AbdonMarinho - Os brasileiros e o falso dilema.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 22 de Setem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Os brasileiros e o falso dilema.

OS BRASILEIROS E O FALSO DILEMA.

Por Abdon Marinho.

TRISTE Brasil. Os números não pode­riam ser-​nos mais cruéis. Na con­tramão do mundo o país não para de acu­mu­lar estatís­ti­cas superla­ti­vas em relação às víti­mas da pan­demia.

Em meio a tudo isso o povo brasileiro, parece-​nos, divi­dido entre dois tristes per­son­agens: um que é pres­i­dente mas não quer sê-​lo e um outro, o ex-​presidiário – que ben­e­fi­ci­ado por decisões gra­ciosas e na con­tramão da Justiça e do Dire­ito –, que não é mais quer ser, e até age como se fosse.

Como piada, pul­u­lam nas mais diver­sas mídias a ideia de que o brasileiro pre­cisa ser estu­dado. Não um estudo qual­quer: mas, sim, estu­dado pela NASA, a agên­cia espa­cial norte-​americana – na visão do brasileiro, a excelên­cia em matéria de ciên­cia.

Pois bem, na ver­dade, acred­ito que o brasileiro, ape­sar de vestir-​se de malan­dragem, de viver dando “jeit­inho”, posar eter­na­mente de “Macu­naíma”, o “herói” sem nen­hum caráter, é ape­nas ingênuo.

O brasileiro pensa que é “obri­gado” a votar no Bol­sonaro ou no Lula, que não há alter­na­tiva ao país que não esteja atre­ladas a estes dois seres: um, que den­tre tan­tos males podemos dizer é o respon­sável pela insti­tu­cional­iza­ção da cor­rupção e, diga-​se tam­bém, o “pai” da outra des­graça que acomete o país na atu­al­i­dade: o bol­sonar­ismo; o outro, a con­stante insta­bil­i­dade e a incom­petên­cia que joga o país no abismo.

O brasileiro pensa que existe muita difer­ença entre o lulismo e o bol­sonar­ismo, quando, na ver­dade, trata-​se ape­nas das duas faces da mesma moeda.

O brasileiro est­ufa o peito para dizer que o Lula é inocente, quando todos no país com mais de dois neurônios sabem que o Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, desafiando toda a lóg­ica do dire­ito anu­lou decisões judi­ci­ais tran­si­tadas em jul­gado, uti­lizando os mes­mos argu­men­tos já refu­ta­dos pelo mesmo tri­bunal mais de uma dezena de vezes.

O brasileiro, com orgulho, não cansa de dizer que o gov­erno Bol­sonaro é o mais hon­esto até hoje já insta­l­ado no Brasil.

E ele diz isso sem o con­strang­i­mento de teste­munhar o Walde­mar da Costa Neto recém-​saído da cadeia, con­de­nado que foi nos esque­mas do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, na primeira fila no Palá­cio do Planalto nas solenidades de nomeações dos seus indi­ca­dos para os min­istérios.

Para o brasileiro nada tem demais que o gov­erno tenha gasto mais de três bil­hões de reais no “con­venci­mento” dos par­la­mentares para que elegessem os can­didatos da prefer­ên­cia do presidente.

Tam­bém, para eles, é per­feita­mente nor­mal que o Walde­mar da Costa Neto, o Roberto Jef­fer­son, o Ciro Nogueira e todos os demais expoentes do “cen­trão” ditem as regras do gov­erno, indiquem min­istros e os mais altos exec­u­tivos do Poder Exec­u­tivo, ou os min­istros ou desem­bar­gadores dos tri­bunais superiores.

Para os brasileiros essa turma toda se regen­erou ou banhar-​se nas “águas do bol­sonar­ismo”, os rou­bos, as cor­rupções, os males havi­dos, as for­tu­nas feitas da “noite para o dia”, são ape­nas uma pál­ida lem­brança dos tem­pos do petismo.

Vejam que engraçado, a mesma turma, exceto pelos petis­tas, que “apron­tou todas” no gov­erno do PT e que, em grande parte é respon­sável, pela insti­tu­ição da cor­rupção no gov­er­nos do Lula e da Dilma/​Temer, está agora no gov­erno Bol­sonaro – man­dando –, mas, mila­gre, agora são todos hon­estos.

Aliás, a pre­sença do notório Walde­mar da Costa Neto na fila de honra da última solenidade do Planalto era para pres­ti­giar a posse da dep­utada Flávia Arruda (esposa do ex-​governador de Brasília, preso no cargo por cor­rupção), do seu par­tido, no “Min­istério da Emen­das”, que dev­e­ria ser o nome da Sec­re­taria de Governo.

A min­is­tra da emen­das ficará encar­regada de admin­is­trar, com as ver­bas públi­cas, a sus­ten­tação do gov­erno.

Mas, para os brasileiros, tudo está indo muito bem, obrigado.

Os brasileiros, esses ingên­uos, não sabem que as emen­das par­la­mentares são as novas “empre­it­eiras” dos tem­pos do lulopetismo.

O brasileiro é tão ingênuo que não se deu conta que vive­mos sob o régime par­la­men­tarista de gov­erno.

Pois é, sem con­sul­tar ninguém, sem plebisc­i­tos ou con­sulta pop­u­lar, os par­la­mentares brasileiros aprovaram o par­la­men­tarismo à brasileira e, pior – mel­hor para eles –, sem qual­quer respon­s­abil­i­dade.

Deu errado? A culpa é do outro.

Temos um suposto pres­i­dente que finge man­dar, que diz pos­suir a caneta bic com tinta, mas, na ver­dade, os negó­cios do gov­erno já são deci­di­dos pelos parlamentares.

Como assis­ti­mos recen­te­mente, o par­la­mento já dis­cute dire­ta­mente com o Min­istério da Econo­mia o quanto de verba do orça­mento será des­ti­nada para a “gestão” dos dep­uta­dos e senadores.

O último con­flito foi por conta da reserva de trinta bil­hões de reais para tal final­i­dade, o que, segundo o Min­istério da Econo­mia, deixará o Poder Exec­u­tivo ape­nas com ônus de “furar” o teto de gas­tos já que verba dos par­la­mentares têm caráter impos­i­tivo.

O suposto Poder Exec­u­tivo não pos­sui mais a pre­rrog­a­tiva do plane­ja­mento, ape­nas da exe­cução orça­men­tária deter­mi­nada pelos par­la­mentares para obras des­ti­nadas às suas bases; o cumpri­mento dos repasses con­sti­tu­cionais a esta­dos e municí­pios; a admin­is­tração da dívida pública e prev­i­den­ciária, os inves­ti­men­tos con­sti­tu­cionais em Saúde, Edu­cação, Assistên­cia Social.

O brasileiro, na sua ingenuidade, pensa que o Bol­sonaro manda, que o gov­erno é hon­esto, que o

Lula é inocente, que o Supremo guarda a Con­sti­tu­ição, que o Con­gresso Nacional se regen­erou, quando, na ver­dade, tudo con­tinua numa ver­são pio­rada do que sem­pre foi.

O brasileiro, metido a esperto e que agora toma café, almoça e janta falando de política, se achando “enten­dido” no assunto, na ver­dade não perce­beu que não passa de um “peão” ou “gado” sendo manip­u­lado pelos que se jul­gam, “donos da nação”.

Na defesa de suas toscas pau­tas igno­ram o que ver­dadeira­mente é impor­tante ao país e aos brasileiros, como a defesa da vida, o cresci­mento econômico, o emprego e renda dos cidadãos, uma pre­v­idên­cia social que lhes garanta dig­nidade na vel­hice.

Quem olha para o país sem se deixar con­t­a­m­i­nar por esse ide­ol­o­gismo rasteiro percebe, clara­mente, que o Brasil voltou a está­gio que se encon­trava no final dos anos oitenta e, pior, sem a esper­ança de que um futuro mel­hor nos aguarda.

O futuro é voltar ao lulopetis­timo, de triste lem­branças? O futuro é con­tin­uar com gov­erno desas­troso e desastrado coman­dado pelo cen­trão, com uma espé­cie Maria Antoni­eta no Planalto?

O Brasil pre­cisa romper com estes dois mod­e­los, que, como dito ante­ri­or­mente, são as duas faces da mesma moeda.

O mesmo mod­elo que escrav­iza a nação para garan­tir o con­forto e o lucro fácil dos donos do poder.

Não con­seguire­mos isso se con­tin­uar­mos a nos deixar levar pelos bobos meti­dos a enten­di­dos na política con­tin­uarem “dando as car­tas” para levarem a sociedade brasileira a escol­her entre as duas pro­postas que se apre­sen­tam como “prato-​feito” a ser servido à pat­uleia.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Comen­tários

0 #1 Amélia Soares 21-​04-​2021 17:12
Parabéns pelo exce­lente texto
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