AbdonMarinho - Às terças-feiras, José Reinaldo.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 22 de Setem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Às terças-​feiras, José Reinaldo.

ÀS TERÇAS-​FEIRAS, JOSÉ REINALDO.

Por Abdon Marinho.

NOS ÚLTI­MOS meses tenho cul­ti­vado um hábito. Às terças-​feiras, geral­mente antes de sair para tra­balho, me ocupo da leitura da col­una do ex-​governador José Reinaldo Tavares, no Jor­nal Pequeno.

Já na casa dos 80+, como dizem meus sobrin­hos e uma sen­hor­inha dos com­er­ci­ais, o ex-​governador con­tinua a con­tribuir com diver­sos assun­tos do inter­esse do Estado do Maran­hão e para a sociedade brasileira, de uma forma geral.

A con­stante pre­ocu­pação com os grandes pro­je­tos para o estado, como fer­rovias, rodovias, a explo­ração com­er­cial da Base de Alcân­tara e/​ou mesmo um novo porto naquele municí­pio, são temas recor­rentes das dis­cursões e ini­cia­ti­vas que o ex-​governador tem trazido para o debate local.

Como sem­pre fez – e por isso mesmo, por vezes incom­preen­dido a ponto de sofrer as con­se­quên­cias –, con­segue enx­er­gar muito à frente do seu tempo.

Foi assim quando, no seu gov­erno, ini­ciou – ou colo­cou em prática –, as obras do plano rodoviário estad­ual, começando pela parte mais difí­cil: as pontes, pon­til­hões e ele­va­dos.

Como os gov­er­nos seguintes – mesmo os ali­a­dos –, não deram sequên­cia as obras do plano rodoviário, aquele esforço e gasto, acabaram por serem explo­rados politi­ca­mente como um escân­dalo levando o ex-​governador a respon­der na justiça.

Ora, se as pontes, ele­va­dos e pas­sagens estavam prontas, caberia aos gov­er­nos seguintes con­struir as rodovias pas­sando por tais locais, como con­sta no plano rodoviário do estado.

Não fiz­eram. E a imagem das pontes e ele­va­dos sem seus com­ple­men­tos, lig­ando nada a coisa nen­huma, servindo de abrigo para ani­mais, ou até, mesmo, para mesas de bil­har e bares, gan­haram o mundo como sím­bolo de desvios de recur­sos públi­cos na visão dos lei­gos e dos maus inten­ciona­dos.

Com­preen­sível que o gov­erno Jack­son Lago não tenha dado con­tinuidade ao plano rodoviário ini­ci­ado por José Reinaldo pois não teve tempo para isso é desde o primeiro dia teve que “matar um leão por dia” e, assim mesmo, perdeu o mandato com pouco mais de dois anos da posse.

Dos gov­er­nos de Roseana Sar­ney não se pode­ria esperar que desse con­tinuidade pois fazia parte da nar­ra­tiva escan­dalizar a cor­rupção para jus­ti­ficar – e con­tin­uar jus­ti­f­i­cando –, o golpe que afas­tou Jack­son Lago do poder.

Difí­cil de com­preen­der é o com­por­ta­mento do atual gov­erno – pelo qual José Reinaldo tanto fez –, já avançando para o sétimo ano de gestão e já, já sentindo o bafo do suces­sor no can­gote, nada fez para levar em frente o plano rodoviário ini­ci­ado pelo ex-​governador, per­mitindo que aque­las caras obras de engen­haria se eternizem como mon­u­men­tos ao des­perdí­cio.

E, se nada fez para levar adi­ante o plano rodoviário estad­ual, é certo pri­or­i­zou obras de cunho eleitor­eiro e impacto ime­di­ato, bem como, as famosas “obras de morder”.

Abro um parên­tese para explicar o sig­nifi­cado de “obra de morder”.

Numa das min­has andanças pelo inte­rior, recla­mava com um morador pelo fato de deter­mi­nada rodovia se encon­trar sem­pre em manutenção e sem­pre em pés­si­mas condições. Foi aí que ele me veio com essa:

— Ah, doutor, essa é uma “obra de morder”.

Diante do meu olhar espan­tado, com aquela sim­pli­ci­dade de homem do campo, explicou:

—Essa, e out­ras obras, são feitas para nunca ter­mi­nar, pois todo gov­er­nante, secretário, empresário, as man­tém sem­pre em reparos para “morder” um pedaço da verba.

Não sei se é ver­dade, mas foi assim que me contaram.

Feita essa digressão, retorno.

Não faz muito tempo, um amigo me chamou atenção para a bru­tal falta de con­sid­er­ação do atual gov­erno com o ex-​governador, bem como, tam­bém, a falta de visão de Estado.

Dizia o amigo, sobre o assunto, que o gov­erno estad­ual cel­e­brara uma parce­ria com uma empresa para con­strução de uma rodovia entre dois municí­pios dos Lençóis Maran­henses e, ao invés de aproveitar a infraestru­tura de pontes quase toda pronta ainda no gov­erno José Reinaldo, preferiu ou aceitou que se fizessem a rodovia igno­rando o plano rodoviário e nas bor­das do Par­que dos Lençóis.

Talvez por conta disso ou por “cas­tigo” da parte de algum anjo que não tol­era os ingratos, a rodovia nem bem fora inau­gu­rada já apre­sen­tou infini­tos defeitos, sem con­tar que os ven­tos mais dia, menos dia, vai soter­rar a estrada.

Acred­ito que se tivessem feito a rodovia seguindo o plano rodoviário e aprovei­tando, pelo menos, parte da infraestru­tura lá dis­posta, isso não estivesse acon­te­cendo ou, se acon­te­cesse, seria muito mais demor­ado.

Como fez todas as vezes que o atual gov­erno, seus pre­pos­tos ou adu­ladores, o agrediu, de forma gra­tuita, sobre mais essa afronta, o ex-​governador nada disse e con­tin­uou – e con­tinua –, tra­bal­hando e dis­cutindo ideias pelo engrandec­i­mento do Maran­hão, inclu­sive em proveito destes governantes.

Arrisco dizer que com suas ideias e ini­cia­ti­vas, emb­ora sem mandato, o ex-​governador vem con­tribuindo muito mais com o Maran­hão do que uma dúzia de dep­uta­dos fed­erais, que sequer sabe­mos o nome e que ocu­pam os dias enri­cando as cus­tas dos cofres públi­cos.

Como vão pen­sar nos inter­esses do estado ou do país, se têm infini­tas con­tas de recur­sos de emen­das para faz­erem? Se os inter­esses pri­va­dos vêm antes do inter­esse público? Se pre­cisam fazer for­tu­nas para infini­tas ger­ações enquanto são “novinhos”?

Já no out­ono da vida, o entu­si­asmo de José Reinaldo pelo pro­gresso e desen­volvi­mento do Maran­hão, estam­pado nas suas col­u­nas sem­anais no Jor­nal Pequeno, é de quem vive o princí­pio da primavera.

Para demon­strar tanto fres­cor, acred­ito que ignore as infini­tas rasteiras e traições, sobre­tudo, daque­les por quem mais fez.

Parece-​me que a tudo isso trata com a clara certeza que de que tais mesquin­harias, assim como os homens, pas­sarão, ficarão como nódoas da história quando esta fizer a Justiça ver­dadeira, que até pode tar­dar, mas, cer­ta­mente, não fal­hará.

Nos últi­mos dias, sem perce­ber­mos, acabamos por teste­munhar tais reg­istros históricos.

Não faz muito tempo, acho que no auge da pan­demia, sem querer – e sem ser essa a intenção –, blogues locais acabaram por fazer um elo­gio indi­reto à vida pública do ex-​governador José Reinaldo.

Noti­cia­ram que ele, aquele homem que já foi quase tudo que quis na vida pública, secretário de obras, dep­utado fed­eral, min­istro de Estado, vice-​governador e gov­er­nador de estado, estava na fila em busca de crédito em uma dessas empre­sas finan­ceiras facil­i­ta­do­ras de emprés­ti­mos, que pelos juros cobra­dos se aprox­i­mam do mer­cado finan­ceiro infor­mal.

Pois é, enquanto vemos, hoje, dep­uta­dos ou ocu­pantes de out­ros car­gos, ficarem ricos, por ger­ações, em um mandato, lá estava um ex-​governador, ex-​ministro, ex-​secretário, ex-​deputado fed­eral, ex-​quase tudo que quis ser, na fila como qual­quer cidadão comum, como eu, você, ou seu João lá do Anjo da Guarda ou do Coroad­inho, nego­ciando um crédito para pagar as con­tas pes­soais e, com a mesma elegân­cia, dis­cutindo pro­je­tos bil­ionários que impactarão, pos­i­ti­va­mente, a vida e o futuro do estado e do país por ger­ações.

Não que a hon­esti­dade seja mérito, pelo con­trário, é dever. Entre­tanto, não é usual, diante do que assis­ti­mos na atu­al­i­dade, ver­mos ex autori­dades levando a vida como os comuns mor­tais.

Um outro reg­istro foi um feito por um xerim­babo do atual gov­erno.

Quando das for­mação das cha­pas para a dis­puta eleitoral deste ano na cap­i­tal e alguém ter sug­erido o nome do ex-​governador, a despeito de nada ter a dizer que o desabonasse, disse que ele seria “velho”.

Foi o que restou para falarem mal de José Reinaldo: a inevitável condição tem­po­ral, que mais dia menos dia, alcançará a todos nós. Isso é, aos que tiverem tal sorte.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Comen­tários

0 #1 abde­laziz 11-​10-​2020 15:23
Por isso mesmo foi meu can­didato a senador. Tam­bém leio às terças o que ele escreve (José Reinaldo)para aprender.
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