AbdonMarinho - LULA LÁ, NO MINISTÉRIO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

LULA , NO MINISTÉRIO.

LULA , NO MIN­ISTÉRIO.
Não faz muito tempo sug­eri que o Sr. Lula, ex-​presidente do Brasil, só con­seguiria retar­dar os abor­rec­i­men­tos, que cer­ta­mente virão na esteira de delações pre­mi­adas ou do avanço das inves­ti­gações, no escân­dalo con­hecido como «petrolão» – o assalto per­pe­trado de forma sis­temática con­tra a petrolífera brasileira –, se fosse nomeado Min­istro de Estado.
Ser min­istro é a coisa mais fácil que existe. Nos ter­mos da Con­sti­tu­ição Fed­eral, artigo 87, basta que seja maior de vinte e um anos e esteja no gozo dos seus dire­itos políti­cos. Como podemos ver é mais fácil ser Min­istro de Estado do Brasil que escrit­urário em qual­quer repar­tição pública, ainda que seja de Sat­ubinha.
Mole para o Sr. Lula. Bem difer­ente seria se tivesse que apre­sen­tar, ao menos o diploma de con­clusão do ensino médio.
Mas deix­e­mos isso de mão para evi­tar que sejamos trata­dos como pre­con­ceitu­oso em relação ao ex-​presidente, tidos por muitos como auto­di­data, um gênio da raça, alguém acima da média do povo e todas essas babo­seiras.
As respon­s­abil­i­dades do cargo de min­istro, den­tre out­ras pre­vis­tas em leis, são as que esta­b­elece a Carta Magna: I — exercer a ori­en­tação, coor­de­nação e super­visão dos órgãos e enti­dades da admin­is­tração fed­eral na área de sua com­petên­cia e ref­er­en­dar os atos e decre­tos assi­na­dos pelo Pres­i­dente da República; II — expe­dir instruções para a exe­cução das leis, decre­tos e reg­u­la­men­tos; III — apre­sen­tar ao Pres­i­dente da República relatório anual de sua gestão no Min­istério; IV — praticar os atos per­ti­nentes às atribuições que lhe forem out­or­gadas ou del­e­gadas pelo Pres­i­dente da República.
Estaria à altura da mis­são?
Nos últi­mos dias tomei con­hec­i­mento que o Sr. Lula teria respon­dido neg­a­ti­va­mante a uma «sondagem» do Par­tido dos tra­bal­hadores — PT, seu par­tido, para que vire Min­istro de Estado do Brasil. Os valentes propõem que o gajo vire min­istro de Relações Exte­ri­ores. Con­ven­hamos que é pouca coisa.
Este texto ten­tará descorti­nar o que está por trás de tudo isso.
Ini­cial­mente, não acred­ito que o Sr. Lula tenha descar­tado, em caráter irrevogável, o con­vite feito. Ainda que o José Dirceu, não abra a boca para comprometê-​lo em nada, out­ros envolvi­dos irão colab­o­rar com a Justiça, entre eles, o homem do Sr. Dirceu na Petro­bras, o Sr. Duque, o Sr. Leo Coutinho, o Sr. Marcelo Ode­brecht, entre out­ros. Cer­ta­mente, o ex-​presidente não terá como escapar de fig­u­rar no topo da lista. Qual­quer pes­soa, min­i­ma­mente infor­mada, sabe que o chefe do esquema não é – ape­nas –, o Sr. Dirceu. Assim, como sabe, que as decisões den­tro do par­tido – inclu­sive quanto a mon­tagem destas sofisti­cadas engrena­gens de cor­rupção, se é que são ver­dadeiras as infor­mações que se tem até aqui –, são cole­ti­vas. Resta claro, por­tanto, que foram aprovadas por seu alto-​comando.
Assim, ainda que a Polí­cia Fed­eral, o Min­istério Público e até a Justiça, relutem em chamar o ex-​presidente ao cen­tro das inves­ti­gações, uma hora terão que fazer isso. A menos que resolvam frear tudo, fin­gir que nada acon­te­ceu, deixar o dito pelo não dito. Aqui tudo é pos­sível.
Resu­mindo: o Sr. Lula pre­cisa do foro priv­i­le­giado, ser proces­sado e jul­gado, quando a hora chegar, se chegar, no Supremo Tri­bunal Fed­eral, adiando, assim, con­strang­i­men­tos maiores.
Então, por qual razão man­dou comu­nicar que dec­li­nara da suposta «sondagem»?
Arriscarei algu­mas hipóte­ses:
A primeira delas é que man­dou dizer que recusara para sen­tir a reação da sociedade, tanto ao suposto con­vite quanto à recusa. Imag­i­nava uma reação pos­i­tiva da sociedade e da classe política, algo no estilo «volta Lula».
Ao que parece, ninguém ligou, nem para uma coisa, nem para outra. O Brasil tem disso agora, ninguém liga mais para nada. Tanto faz se jogam mais uma pá de cal na desas­trosa política externa brasileira ou se é cometida impro­bidade admin­is­tra­tiva com nomeações cujo o único propósito é con­seguir um foro priv­i­le­giado.
Outra hipótese é que, vai­doso, como poucos, o ex-​presidente, não tenha com­preen­dido a neces­si­dade de descer de degrau e virar sub­or­di­nado. Se bem que no seu caso seria insub­or­di­nado. Talvez espere um apelo dramático da atual inquilina do Planalto, fazendo com que ela vire sua refém e o gov­erno sua garan­tia.
Há, ainda, a pos­si­bil­i­dade dele, sabendo que este é um gov­erno já sem qual­quer rumo, não queira se com­pro­m­e­ter e assumir o papel de cov­eiro.
O que temos por certo, é que Sr. Lula bus­cará a mel­hor opção.
A mel­hor opção para sal­var a própria pele. Como, aliás, sem­pre fez.
Abdon Mar­inho é advo­gado.
Foto de Abdon Marinho.
  • Abdon Marinho
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