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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

IGNORÂNCIA OU MÁ-FÉ.
Não conheço o ex-presidente José Sarney. Nunca estive com ele, e, sequer, já frequentamos o mesmo ambiente simultaneamente. Quem o conhece diz ser pessoa de inteligência acima da média, muito arguto. Tido por gênio na política, como diz no linguajar próprio dos políticos, uma raposa felpuda. 
Outro dia passei os olhos em um dos seus artigos publicado na capa do jornal “O Estado do Maranhão”, aos domingos. O artigo intitulado “O Maranhão engata a marcha a ré”, trata do fechamento e/ou redução da produção das empresas do setor metalúrgico no estado. Poderia ficar nisso, e estaria de bom tamanho, a demissão de inúmeros pais de família rende muitos textos, se não preferisse aproveitar para tirar uma “casquinha” política, atribuindo, ianque que indiretamente e nas entrelinhas do texto, tal responsabilidade ao governador Flavio Dino, empossado há menos de cem dias no comando do Maranhão. 
As assertivas do ex-presidente, por revelar ignorância ou má-fé, me fez pensar se estão certos o que o julgam ser dotado de super inteligência e de um espirito público ou se se trata de um falso sábio na terra de ignorantes que se tornou o Brasil. 
O governo do Sr. Flávio Dino, decerto que tem seus equívocos – muitos dos quais passam ao largo da propaganda oficial e sobre os quais falaremos noutra oportunidade –, mas a ele, com pouco mais de cem dias, não pode ser atribuída a responsabilidade pelo fechamento de postos de trabalhos nas empresas de metalurgia a que se refere o artigo do ex-presidente. Uma empresa não quebra em três ou quatro meses, ainda que o fosse interesse do governo quebrar as empresas, colocar o estado em marcha a ré, não teria como fazê-lo. 
Atribuir ao governador essa responsabilidade, no momento, ou é fruto de ignorância ou de má-fé. Até porque, umas das causas desta situação é a desvalorização do metal no mercado internacional, seja pela retração de algumas economias, seja pela produção, a preços mais competitivos, noutros mercados. O governo do Maranhão não tem qualquer influência sobre isso. 
A cobrança do senador, reforçada pela cobrança de parentes, aderentes, aliados políticos e bajuladores de todos naipes, nos parlamentos federal e estadual, bem como, nos programas eleitorais gratuitos, nos meios de comunicação, nada mais são que tentativas de lançar cortinas de fumaça sobre as verdadeiras causas dos nossos problemas.
O senador que na falta do que fazer, opina até sobre queda de árvore – embora revelando desconhecer as razões da sua queda – não é capaz de enxergar que, o que sempre esteve errado na economia maranhense foi o modelo de desenvolvimento imposto. Uma economia não tem como se sustentar, se o seu papel é apenas funcionar como canal de exportação das manufaturas. 
Será que o senador, após sessenta anos de vida pública, cinquenta dos quais mandando e desmandando no Maranhão, nunca se deu conta que o modelo estava errado? Que os os enclaves econômicos embora servissem como propaganda e até para elevar o PIB interno ou para dizer que o éramos a 16ª economia do país, não passava de uma ilusão? Se nunca soube disso, retiro a má-fé.
Tomemos por exemplo o alumínio. Se temos uma indústria como ALUMAR no nosso território era para termos dezenas de outras indústrias secundárias produzindo produtos em alumínio que, diga-se de passagem, serve para produzir tudo, desde peças de avião, a cadeiras, abajures, peças de decoração, etc. Acho que temos nem uma indústria de caçarola por aqui. 
A mesma coisa acontece com o ferro. Por aqui fica apenas o pó do minério e o barulho do trem. Não temos indústrias em solo estadual que faça a transformação do metal, agregue valor e gere empregos e renda para a população maranhense. 
Até a produção agrícola, em torno de 4,5% (quatro e meio por cento), é vítima desde modelo: toda exportada "in natura" para ser processada noutros mercados e voltar ao Maranhão (a parte que volta) bem mais cara. 
Todos esses produtos poderiam – se tivéssemos feito o dever de casa no passado –, ser transformados aqui, em indústrias locais que desenvolvesse o Estado. Ainda que não fosse toda manufatura, ainda que fosse transformada só a metade, um terço, ou uma pequena parte, teríamos um Maranhão melhor.
O Maranhão, pelos equívocos de suas políticas de desenvolvimento, tornou-se um corredor de exportação de manufaturas, que sofre o custo adicional da política nacional de desoneração das exportações. 
Os equívocos deste modelo de desenvolvimento foram cometidos lá atrás, quando permitiram a instalação dos enclaves econômicos no nosso estado sem as contrapartidas que significassem geração de riquezas, de renda e empregos para os maranhenses. 
O Maranhão não perdeu só esses mil empregos que reclamam agora, perdeu milhares, o estado perdeu foi a possibilidade de possuir pleno emprego para sua população, de se desenvolver, de possuir um PIB que efetivamente significasse riqueza para o povo. 
Os que reclamam que a empresa A ou B está fechando, que o estado está perdendo 500 ou 600 empregos, deveriam se perguntar do que serviu tantos incentivos fiscais, subsídios, terrenos e outras vantagens fornecidas a esses enclaves econômicos durante décadas. Deveriam ter a convicção que ao apontar o indicador ao atual governo tem outros três dedos apontando de volta para si.
Por uma questão justiça essa conta não pode e não deve ser cobrada do Sr. Flávio Dino. Não ainda. (texto sem revisão).
Abdon Marinho é advogado.