A REFORMA POLÍTICA, PARTE UM.
Segundo informa a mídia o Congresso Nacional começará a debater a reforma política nos próximos dias, na terça e quarta, que é o dia em que os parlamentares aparecem por Brasília. Infelizmente essa não é a reforma política que Brasil precisa e anseia, parece-me tão somente a reforma que os políticos desejam. Pelo que tenho lido a tal da reforma deverá limitar-se-á ao financiamento público de campanhas, a um tipo de votação em listas e uma janela que permitirá os políticos mudarem de partido.
Pior que a discussão dessa reforma pífia é ver entidades que já prestaram relevantes serviços ao país virem a público defender esse tipo de vergonha, esse engodo que visa unicamente solapar o que resta da democracia brasileira.
Li que o presidente da UNE teria declarado numa manifestação sobre essa vergonha: “A UNE defende o financiamento público de campanha, pois os estudantes entendem que só assim combateremos a corrupção. Só com o financiamento público e democrático das campanhas, corrigiremos as distorções no atual sistema de doações eleitorais, que privilegiam somente o poder econômico, permitem vícios e interesses escusos”, afirmou o presidente da UNE. Trata-se de uma declaração ingênua, um eufemismo para o que deveria chamar de estúpida. Quer dizer que a UNE acha que dando o nosso dinheiro aos políticos para que façam suas campanhas eles deixarão de ser corruptos? É isso? Porque ao invés de propor dar o nosso o dinheiro não saem às ruas exigindo que cada partido só gaste determinado valor com suas campanhas, sendo esse valor apenas o suficiente para cobrir os gastos espartanos de uma campanha? Porque não limitar a arrecadação a pessoa física estipulando um valor nominal por eleitor e não um percentual da renda? O que garante aos iluminados da UNE que os políticos irão receber o nosso dinheiro suado para fazer os campanhas e não irão ao mesmo tempo fazer seus caixas paralelos, enes caixas? Não soa ingênuo?
Não acredito mais ingenuidade, a defesa que fazem em \"nome dos estudante\" esconde o interesse nefasto de muitos espertalhões da política brasileira, muitos que acreditam numa política que alijam a participação popular, que mantém o povo eternamente escravizado. Melhor seria se gastassem suas energia defendendo uma educação de qualidade que efetivamente educasse povo. Mas isso não interessa, ninguém quer mesmo estudar.
Não seria totalmente contra esse modelo de financiamento público de campanha se isso fosse uma garantia de eleições limpas, o que não é, o que sou mais contra é a desculpa esfarrapada de que com isso não haverá corrupção na política. O que nos garante isso? Nada. Desde sempre é proibido a compra de voto e desde sempre se compra voto. Até o candidato a vereador mais miserável, tira uma galinha do quintal e que deveria alimentar sua família a troca pelo voto do vizinho. Logo o argumento é furado.
O outro ponto da reforma que tentarão no empurrar é a votação em listas. Os partidos colocam seus candidatos e nós seremos chamados para votar naquelas listas pré-ordenadas. Dizem que serão listas flexíveis onde poderemos fazer subir algum candidato que esteja lá embaixo na lista, depois, claro, de garantirmos a eleição dos favoritos acima.
Vejam como são bonzinhos: primeiro querem que paguemos para votar depois escolherão por nós. Fico emocionado com isso.
Acho que todos nós, até os mais estúpidos sabem o que são os partidos brasileiros. Que a sua organicidade se resume a vontade dos chefetes políticos, basicamente existem dentro de pastas. Com a votação em listas o que teremos é políticos comprando suas vagas nos topos das listas. O que teremos são listas compostas pela parentela dos donos do partido, isso em todas as instâncias partidárias, de vereadores, a deputados federais e senadores. Se hoje já impera o \"filhotismo\" político onde são agraciados filhos, genros, esposas, amantes e tudo mais dos políticos esperem para ver como ficará com as tais listas defendidas por tantos que se dizem pessoas de bem. Esperem para ver.
O terceiro item da suposta reforma serve para desmascarar os antecessores, trata-se de uma janela que permitirá os políticos que se elegeram por determinado partido mudar para outro sem perder o mandato. Tratar-se da legitimação da bandalha. O jogo das conveniências que sempre fizeram. Trata-se de uma reforma política que, mais uma vez, só atende aos interesses dos políticos e dos seus asseclas de sempre, aqueles que gravitam em torno do poder recebendo um cargo aqui outro ali, que acham moderno fazer militância política remunerada.
No próximo post falarei da reforma política que defendo desde o ano de 1996. Veremos se é merecedora de consideração depois de tanto tempo.