AbdonMarinho - BOM JARDIM E MORROS: A DIFERENÇA É O COMPROMISSO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

BOM JARDIM E MOR­ROS: A DIFER­ENÇA É O COMPROMISSO.

BOM JARDIM E MOR­ROS: A DIFER­ENÇA É O COMPROMISSO.

Cos­tumo chegar no escritório por volta das 7 horas (as vezes antes disso). Nesta terça-​feira, ao chegar observo a movi­men­tação de uma equipe da tele­visão mirante em frente ao pré­dio do Min­istério Público Estad­ual. Entro no escritório e a curiosi­dade me faz ligar a tele­visão para saber do que se tratava. Con­tin­uei com a tele­visão lig­ada para ver o Bom Dia Brasil quando sou sur­preen­dido com uma matéria mostrando a grave, a caótica situ­ação do Municí­pio de Bom Jardim no que se ref­ere à educação.

Em que pese as enormes difi­cul­dades com a exten­são ter­ri­to­r­ial de Bom Jardim (sei disso porque asses­sorei por oito anos a gestão ante­rior), a real­i­dade é que houve uma total descon­tinuidade das políti­cas que estavam sendo imple­men­tadas, com a val­oriza­ção do mag­istério, ele­vação do IDHM, que saiu de 0,332 em 2000, para 0,538 em 2010.

A par­tir de 2013 houve uma dete­ri­o­ração na admin­is­tração pública em diver­sos setores, com a pop­u­lação – tanto na edu­cação quando da saúde –, sendo obri­gada a procu­rar o atendi­mento nos municí­pios viz­in­hos. O sul sendo aten­dido por Buritic­upu e Bom Jesus das Sel­vas e a parte do norte, por Santa Inês, Monção e Zé Doca.

Os efeitos destes equívo­cos serão sen­ti­dos com mais inten­si­dade nos anos que virão.

O Municí­pio de Bom Jardim, com 40.305 habi­tantes, segundo esti­ma­tiva do IBGE, pos­sui uma econo­mia forte, a baixa den­si­dade pop­u­la­cional (5,93 hab/​km) favorece ao desen­volvi­mento da agropecuária.

O que vemos anda na con­tramão do que se esper­ava, com os escân­da­los se suce­dendo, a guerra política, as denún­cias, como as assis­ti­das hoje por todo o Brasil, pas­saram a ser uma lamen­tável rotina.

Em carta aberta, dis­tribuída nas redes soci­ais, são refu­tadas pela prefeita as afir­mações da reportagem. Não cabe aqui tecer aqui juízo de valor sofre as afir­mações da prefeita. Cabe às autori­dades apu­rar o que foi relatado na matéria quanto a existên­cia ou não de crimes e quem os prati­cou, levando-​os a respon­der nas instân­cias competentes.

Esco­las fun­cio­nando em taperas, latadas de palha e chão batido, ou fun­cio­nando em alpen­dres de residên­cias par­tic­u­lares, con­forme mostradas na reportagem, diante dos mon­tantes relata­dos como investi­dos no setor, rev­e­lam, no mín­imo, a falta de com­pro­misso da gestão.

Ainda que seja inocente das graves acusações que lhe são imputadas, o com­por­ta­mento da prefeita – e isso é mostrado em suas próprias posta­gens nas redes soci­ais – rev­e­lam uma injus­ti­ficável despre­ocu­pação com a situ­ação dos seus administrados.

No último domingo, 16/​08, estive na zona rural do Municí­pio de Mor­ros, fui lá, a con­vite da prefeita, para inau­gu­ração de um Polo Edu­ca­cional Rural que conta com lab­o­ratório de infor­mática equipado com 10 com­puta­dores conec­ta­dos à inter­net banda-​larga, e disponi­bi­liza rede Wi-​Fi em um raio de 200m; o Polo conta ainda com bib­lioteca, refeitório, sec­re­taria, sala de pro­fes­sores, 06 salas de aula e tem capaci­dade para aten­der mais de 500 estudantes.

Já é o quinto polo edu­ca­cional con­struído na atual gestão com recur­sos próprios do municí­pio. O sexto, o primeiro com recur­sos do gov­erno fed­eral, será inau­gu­rado em novem­bro. A mel­hor ini­cia­tiva para aten­der quase 245 comu­nidades espal­hadas em um municí­pio em que o trans­porte só per­mi­tido com veícu­los traçados.

Com quase metade da pop­u­lação de Bom Jardim (18.747 habi­tantes) o Municí­pio de Mor­ros, ape­sar do IDHM 0,548, é um dos mais pobres.

O solo da região não favorece a agri­cul­tura, exceto a de sub­sistên­cia. O tur­ismo ainda exi­girá muito inves­ti­mento para se tornar uma ativi­dade econômica deter­mi­nante do desenvolvimento.

A esti­ma­tiva dos recur­sos do Fun­def cor­re­sponde, tam­bém, a metade dos perce­bidos pelo Municí­pio de Bom Jardim, visto cal­cu­lada sobre o número de alunos.

Claro que muito ainda pre­cisa ser feito para resolver o prob­lema edu­ca­cional de Mor­ros, mais polos, mais tec­nolo­gia, mais bib­liote­cas. Entre­tanto, difer­ente de Bom Jardim, percebe-​se ini­cia­ti­vas neste sen­tido. O municí­pio con­seguiu econ­o­mizar recur­sos para con­struir esco­las e garan­tir uma edu­cação de mais qual­i­dade aos estu­dantes da zona rural. Todos os polos são do padrão do mostra­dos nas fotos.

A difer­ença é a existên­cia de com­pro­misso da gestão que não esperou pelo gov­erno fed­eral ou estad­ual para tomar a ini­cia­tiva de fazer algo.

As difi­cul­dades nos municí­pios brasileiros é uma real­i­dade. A crise econômica tem reduzido a capaci­dade de inves­ti­mento e exigido com­petên­cia dos gestores para con­seguir fechar as con­tas no fim de cada exercício.

A sociedade brasileira vem, ao longo dos anos, esque­cendo disso. Acha que para admin­is­trar qual­quer um serve. Um engano que faz com que todos paguem muito caro.

Além de com­petên­cia é necessário que o gestor tenha sen­si­bil­i­dade e com­pro­misso com a coisa pública. Estas são qual­i­dades que difer­en­ciam as gestões.

Tanto Bom Jardim quanto Mor­ros são admin­istra­dos por mul­heres. Ambos pade­cem em maior ou menor grau das mes­mas difi­cul­dades. Entre­tanto, emb­ora Mor­ros tenha uma econo­mia mais frágil, apre­senta, graças aos esforços de sua admin­is­tração, resul­ta­dos bem mais efe­tivos para toda a comunidade.

Abdon Mar­inho é advogado.