IDEOLOGIA? QUE IDEOLOGIA?
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- Criado: Sexta, 15 Maio 2015 13:31
- Escrito por Abdon Marinho
IDEOLOGIA? QUE IDEOLOGIA?
Em meio dos debates em torno da tal reforma política, tema sobre o qual que ninguém se entende, uma das críticas ao voto distrital (sistema no qual as vagas nos parlamentos são divididas em distritos reunindo um número de eleitores. ganhando a vaga o mais votado), é que o referido modelo enfraquece os partidos, as ideologias, a representação das minorias, etc.
Não duvido que isso, em maior ou menor frequência, possa ocorrer. Trataremos disso nem texto específico. O que me pergunto é se o modelo que estamos vivendo não acontece o mesmo.
O Brasil possui, de fato, partidos políticos?
Os veículos de comunicação anunciam e convidam para ato de filiação partidária de determinada vereadora da capital. Um ato partidário comum, normal, rotineiro, para a maioria das pessoas. Os jornalistas, até os que cobrem o cotidiano político da capital, tratam o assunto com espantosa naturalidade e analisam apenas o fato de se tratar de apenas mais uma contendora para a disputa eleitoral do próximo ano.
Não é.
A vereadora – que só conheço de vista –, conforme convite distribuído, irá se filiar ao Partido Progressita — PP. Não despertaria qualquer surpresa se não fosse a neo progressista egressa do Partido Comunista do Brasil – PC do B.
A parlamentar municipal ao trocar um pelo outro mostra de forma cristalina o grau de consistência ideológica dos nossos partidos que tanto se busca preservar.
Ora, tanto do ponto de vista histórico quanto «ideológico» as duas legendas são opostas. Para sermos mais claro, se pegássemos um transferidor, uma estaria na posição 0º e a outra na posição 180º; algo como branco e preto; Deus e o diabo (sem querer dizer quem é um ou outro). uma oposição flagrante. Um defende a estilização dos meios de produção o outro a sua privatização; um o Estado máximo o outro o Estado mínimo; e por aí vai. Algo como passar do céu ao inferno sem estágio purgatório.
A parlamentar não sabia o que dizia quando se afirmava comunista ou agora quando se torna a mais proeminente do pensamento liberal? É essa a ideia de fortalecimento das legendas? E os eleitores, que elegeram uma comunista e agora têm uma liberal os representando, o que acham? A própria parlamentar, como se sente, tendo sido eleita como comunista e virando liberal da noite para dia?
Não faço juízo de valor afirmando se estava certa antes ou agora. O que digo é que aqueles que afirmam haver um enfraquecimento das legendas por conta do voto distrital deveriam explicar que consistência ideológica é essa em que uma pessoa vai dormir comunista num dia e acorda liberal no outro.
A menos que nunca tenha lido os estatutos ou programas das legendas nunca foi uma coisa ou outra.
Com todo o respeito que devemos ter por qualquer um, principalmente pelos deficientes visuais, o Brasil é uma terra, do ponto de vista ideológico, em que temos cegos guiando cegos para destino algum.
Abdon Marinho é advogado.