ESPECULAÇÕES PRÉ-ELEITORAIS.
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- Criado: Sábado, 09 Março 2019 20:49
- Escrito por Abdon Marinho
ESPECULAÇÕES PRÉ-ELEITORAIS.
Por Abdon Marinho.
CAMPANHAS ELEITORAIS no Maranhão (talvez no Brasil) não têm mais prazo para começar. Agora sai-se de uma eleição e já se emenda noutro processo eleitoral, com as responsabilidades das gestões cedendo lugar ao discurso fácil de satanás na busca de almas, no caso, de votos.
Um dos exemplos mais claros disso é o protagonizado pelo governador do Maranhão, senhor Flávio Dino, que nem tendo “esquentado” a cadeira no segundo mandato, já se autoproclamou pré-candidato à presidência da República nas eleições que só acontecerão daqui a longínquos quatro anos.
Embora o pré-lançamento sirva unicamente como uma espécie de “reserva” de espaço no campo político “autodenominado” esquerdista, traz uma série de entraves para o nosso estado. Pois, se de um lado o governador “vestido” de candidato tem que “enxergar chifre em cabeça de cavalo” para criticar o governo federal e, assim, se fazer notar, por outro lado dificulta ou causa embaraços às parcerias institucionais entre os entes federados (estado e união) impedindo ações conjuntas e parcerias estratégicas em benefício do povo que tanto precisa.
O Maranhão, todos sabemos, continua na “rabeira” de tudo que é indicador econômico e social. Só existindo como estado ideal nos comerciais governistas.
Prova disso é que recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE, divulgou que a renda dos maranhenses é a mais baixa do Brasil e menos da metade da renda média nacional, mais um dado negativo para uma lista sem fim.
Trata-se de um número escandaloso que no oba-oba da folia momesca não se viu uma autoridade demonstrar preocupação ou informar à patuleia que medidas adotarão para mudar tal situação.
Ora, quem liga para o povo? O importante mesmo é dizer que estamos muito bem, obrigado! Que o governador é o melhor e maior do Brasil (quanto a ser o maior é crível, rsrsrs) e todas essas baboseiras de discurso de candidato custeado com recursos públicos.
Vendem ilusões decair vivemos na Atlântida enquanto os números do IBGE nos mostram que estamos no Sudão do Sul.
É campanha – com quatro anos de antecedência.
Vejam o caso da Reforma da Previdência. Ninguém diz que a reforma da previdência é uma coisa boa, até porque não tomamos medicamentos (exceto alguns desajustados) por achar bom, os tomamos por que são necessários para ficarmos bem. (Trataremos de Reforma da Previdência num texto específico).
Pois bem, a reforma apresentada é o fruto de estudos dos mais gabaritados técnicos do país (claro que sempre se pode apresentar uma sugestão que possa melhorar ou mesmo “aliviar” uma medida mais dura), indiferente a isso e “vestido de candidato”, sua excelência já “se mandou” para redes sociais para criticar a proposta a qual chamou de “desastrosa”.
Essa crítica parte, apenas, do governante que nada fez para garantir a sanidade das constas da previdência estadual, muito pelo contrário, que, segundos os técnicos mais competentes, já este ano, talvez a partir de agosto, não tenha recursos para pagar seus segurados.
Estas considerações são feitas apenas para mostrar os malefícios da especulação eleitoral a destempo pode causar as administrações públicas. Antes de procurar encontrar soluções, torce-se para o caos e assim, auferir vantagens.
Na política estadual as especulações são de todos os níveis.
Outro dia o prefeito de Paço do Lumiar, senhor Domingos Dutra, fez uma “especulação” das mais interessantes e, a partir dela – lembrando que são apenas especulação –, faremos algumas considerações.
Segundo o alcaide luminense – que é do mesmo partido do governador –, o prefeito de São José de Ribamar, senhor Luís Fernando Silva, renunciaria ao atual mandato, iria para alguma função no governo estadual de onde sairia com o propósito de ser candidato a prefeito de São Luís; o vice-prefeito, alçado a titular, conduziria o restante do mandato até a posse do novo prefeito, que segundo o mesmo “especulador”, seria o conselheiro Edmar Cutrim, pai do ex-prefeito e deputado federal Gil Cutrim.
Já tratei da história da segunda renúncia do prefeito de São José de Ribamar no texto “A Sedução do Erro”, mas diante da “inconfidência” do prefeito de Paço do Lumiar, que “vendendo” sua tese, fez questão de dizer que conhece a experiência administrativa do gestor do município vizinho desde que era neném (na verdade, acredito que o prefeito luminense já ido nos anos quis dizer Nem-Nem, que é essa categoria de pessoas, geralmente jovens, que “nem” trabalham, “nem” estudam), acho oportuno me ocupar do assunto novamente.
Em sendo verdade a inconfidência especulativa do prefeito, estaremos diante de uma “fissura” na base do governo estadual. Até aqui, o senador Weverton Rocha (PDT) trabalha como “candidato natural” à sucessão do senhor Dino – o que tem feito com reconhecida competência –, atuando, segundo dizem, como uma espécie de senador Vitorino Freire dos dias atuais, “mandando” e “desmandando”, em determinadas áreas até mais que o governador – além da audácia que dispensa outros comentários, já faz uso da chamada “expectativa de poder”, que foi precipitada com o “lançamento” do senhor Dino como candidato à presidência da República. (Assunto que trataremos noutra oportunidade).
Na “missão” do senador virar governador, a prefeitura de São Luís é peça fundamental, até porque, as “forças dos Leões” estarão voltadas para o projeto maior, do atual titular que já “vestiu” a camiseta de candidato a presidente.
Uma “articulação” como essa retirando um prefeito até aqui mal avaliado para torná-lo prefeito da capital, se não conta com o “aval” dele significa que o grupo já pretende se reacomodar noutro formato.
Diante disso, talvez, o senador, segundo dizem, já teria procurado o deputado federal Eduardo Braide – que ajudou a derrotar nas últimas eleições municipais –, à procura de uma composição.
O deputado Braide “sonha” tanto com a prefeitura da capital que por ela “jogou fora”, pelo menos momentaneamente, a chance de ser governador. Pois, caso tivesse disputado o governo estadual, como desejado por muitos, ainda que não ganhasse, sairia muito forte para as eleições de 2022, contra o próprio Weverton Rocha e/ou contra todos os demais.
Como sabemos preferiu a eleição “certa” ao risco do futuro incerto. Um caso típico de “meu reino por um cavalo”.
Prematuro, entretanto, dizer se o assédio do senador pedetista surtirá algum efeito e mesmo se “serve” ao senador, uma vez que o deputado cultiva com zelo desmedido a fama de que não ouve ninguém e, decerto, uma vez no cargo não aceitaria ser apenas uma “peça” na articulação maior, como uma espécie de prefeito decorativo, submetido aos interesses do novo Vitorino Freire, segundo dizem.
É certo, entretanto, que sendo verdadeira a intenção dos Leões ter uma alternativa fora da atual correlação de forças, através de Luís Fernando, os dois, Braide e o prefeito ribamarense, saem na frente numa hipotética disputa, penso eu.
Acredito que erram, como disse no texto anterior – caso exista o interesse dos Leões na candidatura de Luís Fernando –, em “trazê-lo” para um cargo, ainda que secretário no governo.
O correto seria “trabalhar” no sentido de ajudá-lo a fazer uma administração de qualidade, tirando-o das “cordas” da má avaliação em que se encontra.
Com razão, o eleitor deverá se perguntar: — se ele “não deu conta” de Ribamar, o que terá a oferecer na gestão da capital?
Mas são muitos os pretendentes a essa “noiva” dentro do time governista. Cada um com seus próprios projetos e atendendo a determinados interesses, como Bira do Pindaré, Neto Evangelista, Rubens Júnior e até mesmo Duarte Júnior, recentemente eleito deputado estadual com significativa votação na capital.
O novel deputado estadual, Duarte Júnior, “sonhando” com a prefeitura da capital e com o apoio do governador neste intento, porém pressentindo o jogo com tamanhas especulações, em pleno período momesco, sussurrou uma súplica capitada por indiscretos aparelhos de celular: “— não me abandone”. Disse no ouvido de sua excelência, enquanto cobria a boca com uma das mãos.
O apelo que deu azo a diversas interpretações dos maledicentes, talvez se refira apenas a este sonho, que logo mais ocupará as preocupações do governador que não decidirá sem causar mais traumas entre os pretendentes.
Fora de tudo isso estão os “outros”, que no caso são os “russos”, correndo para disputar a prefeitura contra um ou mais candidato “da base” governista e interessados “no quanto mais divididos, melhor”. Mas isso é assunto para outro texto.
Como disse no início, são especulações. Apenas especulações, que até reputo inoportunas, mas vivemos dias que as preocupações individuais se sobrepõem aos interesses coletivos.
Nós, pobres mortais, teremos apenas que aguardar para saber qual é o jogo que os donos do poder se preparam para jogar, somos os maiores interessados, mas para eles, meros espectadores.
Abdon Marinho é advogado.