AbdonMarinho - Salvemos Deus do inferno eleitoral.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 21 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Salve­mos Deus do inferno eleitoral.


SALVE­MOS DEUS DO INFERNO ELEITORAL.

Por Abdon C. Marinho.

— Por que me exper­i­men­tais, hipócritas? Mostrai-​me uma moeda de trib­uto. Trouxeram-​lhe um denário.

Ele per­gun­tou: — De quem é esta efígie e inscrição?

Respon­deram: — De César.

Então lhes disse Jesus: — Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

A frase acima, que, com alguma vari­ação con­sta de três evan­gel­hos (Mateus, Mar­cos e Lucas) – aqui usamos o de Mateus –, e narra a ten­ta­tiva de fariseus em ten­tar apan­har Jesus Cristo em alguma “falta” ou impor-​lhe a pecha de insur­gentes.

Narra o evan­gelho: “Então os fariseus se reti­raram e con­sul­taram como apan­hariam a Jesus em alguma palavra. Enviaram os seus dis­cípu­los, jun­ta­mente com os hero­di­anos, a per­gun­tar: Mestre, sabe­mos que és ver­dadeiro e que ensi­nas o cam­inho de Deus segundo a ver­dade, e não se te dá de ninguém, porque não te deixas levar de respeitos humanos; dize-​nos, pois, qual é o teu pare­cer; é líc­ito ou não pagar o trib­uto a César?”.

Mas Cristo percebendo a malí­cia os admoestou, chamando-​os de hipócritas e per­gun­tando porque o exper­i­men­tavam.

Em um outro episó­dio, de todos con­hecido, e nar­rado nos qua­tro evan­gel­hos canôni­cos do Novo Tes­ta­mento, Jesus viaja a Jerusalém para a Pás­coa e lá chegando encon­tra o Tem­plo tomado por cam­bis­tas e vendil­hões.

Neste episó­dio, o único que se tem notí­cia de Cristo usando a força física, Ele os expulsa, acusando-​os de tornar o local sagrado em uma cova de ladrões através de suas ativi­dades com­er­ci­ais.

No Evan­gelho de João, Jesus se ref­ere ao Tem­plo como “casa de meu Pai”.

Neste feri­ado ded­i­cado a Nossa Sen­hora da Con­ceição Apare­cida, enquanto revia tais nar­ra­ti­vas bíbli­cas, pus-​me a pen­sar em quan­tos fal­sos cristãos nos cer­cam e ten­tam per­verter os ensi­na­men­tos de Cristo Jesus para ten­tar col­her div­i­den­dos políti­cos eleitorais.

Políti­cos que, pela manhã estão na igreja católica, a tarde no tem­plo evangélico e à noite nos ter­reiros de alguma religião de matriz africana.

Não nos ilu­damos, estes não pos­suem qual­quer fé ou respeito pela fé alheia, ape­nas ten­tam, usando a fé dos out­ros tirar proveito mesquinho.

São os vendil­hões do tem­plo, que no princí­pio, o próprio Cristo, expul­sou da Casa do Pai.

Nova­mente, não nos ilu­damos, estes não são os piores, muito emb­ora anti-​Cristo, piores do que eles são aque­les que de den­tro do Tem­plo nego­ciam a fé dos seus irmãos e lid­er­a­dos. Para estes não haverá qual­quer salvação.

Ora, foi o próprio Jesus Cristo que sep­a­rou a igreja da política.

Ao dizer: “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, o Deus-​vivo deix­ava claro que os assun­tos mun­danos (a política) não dev­e­riam cam­in­har jun­tos aos assun­tos da fé.

O que é de César é de César – o din­heiro, o poder, a política –, o que é de Deus é de Deus – a fé, a sal­vação da alma.

Imag­inem que Jesus Cristo, no único episó­dio que nos narra a Bíblia em que apelou a vio­lên­cia física, foi para expul­sar os vendil­hões do tem­plo. Daí percebe­mos a sua enorme con­trariedade com a uti­liza­ção da “Casa do seu Pai” para out­ros assun­tos que não fos­sem os assun­tos de Deus.

E o que assis­ti­mos hoje? Fal­sos cristãos entre­gando “as chaves dos tem­p­los” aos anti-​Cristo; os púl­pi­tos das igre­jas trans­for­ma­dos em palan­ques eleitorais; os fiéis e obreiros das igre­jas con­ver­tidos em cabos eleitorais, em busca de votos como os cole­tores de impos­tos de César inva­diam as casas das pes­soas em busca dos seus denários.

Não vejo os “bons cristãos” irem às casas levar a Palavra ou cuidar dos assun­tos de Deus. Estão indo, sim, bus­car os denários (votos), cuidando dos assun­tos de César (dos políticos).

Que sal­vação terá aquele que se prevalece da sua autori­dade reli­giosa para per­verter de tal maneira os ensi­na­men­tos de Cristo?

Que sal­vação terão aque­les que “venderam” os tem­p­los e os reban­hos de Deus como os cordeiros para o sacrifício?

Li ou vi em algum lugar que aos fiéis tem sido negado acesso aos tem­p­los por estes vestirem roupas em cores atribuí­das a esta ou aquela facção política.

Mas Cristo fez tal dis­tinção entre os fiéis? Cer­ta­mente que não. Na Casa do seu Pai sem­pre teve lugar e acol­hi­mento para todos os que bus­caram a sal­vação.

Imag­inem Cristo negando a cura ou a sal­vação a alguém por que este ves­tia um manto ver­melho, azul ou amarelo.

Não faz sen­tido. Não faz nen­hum sen­tido.

Então como podem se diz­erem cristãos se negam acesso aos tem­p­los aos fiéis pelas cores de seus tra­jes? Se uti­lizam os fiéis não para aumentarem o rebanho do Sen­hor ou salvar-​lhes as almas, mas para fun­cionarem como cole­tores de César?

Como podem usar fiéis como cole­tores de impos­tos de César? Como podem usar os tem­p­los em nego­ci­atas de cor­rupção? Como podem vender a Palavra e diz­erem que falam em nome de Deus?

Se desafiam a fé e os ensi­na­men­tos de Cristo, como podem dizer que falam em seu nome?

Na ver­dade são fal­sos pro­fe­tas, igno­rantes dos ensi­na­men­tos de Cristo e seguidores de fal­sos Mes­sias dos quais nos aler­tou a própria Bíblia.

Os ver­dadeiros cristãos pre­cisam ficar aten­tos aos que dizem falar em nome de Deus e aque­les que efe­ti­va­mente seguem o pro­fes­sam os ensi­na­men­tos de Cristo Jesus.

Aos ver­dadeiros cristãos não é dado o dire­ito de omis­são diante de taman­has blasfêmias.

E foi o próprio Jesus que nos aler­tou: — Pois muitos são chama­dos, mas poucos escolhidos.

No Dia todos serão chama­dos a prestarem con­tas dos seus atos.

Essa a certeza que nos ori­enta a nossa fé.

Até lá, salve­mos Deus do inferno eleitoral.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.