AbdonMarinho - ELEIÇÕES 2014: A CAMPANHA CRUZA A FRONTEIRA DO CRIME.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ELEIÇÕES 2014: A CAM­PANHA CRUZA A FRON­TEIRA DO CRIME.

ELEIÇÕES 2014: A CAM­PANHA CRUZA A FRON­TEIRA DO CRIME.

No país inteiro surgem rumores de algo muito grave na cam­panha pres­i­den­cial. Tão grave a ponto de colo­car em risco a solidez da nossa democ­ra­cia e a mere­cer rig­orosa inves­ti­gação da Polí­cia Fed­eral e do Min­istério Público Eleitoral e, caso apu­rada e com­pro­vada a veraci­dade das denún­cias, cul­mi­nar com uma inédita cas­sação de mandato (no caso de eleição), inel­i­gi­bil­i­dade e out­ras penas correlatas.

Falo das denún­cias de que os comitês de cam­panha da presidente/​candidata e até empre­sas de tele­mar­ket­ing, con­tratadas clan­des­ti­na­mente para o fim, estariam lig­ando para os ben­efi­ciários dos pro­gra­mas soci­ais como “Bolsa Família”, “Minha Casa, Minha Vida”, “Pronatec”, “Ciên­cias Sem Fron­teiras”, e muitos out­ros, informando-​os que suas inscrições para os pro­gra­mas serão suspensas/​canceladas no caso de uma vitória do can­didato adversário.

Não é necessário dizer que isso – caso esteja ocor­rendo, o que é quase certo que esteja –, con­sti­tui diver­sos tipos de ilíc­i­tos, pre­vis­tos tanto na Lei 9.504÷97, quanto no Código Eleitoral, Lei 4.737÷65. Não irei lis­tar os ilíc­i­tos, qual­quer cidadão é capaz de perce­ber e de com­preen­der que esse tipo de chan­tagem, ameaça, coação, é ato crim­i­noso. Há crime em todas as fases da con­duta, na uti­liza­ção dos cadas­tros dos ben­e­fi­ci­a­dos, nas lig­ações uti­lizando o cadas­tro, nas ameaças e coações.

Quando a presidente/​candidata disse que faria o “diabo\» para gan­har as eleições, não pen­sei que fosse além da baixaria, das men­ti­ras ou engo­dos. O site UOL informa que dos 22 tipos de inserções que a cam­panha ofi­cial leva ao ar, 19 são para atacar o adver­sário. Depois de 12 anos de poder, ao invés de mostrarem o que fiz­eram, os êxi­tos do gov­erno do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, prestarem con­tas à pop­u­lação e pedi­rem con­tinuidade, gas­tam quase 100% do tempo para agredi­rem, men­tirem, espal­harem boatos sobre o adver­sário. Isso sem con­tar a rede suja de blogs, sites e out­ras mídias sub­sidi­adas com recur­sos públicos.

Pois bem, não bas­tasse tudo isso, apelam para o crime. Não falo ape­nas do crime eleitoral patente nas con­du­tas, falo no crime ético, no crime con­tras as pes­soas mais humildes, pes­soas que não têm, sequer como aquilatar a gravi­dade dos fatos a que são sub­meti­das. Uma das denún­cias, que tomei con­hec­i­mento, me chamou mais a atenção que as demais, ela dá conta que um dos comitês de ameaças é o da dep­utada fed­eral Maria do Rosário (PT/​RS), o que torna o fato além de grave, irônico. Essa sen­hora, não faz muito tempo era nossa min­is­tra dos dire­itos humanos. Vejam que perderam qual­quer noção da real­i­dade. Como é que uma pes­soa que era min­is­tra dos dire­itos humanos pode usar um comitê de cam­panha para ameaçar as pes­soas mais neces­si­tadas? Sim. Seria crime do mesmo jeito, se fosse qual­quer outro, mas essa sen­hora era MIN­IS­TRA DE ESTADO DOS DIRE­ITOS HUMANOS. É ver­gonhoso. É nojento. É odiento.

O par­tido da presidente/​candidata diz que há uma cam­panha de ódio com si. Ora, qual­quer cidadão de bem, até os que votam no par­tido (se bem que os cidadãos de bem votam nele, min­guam a cada dia), se sen­tem choca­dos com esse tipo de coisa. Se per­gun­tam se é cor­reto o que vêm fazendo. Não, não é cor­reto, é abu­sivo, é crim­i­noso, é ina­ceitável. Não é defen­sável, sob qual­quer aspecto, que se ameace tirar bene­fí­cios de pes­soas humildes. Bene­fí­cios que são custea­dos com recur­sos de toda a sociedade. Bene­fí­cios de Estado.

A con­duta, caso apu­rada e com­pro­vada, viola todo e qual­quer princí­pio. Do ponto de vista histórico, não há qual­quer prece­dente no Brasil. Nem a ditadura que estabeleceu-​se aqui entre os anos de 1964 a 1985, chegou tão longe. A Arena (par­tido que deu sus­ten­tação à ditadura) nunca nem pas­sou perto do que se noti­cia ser a prática do Par­tido dos Tra­bal­hadores. E aqui, nem se fale da cor­rupção que descon­hece limites.

Ainda para ficar no tema de que a ditadura nunca ousou tanto, há um episó­dio que li, já faz muito tempo, dando conta que um irmão do Gal. Ernesto Gesiel (penúl­timo pres­i­dente do régime mil­i­tar) gan­hara um carro de pre­sente de uma empresa qual­quer, um mísero fusca. O pres­i­dente tomando con­hec­i­mento man­dou chamá-​lo. Ele, logo se ante­ci­pando a descom­pos­tura, foi dizendo: – olha, meu irmão, se é sobre o fusca, fique sabendo que não pedi e já vou devolver. O gen­eral, retru­cou: – a dúvida não é essa, que será devolvido já está deci­dido. A dúvida é se você vai para a cadeia ou não.

No Brasil de hoje, filho de ex-​presidente passa de zelador de zoológico para mul­ti­m­il­ionário do dia para noite. Cor­rup­tos con­de­na­dos pela mais alta Corte do país, são trata­dos e chama­dos de “heróis dos povo brasileiro”.

Não, meus sen­hores, os cidadãos de bem, não têm só o dire­ito de estarem indig­na­dos, têm é o dever de dizer que já chega de bandalheira.

Abdon Mar­inho é advogado.