BARUSCO E A CADELINHA DE MAGRI.
Por muitos anos haverei de lembrar a tarde em que o senhor Pedro Barusco, diante da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, da Câmara dos Deputados, revelou as entranhas da corrupção institucionalizada a partir de 2003, que o fez, ele, o sub do sub, a amealhar, sozinho, quase CEM MILHÕES DE DÓLARES (US$ 97 milhões), para ser exato. As imagens, falas de lembranças daquela tarde, decerto, não irão se dissipar pelo tempo que ainda me restar neste vale de lágrimas.
Começo esse texto numa clara tentativa de fazer um plágio do início da monumental obra de realismo fantástico CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel Garcia Marquez. Minha ideia é mostrar o quanto o Brasil se tornou um país surreal. O texto até poderia chamar-se “Cem milhões de dólares de solidão”. Pedro Barusco disse isso: a infelicidade que causou esse roubo.
A corrupção tornou-se tão “cultural, como diria o nosso ministro da justiça e, em última instância, o responsável por toda investigação no país, inclusive a do roubo dos recursos públicos, que poucos jornalistas e analistas políticos deram a devida importância ao que ocorria naquela sala de interrogatório, as palavras dos interrogados, o comportamento dos interrogadores, a posição do partido do governo diante da verdade cortante das palavras proferidas.
O que me vem a memória, desde a redemocratização do Brasil, em 1985, é que poucos depoentes compareceram diante de uma CPI com tanta vontade de falar o que sabia quanto o senhor Barusco. Dava para perceber que ele sentia um certo alívio, como se lhe retirasse um peso da costas toda vez expunha sua participação no esquema de roubo que sangrou a Petrobras e o povo brasileiro.
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