AbdonMarinho - Brandão levanta âncora e desarma oposição.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Brandão lev­anta âncora e desarma oposição.


BRANDÃO LEV­ANTA ÂNCORA E DESARMA OPOSIÇÃO.

Por Abdon C. Mar­inho.

TEM algum tempo que não con­verso sobre política. Muito emb­ora seja um assunto que goste, para preser­var min­has amizades, decidi que o mel­hor era não falar sobre o tema.

Imag­ine que vive­mos em pleno século XXI, mas se você expõe o que pensa já corre o risco de romper uma amizade ou de virar inimigo de alguém que lhe é caro.

Como gosto de escr­ever, coloco no papel o que penso – muitas das vezes nem pub­lico –, ainda assim, vez ou outra, a “patrulha ide­ológ­ica” se zanga.

Diante disso, ape­nas escrevo e não obrigo ninguém a lê, se algum amigo, pes­soal­mente, puxa assunto sobre política descon­verso, olho para o tempo e indago: — será que vai chover?

Os mais próx­i­mos já sabem que estou descon­fortável com o papo.

Há alguns dias – cerca de um mês ou mais –, com um dos rarís­si­mos ami­gos que trato de política e que tem inter­esse em saber o que penso, con­cor­dando ou não, fui inda­gado sobre o que achava da per­for­mance do atual gov­er­nador e can­didato à reeleição (parece-​me que ele é ali­ado de “primeira hora” do mesmo).

Com a fran­queza dis­pen­sada só aos ami­gos mais chega­dos, disse-​lhe o que sem­pre digo: — olha, meu amigo, gov­erno é gov­erno e só tem três coisas na vida que se deve respeitar: a cheia dos rios, gov­erno e p … duro.

E contei-​lhe, nova­mente, a antiga história de Cizino.

Mas fiz-​lhe uma ressalva rela­cionada ao quadro político, dizendo que muito emb­ora não con­hecesse os detal­hes da cam­panha eleitoral de reeleição do gov­er­nador, era-​me claro que ela pos­suía um “cal­can­har de Aquiles”, à vista de todos: a crise no sis­tema de ferry-​boat que faz a trav­es­sia para Baix­ada Maran­hense e para a região do alto Turi.

Ora, toda a pop­u­lação da região da baix­ada e dos municí­pios do Alto-​Turi a par­tir do Municí­pio de Zé Doca se desloca para a cap­i­tal, pref­er­en­cial­mente, pelo ferry-​boat, esta­mos falando, segu­ra­mente de quase um terço do eleitorado maran­hense – ou mais.

O sis­tema de ferry-​boat que já vinha fun­cio­nando pre­cari­a­mente há quase uma década, parece que só estava esperando o atual gov­er­nador assumir para entrar em colapso.

Con­forme já escrevi out­ras vezes con­heço o sis­tema há mais de vinte anos, se brin­car, depois de tanto tempo sou capaz de recon­hecer cada curva que o ferry-​boat faz na ida para Cujupe e na volta para Ponta da Espera, com um pouco mais de treino, até seria capaz de pilotar uma dessas embar­cações.

Dizia a este amigo que por mais que a cam­panha do gov­er­nador se esforçasse não havia boa von­tade no mundo que mel­ho­rasse o humor dos mil­hares de eleitores que diari­a­mente pre­cisam atrav­es­sar nos dois sen­ti­dos com eles (esses eleitores) tendo que ficar horas e horas nas filas de espera aguardando para atrav­es­sar e, pior que isso, ficando inco­mu­nicáveis, uma vez que dos lados da baía não se tem sis­tema de tele­fo­nia móvel ou inter­net.

Aos “eleitores” restavam um pro­grama: fil­mar o caos e falar mal do gov­erno.

Falavam mal do gov­erno antes de sair de suas cidades, durante a viagem, no des­tino e durante a volta e nova­mente nas suas cidades. Vamos com­bi­nar, não tem mar­ket­ing no mundo que resista a isso.

Aos baix­adeiros dos municí­pios de Cen­tral, Mir­in­zal, Cedral, Bacuri, Curu­rupu, Guimarães, Ser­rano, Porto Rico do Maran­hão, Apicum-​Açu, uma dupla frus­tração, justo no momento que começavam a des­fru­tar de uma diminuição do per­curso para cap­i­tal de quase 100 quilômet­ros, por conta da ponte Bequimão-​Central do Maran­hão, tin­ham que aumen­tar ainda mais as dis­tân­cias de deslo­ca­mento.

Dizia, este caos fun­ciona como uma âncora con­tra a cam­panha do can­didato ao gov­erno que pleit­eia a reeleição.

Tanto assim que a oposição explorou a situ­ação com muito afinco – e nem era necessário pois o caos falava por si –, toda hora era notí­cia das filas inter­mináveis no Cujupe ou na Ponta da Espera; dos “ferry’s” apre­sen­tando defeitos, da demora da trav­es­sia, e até, alguns mais agouren­tos, predi­zendo uma tragé­dia a qual­quer momento.

Em mais de vinte anos, não lem­brava de um momento – talvez só lá pelos anos noventa –, em que a venda de pas­sagens de ferry-​boat tenha sido sus­pensa e está­va­mos vivendo tal situ­ação às vésperas das eleições, com os cidadãos/​eleitores tendo que amar­gar até doze horas na fila de espera, com fome, sem comu­ni­cação ou optar por rodar mais de uma cen­tena de quilômet­ros para fugir de tal humil­hação e, às vezes, com ape­nas uma embar­cação fazendo a trav­es­sia.

Pior mesmo, só a situ­ação dos enfer­mos, pes­soas com con­sul­tas, exames urgentes, etc.

A trav­es­sia tornou-​se uma “oper­ação de guerra”. Uns chegavam em um dos lados ale­gando supostas prefer­ên­cias, tais como médi­cos, enfer­meiros, agentes de segu­rança em serviço e out­ras funções; out­ros ten­tavam todo tipo de jeit­inho para con­seguir atrav­es­sar.

Disse, certa vez, que a maior autori­dade do estado era aquela que con­seguia uma vaga para fugir da fila de espera e con­seguir atrav­es­sar.

As infor­mações que me chegaram era que para se con­seguir atrav­es­sar sem ficar na fila ao “Deus dará” estava mais “com­plexo” que uma oper­ação para com­prar dro­gas, era pre­ciso falar com alguém que con­hecia outro alguém que tinha um amigo que era primo de fulano que pode­ria ten­tar colo­car o cidadão na fila de pri­or­i­dades.

Quando soube da sus­pen­são da venda de pas­sagens resolvi aguardar a situ­ação nor­malizar para voltar a via­jar.

Até que surgiu uma neces­si­dade de ir a Bequimão. Um bom cliente me pediu: — Abdon, tens que ir a Bequimão dia 2208.

O pedido feito na sem­ana ante­rior e já com outra viagem agen­dada para a segunda-​feira seguinte, dia 29/​08, para Luis Domingues.

No final da tarde de domingo, 21, a resposta: nen­hum dos con­tatos con­seguira a son­hada pas­sagem.

Avi­sei ao cliente que não pode­ria ir. Você ir a Bequimão por terra, ficando o municí­pio do outro lado da Baía de São Mar­cos, é algo que não faz sen­tido.

Para a viagem do dia 29, tam­bém inadiável, já fui preparado psi­co­logi­ca­mente: se não con­seguir com uma pri­or­i­dade, já volto pelo Mara­canã e pego a estrada rumo a Caru­ta­pera e Luís Domingues.

Já deixei pre­venidos os cole­gas de viagem: seria uma aven­tura.

Para nossa sur­presa, talvez dev­ido às muitas desistên­cias, em plena segunda-​feira, con­seguimos embar­car sem maiores per­calços.

Em Luis Domingues, no dia 30 ou 31, fomos avisa­dos por um amigo que o sis­tema de ferry-​boat havia voltado ao nor­mal, ou mel­hor, que estaria mel­hor que o nor­mal, pois já tinha embar­cação para a trav­es­sia de hora em hora.

Em Bequimão – final­mente, con­segui ir aten­der ao cliente –, pro­curei saber como estava a trav­es­sia já que ten­taria retornar no fim do dia ou quando des­ocu­passe dos com­pro­mis­sos.

Um cidadão que estava na sala respon­deu: — ah, doutor, “tá bom demais”, agora toda hora tem ferry, ontem quando voltei de São Luís até estran­hei um certo barulho, pare­cia umas pan­elas de pressão fer­vendo, mas quando virei para o lado para vê do que se tratava era só uma “ruma” de paraenses con­ver­sando.

Ri do chiste e já fiquei mais con­tente com a pos­si­bil­i­dade de não ter que ficar na fila por inter­mináveis horas.

Ter­mi­nada a “mis­são” em Bequimão pelo horário do almoço, só peg­amos a “bóia” no Brisamar e fomos para Cujupe. Cheg­amos a tempo de pegar a embar­cação das 14 horas, como não tinha fila de espera, já nos dirigi­mos para o ponto de embar­que, o que con­seguimos fazer sem maiores difi­cul­dades.

No ter­mi­nal do Cujupe, onde fomos pegar umas infor­mações sobre o embar­que, ouvi­mos elo­gios ao fim das lon­gas filas.

Emb­ora o ferry-​boat tenha atrasado um pouco, cheg­amos em casa bem antes do horário que tín­hamos imag­i­nado chegar.

Como disse ante­ri­or­mente não con­heço a cam­panha do atual gov­er­nador e por quais “per­rengues” passa, mas, pelo menos uma âncora pesada con­seguiu “lev­an­tar” e de “que­bra” ainda “desar­mou” os opos­i­tores, que pas­saram a recla­mar dos “con­ges­tion­a­mento” de ferry’s nos dois lados da baía.

É, como já dizia Cizino: “gov­erno é governo”.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.