presidên­cia da Assem­bleia Leg­isla­tiva, aumen­tando as chances de ser reeleito dep­utado estad­ual e con­se­quente­mente, pres­i­dente da casa novamente.

Uma outra “van­tagem” para o atual pres­i­dente da Assem­bleia numa situ­ação des­fa­vorável a Dino/​Brandão, ela chegando o quanto antes é que ele próprio se livraria do processo das suces­si­vas reeleições para o comando da Casa de Bequimão, que em situ­ações semel­hantes envol­vendo out­ros esta­dos, o Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, anulou.

Tais per­spec­ti­vas seriam motivos sufi­cientes para suas casas tra­marem con­tra a Casa Dino/​Brandão na corte Brasiliense?

Não tenho a resposta. Talvez sim, talvez não; talvez só aguar­dem o desen­ro­lar dos fatos. Mas, cer­ta­mente, não irão chorar de tris­teza se a Casa Dino/​Brandão cair.

Como os ami­gos pud­eram perce­ber, é den­tro do grupo gov­ernista, tanto nas equações ini­ci­ais, com o gov­er­nador e o vice-​governador voando em “céu de brigadeiro”, quanto na equação em que os mes­mos per­son­agens habitam “Inferno de Dante”, o espaço para comunhão entre os dois gru­pos, é pouco, estre­ito ou nen­hum.

São pro­je­tos e inter­esses políti­cos que se excluem, na ver­dade um casa­mento de con­veniên­cia.

Con­forme temos con­statado, nos últi­mos tem­pos as casas Wev­er­ton, Oth­e­lino e Cutrim, que co-​habitam a Casa Dino pelos benesses do trono de ferro, têm tra­bal­hado em per­feita har­mo­nia.

Isso ficou mais patente quando nas eleições munic­i­pais do ano pas­sado “desertaram-​se” jun­tos, cor­rendo léguas do can­didato dos Leões e quando o dep­utado fed­eral Gil Cutrim deixou o PDT, sem ser molestado por ninguém, pelo con­trário, com juras de amor eterno.

Den­tro do grupo gov­ernista, não pre­vendo uma des­graça mas se preparando para a even­tu­al­i­dade da mesma ocor­rer, dois out­ros can­didatos já se colo­cam como pos­síveis “herdeiros” do trono de ferro: o secretário Sim­p­li­cio Araújo, pelo Par­tido Sol­i­dariedade, e o secretário Camarão, pelo Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT.

Resta saber, com Dino fora do jogo, quem ele iria apoiar e que força teria numa situ­ação de adver­si­dade. Agravando-​se tal situ­ação em relação ao crustáceo por conta dos inter­esses par­tidários do par­tido que escol­heu para filiar-​se (PT).

Sem Dino/​Brandão no páreo out­ras casas tam­bém entram na guerra pelo trono de ferro.

A Casa Sar­ney poderá vir com ex-​governadora Roseana ao gov­erno, uma vez que aparece muito bem na “fita” ou mesmo numa aliança com a Casa Holanda, com o ex-​prefeito Edi­valdo Holanda como can­didato ao gov­erno e ela (Roseana), can­di­data ao senado.

Aqui cabe um parên­te­ses para reg­is­trar que é sur­preen­dente a per­for­mance do ex-​prefeito de São Luís no cenário político estad­ual e com o grande poten­cial de cresci­mento, caso não seja abatido por algum infortúnio rela­cionado a sua gestão frente à prefeitura da cap­i­tal. Reg­is­trando que ele sem­pre teve uma imagem muito mel­hor que a própria gestão. Mesmo as pes­soas dizendo que a admin­is­tração dele era ine­fi­ciente, incom­pe­tente e por vezes até cor­rupta, sem­pre o preser­varam dos desac­er­tos e bandalhas.

Assim, não será sur­presa se ele chegar a con­quis­tar o trono de ferro para a Casa Holanda.

Outra casa que tam­bém pode mel­ho­rar de per­for­mance caso ocorra o infortúnio da Casa Dino/​Brandão é a Casa Rocha, senador Roberto Rocha.

Com Dino fora do páreo e com um deserto de can­didatos ao Senado Fed­eral ele poderá ter uma votação muito acima do cenário que tem hoje.

Como podemos perce­ber são muitos os inter­esses em jogo em torno do trono de ferro e muitas casas com muito a gan­har no caso de conquista-​lo.

Na política dizia o pai de um amigo meu basta um acon­tec­i­mento para mudar toda uma tra­jetória.

Em Game Of Thrones é assim.

Aguar­dem os próx­i­mos episó­dios.

Abdon Mar­inho é advo­gado.