AbdonMarinho - ZÉ REINALDO E O PREÇO DA LIBERDADE.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 21 de Setem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

REINALDO E O PREÇO DA LIBERDADE.

ZÉ REINALDO E O PREÇO DA LIBER­DADE.

Por Abdon Marinho.

UMA DAS LEM­BRANÇAS daque­les dias e meses que ante­ced­eram as eleições de 2006 é de uma con­versa com o gov­er­nador José Reinaldo, na residên­cia de São Mar­cos. Fui lá com um sócio para aten­der algo que nos solic­i­tara. Bem humorado e seguro falava sobre a cam­panha eleitoral, da estraté­gia que arquite­tara para eleger seu suces­sor. Apos­tava mais na pos­si­bil­i­dade do ex-​ministro Edson Vidi­gal, recém aposen­tado do STJ, sair na frente dos demais inte­grantes do que chama­ram de “con­domínio de can­didatos” e dis­putar o segundo turno das eleições com a ex-​governadora Roseana Sar­ney. Já eu dizia-​lhe achar mais fácil o can­didato Jack­son Lago chegar na frente (como chegou) e expunha os motivos: pos­suía mais mil­itân­cia espal­hada pelo estado.

Foi naquela manhã que o ex-​governador disse uma frase que lem­bro como se fosse hoje: — vou lib­er­tar o Maranhão.

A questão da liber­dade, no sen­tido de alternân­cia política, era um mote que vinha sendo uti­lizado desde a cam­panha do ex-​governador Cafeteira em 1994. Antes mesmo daquela cam­panha seus ami­gos e apoiadores fiz­eram cir­cu­lar em mil­hares de car­ros um ade­sivo com ape­nas duas palavras, em letras gar­rafais: LIBER­DADE e MARAN­HÃO.

Duas palavras que sin­te­ti­zavam todo um sen­ti­mento de mil­hões de maran­henses.

Na cam­panha de 1994 foi o mote prin­ci­pal – prati­ca­mente o único.

Eram ade­sivos, pan­fle­tos e, prin­ci­pal­mente, a música de cam­panha que trazia na letra: “Liber­dade é o respeito pelo dire­ito, é a chama em nosso peito…”. Música, aliás, que já vinha de bem antes.

Acred­ito que, por conta disso, a frase do ex-​governador tenha tido tamanha ressonân­cia, a ponto de nunca tê-​la esque­cido: — vou lib­er­tar o Maranhão.

O gov­er­nador Zé Reinaldo cumpriu sua palavra.

Não ape­nas fez tudo que pôde para que a oposição ao grupo Sar­ney vencesse aque­las eleições de 2006, como tam­bém, aceitou o sac­ri­fí­cio que lhe impuseram em 2010 – quando apre­sen­taram 5 can­didatos de oposição para a dis­puta das duas vagas –, como em 2014 – quando em nome da unidade das oposições –, não fez questão e não impôs que fosse ele o can­didato a senador.

Eleitos os atu­ais donatários do poder, supor­tou até onde a dig­nidade lhe per­mi­tiu todos os desprestí­gios e humil­hações impostas por muitos dos que nada fiz­eram por causa alguma no Maran­hão, que não locupletarem-​se do poder.

Num der­radeiro apelo chegou a dizer que só não seria can­didato a senador do grupo se não o quisessem. Não quis­eram. A quem sem­pre cedeu em nome daquilo que prom­e­teu e se dis­pôs a fazer, impuseram condições e humilhações.

Mostraram-​lhe o cam­inho da porta e ele saiu.

Ape­sar de tudo nunca dis­pen­sou aos que lhe demon­straram tanto desapreço e descon­sid­er­ação out­ras palavras que não as de elo­gios. Sua grandeza não per­mite que seja difer­ente.

Por ami­gos comuns, soube que sua solitária cam­panha ao Senado da República – con­quista que pode­ria ter alcançado desde 2006, ou 2010, ou 2014 –, não ultra­passa as demais que estão postas, porque encon­tra difi­cul­dades mate­ri­ais para chegar a todos os can­tos do estado e assim con­seguir o voto livre das pes­soas de bem – que sabe­mos são a maio­ria dos cidadãos/​eleitores.

Tanto isso é ver­dade que fal­tando tão pouco tempo para o dia das eleições, o número de eleitores inde­cisos ou que não votam em nen­hum é supe­rior às man­i­fes­tações de votos do primeiro colo­cado. Todos estes migrariam para o Zé Reinaldo se tivessem a opor­tu­nidade de con­hecer suas pro­postas e história.

Mas são imen­sas suas difi­cul­dades, não tem aviões ou helicópteros à dis­posição ou o din­heiro que têm os demais – sabe-​se lá Deus con­seguido às cus­tas do quê –, para “con­quis­tar” tan­tos quan­tos apoios necessários à difusão de sua can­di­datura.

Resta-​lhe, tão somente a sua história, e o muito que fez. O que para vida é sufi­ciente, mas para política dos nos­sos dias, resta insu­fi­ciente.

Enquanto isso, out­ros, com estru­turas mon­u­men­tais e poder, vão se impondo pela força do pode­rio político-​econômico, querendo gan­har a eleição no “abafa”.

Ao ex-​governador resta o apoio sin­cero dos homens e mul­heres de bem que recon­hecem tudo que ele fez.

É assim que enx­ergo esse movi­mento supra­partidário que tem hipotecado apoio à can­di­datura de Zé Reinaldo: como um movi­mento dos cidadãos de bem que recon­hecem o papel deste grande maran­hense, e que, sem qual­quer temor, enfrentam as estru­turas mon­tadas, para apoiá-​lo. Pes­soas como D. Clay Lago, esposa do ex-​governador Jack­son Lago, como os ex-​prefeitos Chico Leitoa e Léo Costa, como Aziz San­tos e tan­tos out­ros que deixo de citar para evi­tar come­ter a injustiça do esquec­i­mento.

Ape­sar de tanto tra­balho e desprendi­mento, pelos dados das últi­mas pesquisas, temo que estes esforços, ainda, não sejam sufi­cientes para impedir o Maran­hão car­regar, para todo o sem­pre, a des­onra de não de não recon­hecer o imenso papel do ex-​governador Zé Reinaldo para sua história política, retribuindo-​lhe com um mandato de senador para que possa bem rep­re­sen­tar o estado. O que será uma pena.

Pior que isso, só mesmo o papel que a história reser­vará aos ingratos, aque­les pobres de espírito, que não recon­hecem tudo que o sac­ri­fí­cio de um único homem foi capaz de lhes pro­por­cionar. Estes terão o resto de suas vidas para con­viver com a des­onra da ingratidão. Que ten­ham uma vida longa.

Não, hoje não falare­mos destes ingratos e/​ou traidores, nem para citar-​lhes os nomes, a história e a con­sciên­cia de cada um se encar­regará disso.

O certo é que Zé Reinaldo cumpriu sua promessa. Ponto. E, eles?

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Comen­tários

0 #2 Abde­laziz Aboud Sant 23-​09-​2018 23:38
Ape­nas para dizer que estou hon­rado com a menção do meu nome no seu artigo. Obrigado.
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0 #1 Abde­laziz Aboud Sant 23-​09-​2018 23:36
Ape­nas para dizer que estou hon­rado com a menção do meu nome no seu artigo. Obrigado
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